Explique o significado da ideia de imaginação sociológica e qual seria a importância de utilizá-la

Matemática, 15.08.2019 04:23, julliagatinhappan90k

Luciana fez uma lista com todos os números inteiros de 1 até 2019, inclusive. em seguida, dessa lista, luciana sublinhou de verde os múltiplos de 2, de amarelo os múltiplos de 3 e de azul os múltiplos de 4. observe que após luciana completar essa atividade, encontramos números que não foram sublinhados, encontramos números que foram sublinhados exatamente uma vez, números que foram sublinhados exatamente duas vezes e encontramos números que foram sublinhados exatamente três vezes. diga a quantidade de números da lista de luciana que foram sublinhados exatamente duas vezes.

Total de respostas: 3

2 - Explique o significado da ideia de imaginação sociológica e qual seria a importância de utilizá-la?

Para explicar a importância da Sociologia, segundo Charles Wright Mills esta ciência representa uma qualidade do espírito humano que nos ajuda a perceber com lucidez o que está ocorrendo no mundo e como nos situamos neste mundo. Ele dá o exemplo simples do desemprego: quando em uma cidade de milhares de habitantes, somente um indivíduo está desempregado, isto é um problema pessoal deste indivíduo. Para resolver este problema, talvez deva-se observar o caráter dessa pessoa, suas habilidades e suas oportunidades. Porém, quando temos 15 milhões de desempregados num país de 50 milhões de trabalhadores, isto já não é um problema de caráter ou de habilidades, mas um problema público, que tem a ver com uma estrutura e com um certo funcionamento da sociedade. O que Mills está nos dizendo é uma questão simples e que serve para repensar nossas vidas, ou seja, aquilo que experimentamos em vários e específicos ambientes cotidianos - como desemprego - muitas vezes é influenciado pelas modificações culturais, econômicas ou outras de caráter mais geral, que ocorrem nas sociedades.



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Explique o significado da ideia de imaginação sociológica e qual seria a importância de utilizá-la
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Leituras de aprofundamento para o professor:

ARAÚJO, Ana Valéria et ali. Povos Indígenas e a Lei dos "Brancos": o direito à diferença. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.

BANIWA, Gersem dos Santos Luciano. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.

XI - Gabaritos das Subseções Revendo o capítulo e Verificando o seu conhecimento

GABARITO DO REVENDO O CAPÍTULO

CAPÍTULO 1 - SOCIOLOGIA: DIALOGANDO COM VOCÊ

1 - Como pode ser definida a Sociologia?

Sinteticamente, é o estudo das relações que os indivíduos estabelecem entre eles e a natureza, gerando normas de comportamento, atitudes, formação de grupos e elaboração de ideias sobre os mesmos grupos.



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2 - Explique o significado da ideia de imaginação sociológica e qual seria a importância de utilizá-la?

Para explicar a importância da Sociologia, segundo Charles Wright Mills esta ciência representa uma qualidade do espírito humano que nos ajuda a perceber com lucidez o que está ocorrendo no mundo e como nos situamos neste mundo. Ele dá o exemplo simples do desemprego: quando em uma cidade de milhares de habitantes, somente um indivíduo está desempregado, isto é um problema pessoal deste indivíduo. Para resolver este problema, talvez deva-se observar o caráter dessa pessoa, suas habilidades e suas oportunidades. Porém, quando temos 15 milhões de desempregados num país de 50 milhões de trabalhadores, isto já não é um problema de caráter ou de habilidades, mas um problema público, que tem a ver com uma estrutura e com um certo funcionamento da sociedade. O que Mills está nos dizendo é uma questão simples e que serve para repensar nossas vidas, ou seja, aquilo que experimentamos em vários e específicos ambientes cotidianos - como desemprego - muitas vezes é influenciado pelas modificações culturais, econômicas ou outras de caráter mais geral, que ocorrem nas sociedades.



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3 - Diferencie senso comum e Sociologia.

O senso comum se caracteriza por opiniões pessoais, generalizantes. Ou seja, julgam-se coisas ou fatos específicos como se fossem coisas ou fatos universais. Enfim, falsas certezas sem fundamentação científica, como por exemplo, "todo bandido é favelado", "todo político é corrupto", "o povo brasileiro é preguiçoso" etc. Ao contrário do senso comum, a atitude científica sobre as interpretações do comportamento humano e das relações sociais entre indivíduos é expressa nas Ciências Sociais (Antropologia, Ciência Política e Sociologia).

CAPÍTULO 2 - "QUEM SABE FAZ A HORA E NÃO ESPERA ACONTECER?" A SOCIALIZAÇÃO DOS INDIVÍDUOS




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1 - O que significa socialização?

É o processo no qual aquilo que nós somos é o que aprendemos na convivência com outros seres humanos, com base em valores, ideias, atitudes e fazeres comuns. Ou seja, seus sentimentos sobre uma criança, sua ideia sobre um assunto, seu tratamento de respeito aos idosos ou seu modo de vestir, são aprendidos através do seu contato com as gerações anteriores. Você é consciente do que faz, sente e pensa na interação com outras pessoas.

2 - O que Durkheim quer dizer com o conceito de divisão do trabalho social?

Durkheim afirma que, quando um uma pessoa nasce, ela encontra fatos sociais já estabelecidos coletivamente, que o seguirão pela vida e que se manterão depois de sua morte. O modo como esses fatos são representados na vida de cada um de nós, segundo ele, é que definem o que ele chama de consciência coletiva. Esta, por sua vez, se manifesta através da cooperação entre os indivíduos, que ele denomina de divisão social do trabalho.



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(2) Debatendo uma questão atual

CARTA DO POVO KAIOWÁ GUARANI À PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF

Que bom que a senhora assumiu a Presidência do Brasil. É a primeira mãe que assume essa responsabilidade e poder. Mas nós Guarani Kaiowá queremos lembrar que para nós a primeira mãe é a mãe terra, da qual fazemos parte e que nos sustentou há milhares de anos. Presidenta Dilma, roubaram nossa mãe. A maltrataram, sangraram suas veias, rasgaram sua pele, quebraram seus ossos... Rios, peixes, árvores, animais e aves... Tudo foi sacrificado em nome do que chamam de progresso.

Para nós isso é destruição, é matança, é crueldade. Sem nossa mãe terra sagrada, nós também estamos morrendo aos poucos. Por isso estamos fazendo esse apelo no começo de seu governo. Devolvam nossas condições de vida que são nossos tekohá, nossas terras tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os nossos direitos que estão nas leis do Brasil e nas leis internacionais.

No final do ano passado nossa organização Aty Guasu recebeu um prêmio. Um prêmio de reconhecimento de nossa luta. Agora, estamos repassando esse prêmio para as comunidades do nosso povo. Esperamos que não seja um prêmio de consolação, com o sabor amargo de uma cesta básica, sem a qual hoje não conseguimos sobreviver. O Prêmio de Direitos Humanos para nós significa uma força para continuarmos nossa luta, especialmente na reconquista de nossas terras. Vamos carregar a estatueta para todas as comunidades, para os acampamentos, para os confinamentos, para os refúgios, para as retomadas... Vamos fazer dela o símbolo de nossa luta e de nossos direitos.

Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido resolvido há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se agravar.

Por último o ex-presidente Lula, prometeu, se comprometeu, mas não resolveu. Reconheceu que ficou com essa dívida para com nosso povo Guarani Kaiowá e passou a solução para suas mãos. E nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e ficar chorando nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos filhos continuem enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de esperança de futuro. Precisamos de nossas terras para começar a resolver a situação que é tão grave que a procuradora, Deborah Duprat considerou que Dourados talvez seja a situação mais grave de uma comunidade indígena no mundo.

Sem as nossas terras sagradas estamos condenados. Sem nossos tekohá, a violência vai aumentar, vamos ficar ainda mais dependentes e fracos.

499

Será que a senhora como mãe e presidente quer que nosso povo vá morrendo à míngua? Acreditamos que não.

Por isso, lhe dirigimos esse apelo exigindo nosso direito.

Dourados, MS, 31 janeiro de 2011.

Conselho da Aty Guasu Kaiowá Guarani

Esse é o manifesto dos Povos Guarani Kaiowá, reunidos em Dourados - MS em 2011. Recentemente, em 2015, esse povo sofreu diversos ataques de fazendeiros e forças policiais do estado. Com base nesse manifesto e pesquisando na internet, abrir uma roda de conversa com os estudantes sobre os massacres contra o povo Guarani Kaiowá e as formas de solidariedade possíveis que os jovens podem realizar aos povos indígenas por suas terras.



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Leituras de aprofundamento para o professor:

BORTOLINI, Alexandre. Diversidade sexual, gênero e homofobia na escola: introduzindo um debate. Texto produzido para o Dossiê Diversidade Cultural e Cotidiano Escolar. RETTA - Revista de Educação Técnica e Tecnológica em Ciências Agrícolas. v.3, p. 71-86. Seropédica: UFFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2012.

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LEITE JR., Jorge. Nossos corpos também mudam. Sexo, gênero e a invenção das categorias "travesti" e "transexual" no discurso científico. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). São Paulo: PUC-SP, 2007.

CAPÍTULO 24 - TUDO SE CHAMA NUVEM, TUDO SE CHAMA RIO": NOSSOS ANCESTRAIS, PRIMEIROS HABITANTES DO BRASIL.

Objetivos: Os objetivos do capítulo são a reflexão e a análise sobre as culturas e sociedades indígenas no Brasil. Abordam-se somente alguns aspectos culturais, históricos e sociais, pois reconhecemos que há uma imensa complexidade e variedade de culturas, o que faz do capítulo apenas um recorte histórico e conceitual. Assim, deve-se:

1- Refletir sobre as diferenças entre povos indígenas e a sociedade brasileira hegemônica.

2- Analisar a atual presença demográfica dos povos indígenas no Brasil.

3- Analisar alguns aspectos sociais, econômicos e culturais comuns dos povos indígenas brasileiros.

4- Refletir sobre as contribuições desses povos no aspecto cultural e do conhecimento para a humanidade.




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Trabalhando com textos:

(1) Conhecendo um pouco mais a Sociologia e os sociólogos

BRINCAR DE GÊNERO, UMA CONVERSA COM BERENICE BENTO

Berenice Bento

A questão da transexualidade me interessa como pensadora das relações de gênero, sem dúvidas. Mas há uma questão política: a população trans é uma população extremamente vulnerável e desumanizada. Após fazer trabalho de campo com uma população que enfrenta esses níveis de exclusão social, seria impossível que eu não me sensibilizasse e não me tornasse uma pessoa politicamente engajada. Mas, de fato, gostaria de ressaltar que eu faço política desde os meus 15 anos.

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A minha geração, a dos 1980, lutou apaixonadamente pelo fim da ditadura e pela reconstrução das instituições democráticas. Esse é outro belo capítulo da vida política nacional. Eu não descobri a política fazendo a minha tese, mas passei a ver outras dimensões da política que antes eram invisíveis para mim. Mas a questão da transexualidade me interessa por outro motivo: nenhuma outra experiência de gênero é tão forte no sentido de desnaturalizar o que é ser homem e o que é ser mulher. As feministas mais históricas deveriam agradecer pelas reivindicações das mulheres e homens trans. Uma concepção de gênero que pensa que o masculino e o feminino são os significados culturais que as sociedades atribuem à diferença sexual reafirma a naturalização. Além de uma desnaturalização limitada, e aqui penso no livro O Segundo Sexo (Beauvoir, 1970), uma concepção de gênero, fundada na diferença sexual como princípio estruturante das performances de gênero, não alcança o debate sobre o caráter político da sexualidade. E aí nos restam duas alternativas para analisar as experiências trans: ou as interpretamos como uma patologia, e o passo seguinte será a sua universalização - porque, se é uma patologia, os indicadores vão se repetir em todos os lugares do mundo; ou então relativizamos, e aí compreendemos que existem muitas possibilidades de viver as transexualidades, e como corolário imediato teremos os deslocamentos das noções de masculinidade e feminilidade de qualquer referente biológico. Nosso léxico é extremamente pobre e binário. O que chamamos de masculinidade talvez pudesse ter outro nome. Determinadas concepções feministas, ainda hegemônicas em larga medida, identificam o masculino como um atributo do homem e a feminilidade como um atributo da mulher. Se você entende que ninguém nasce homem e ninguém nasce mulher, e radicaliza essa perspectiva, não faz mais sentido discutir a legitimidade da demanda de sujeitos que querem reconstruir o seu gênero socialmente. Há outra questão que me interessa e que me preocupa: existe hoje uma discussão interna ao movimento trans* sobre a despatologização, é uma discussão pontual sobre a necessidade da retirada da transexualidade do CID - Código Internacional de Doenças (que está em processo de revisão) - e do DSM - Manual Estatístico de Transtornos Mentais da Associação de Psiquiatria Norte Americana (APA). A APA já publicou sua nova versão e alterou a tipificação de Transtorno de Identidade de Gênero (na qual estavam incluídas as pessoas trans nas diversas fases da vida - infância, adolescência e fase adulta), e agora o diagnóstico que os psiquiatras norte-americanos farão será de Disforia de Gênero. Ainda estamos na expectativa pela nova versão do CID. Há, portanto, dois documentos que são centrais, referências no mundo das biociências e das ciências psi, que definem as expressões de gênero que fogem do binarismo como transtorno. E há uma discussão interna ao movimento no sentido de que a despatologização provavelmente prejudique o acesso das pessoas trans às cirurgias. E aqui gostaria de apontar uma dimensão desse debate que é pouco discutida. Eu não acho que a despatologização diga respeito às pessoas trans exclusivamente. Diz respeito a todos/as, especialmente aos homossexuais. Dizem que a homossexualidade foi retirada do CID. É verdade, mas aconteceu a patologização do gênero. No caso de um menino que brinca de boneca e seu pai consulta um especialista para "tratar" esse comportamento, psicólogos ou psiquiatras não podem mais "diagnosticar" a homossexualidade porque a homossexualidade não consta no CID, mas podem diagnosticar a disforia de gênero ou transtorno de identidade de gênero. Ou seja, a armadilha é simples. Hegemonicamente, o sexo não está desvinculado do gênero, ou seja, quando eu digo "sou mulher" esse enunciado explicita a minha sexualidade, a heterossexualidade. Gênero e sexualidade são apresentados como identidades essenciais e uma dimensão identitária só existe quando é referenciada na outra. Aquilo que foge a essa identidade essencial deve ser entendido como um transtorno. O gênero, portanto, de uma categoria cultural passou a ser uma categoria diagnóstica. Setores do feminismo se calam diante dessa realidade. Os gays também se calam. "Nós, gays, lésbicas não somos mais patologizados!". Não é verdade. Os pais continuam levando seus/suas filhos/filhas para serem "tratados/as" nas clínicas e nos consultórios. Diagnosticar como homossexual não pode, mas diagnosticar como transtorno de identidade de gênero é legalmente possível? E por que os pais procuram a ajuda de profissionais? Seria porque suas filhas não gostam de brincar de bonecas? É só isso? É o fantasma da homossexualidade. Então, o que me interessa na questão da despatologização, para além das questões específicas às pessoas trans, é pensar outra ordem de gênero. É pensar que essa ordem binária, naturalizada e naturalizante, não oprime as pessoas trans exclusivamente, oprime a mim e a você também.



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Principais conceitos, categorias e autores abordados:

Sexo e gênero - Orientação Sexual - Identidade de Gênero - Transfobia e homofobia - Movimentos sociais e Direitos Humanos - Foucault - Facchini - Green - Mott - Trevisan - Bortolini.

Pesquisando e refletindo

(a) Proponha à turma que busque imagens de cartazes exibidos durante manifestações do movimento LGBT, como Paradas, beijaços e marchas. Pesquise você mesmo imagens que possam fomentar a discussão. A partir das frases, debata:

1. O que essas frases significam?

2. O que elas revelam sobre a realidade vivida por lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans?

3. Quais as principais demandas do movimento social hoje?

4. Como cada aluno e aluna se posiciona diante das transformações demandadas por esses grupos sociais?

(b) Assista com a turma ao curta-metragem documentário "Eu sou Homem", produzido pela Prefeitura de São Paulo e disponível no youtube, sobre a vivência de homens trans. Debata com a sua turma:

1. Como foi o processo de construção das suas identidades de gênero.

2. Como vivenciaram o enfrentamento ao preconceito, a discriminação e a violência.

3. Quais as suas principais demandas quanto ao reconhecimento de sua identidade.

4. O que esses relatos nos ajudam a compreender o nosso próprio processo de construção de nossa identidade de gênero.

Aproveite a aula para aprofundar o conceito de cisgênero, destacando os privilégios garantidos hoje a pessoas que não transgridem as expectativas sociais de gênero, em contraposição à discriminação que atinge pessoas trans.



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Berenice Bento é Cientista Social pela Universidade Federal de Goiás (1994), tem mestrado em Sociologia pela Universidade de Brasília (1998) e doutorado em Sociologia pela Universidade de Brasília/ Universitat de Barcelona (2003). Professora adjunta III da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área de Sociologia e Antropologia, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, transexualidade, sexualidade, direitos humanos, estudos queer. Autora dos livros: A reinvenção do corpo: gênero e sexualidade na experiência transexual (Garamond, 2006, 1ª ed/ EDUFRN, 2014, 2ª ed); O que é transexualidade (Coleção Primeiros Passos/Brasiliense, 2008); Homem não tece dor: queixas e perplexidades masculinas (EDUFRN, 2013). Agraciada com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos (2011), concedido pela Presidência da República. Pós-doutora pela City University of New York (CUNY/EUA).

Trecho retirado da entrevista concedida por Berenice Bento a Diego Madi Dias e publicado na revista Cadernos Pagu. (Cadernos Pagu (43), jul-dez de 2014:475-497)

ATIVIDADE

A partir do texto acima e do estudo do capítulo, promova um debate público com os estudantes a respeito da ideia de patologização das identidades de gênero.



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Questão ideológica

A Marcha Mundial das Mulheres aponta que a violência contra a mulher é resultado de uma relação de opressão, constituída historicamente no país. "A violência existe por uma relação de poder.

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É uma forma de manutenção da submissão das mulheres, um mecanismo de manter o controle sobre elas", declara Nalu, que acredita ser difícil atacar a violência sem atacar suas causas: o machismo e patriarcado.

Para Neila Batista, uma boa política de combate ao machismo inclui o trabalho no campo da educação, para formação de outra lógica na relação de gênero.

"Somos tímidos em relação à educação. O governo podia ter algo mais claro, que tratasse a temática dentro da escola. Como diz aquela frase, 'é de pequeno que a gente torce o pepino', então, se não formos capazes de desconstruir o machismo desde a mais tenra idade, não conseguimos reverter esse quadro", aponta. Ela acrescenta, ainda, que o desafio é o mesmo vivido pelos movimentos de luta contra a homofobia, que tem como principal causa também o patriarcado.

Maíra Gomes é jornalista e correspondente do jornal Brasil de Fato, em Belo Horizonte. Texto extraído do site do mesmo jornal e publicado em 14 de janeiro de 2013.

Disponível em: http://bit.ly/20hzoIJ Acesso: janeiro/2016.

- Pedir que os alunos, juntamente com os professores de Filosofia e Sociologia, reflitam e debatam a afirmação das organizadoras da Marcha Mundial das Mulheres que a violência contra as mulheres só pode ser combatida com eficiência se forem atacadas suas causas, ou seja, o machismo e o patriarcado.

- Pedir aos alunos que procurem o significado de "patriarcado" e pesquisem com seus professores a história desse termo.



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Itaipava - "Verão": Mais um anúncio machista que, acima de tudo, objetifica e hiperssexualiza a figura da mulher. Ao fazer a comparação entre o volume de cerveja contido nos recipientes comercializados pela marca e o silicone dos seios da modelo, a peça a coloca à disposição dos homens, que podem, teoricamente, escolher a "embalagem" de sua preferência. Além disso, ainda exalta o padrão de beleza branco e esbelto, que dificilmente deixa espaço a quem não corresponde a ele, como as mulheres gordas e negras (estas, quando atingem visibilidade, aparecem de maneira ainda mais sexualizada).

Organizar o debate em torno das questões:

- Quais são as representações do "feminino" que aparecem nas propagandas e publicidades?

- As propagandas apenas refletem o machismo presente na sociedade ou também o reforçam e o reproduzem?

- Que "força" as propagandas exercem na imagem que as mulheres fazem de si mesmas?

Solicitar que os alunos pesquisem outras propagandas que reforçam estereótipos sobre a mulher e apresentem para a turma. Os grupos deverão fazer a desconstrução das propagandas e apontar os equívocos e estereótipos utilizados pelas mesmas.

Em função das possibilidades sugeridas, o professor poderá planejar a forma como desenvolverá a temática do capítulo em sala de aula, de acordo com o tempo de que dispõe, escolhendo uma das opções ou trabalhando todas as três e enriquecendo ainda mais a discussão.




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(3) Debatendo uma questão atual

PM DÁ ORDEM PARA ABORDAR 'NEGROS E PARDOS'

INSTRUÇÃO DE COMANDANTE DE BATALHÃO SE BASEOU NA DESCRIÇÃO DE VÍTIMA DE ASSALTO EM BAIRRO LUXUOSO.

Thaís Nunes, 23/01/2013

Desde o dia 21 de dezembro do ano passado, policiais militares do bairro Taquaral, um dos mais nobres de Campinas, cumprem a ordem de abordar "indivíduos em atitude suspeita, em especial os de cor parda e negra". A orientação foi dada pelo oficial que chefia a companhia responsável pela região, mas o Comando da PM nega teor racista na determinação.

O documento assinado pelo capitão Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci orienta a tropa a agir com rigor, caso se depare com jovens de 18 a 25 anos, que estejam em grupos de três a cinco pessoas e tenham a pele escura. Essas seriam as características de um suposto grupo que comete assaltos a residências no bairro.

A ordem do oficial foi motivada por uma carta de dois moradores. Um deles foi vítima de um roubo e descreveu os criminosos dessa maneira. Nenhum deles, entretanto, foi identificado pela Polícia Militar para que as abordagens fossem direcionadas nesse sentido.

Para o frei Galvão, da Educafro, a ordem de serviço dá a entender que, caso os policiais cruzem com um grupo de brancos, não há perigo. Na manhã de hoje, ele pretende enviar um pedido de explicações ao governador Geraldo Alckmin e ao secretário da Segurança Pública, Fernando Grella.

O DIÁRIO solicitou entrevista com o capitão Beneducci, sem sucesso. A reportagem também pediu outro ofício semelhante, em que o alvo das abordagens fosse um grupo de jovens brancos, mas não obteve resposta até o fim desta edição. Confira a [...] nota de esclarecimento enviada pelo Comando da Polícia Militar:

A Polícia Militar lamenta que um grupo historicamente discriminado pela sociedade, que são os negros, seja usado para fazer sensacionalismo.

O caso concreto trata de ordem escrita de uma autoridade policial militar, atendendo aos pedidos da comunidade local, no sentido de reforçar o policiamento com vistas a um grupo de criminosos, com características específicas, que por acaso era formado por negros e pardos. A ordem é clara quanto à referência a esse grupo: "focando abordagens a transeuntes e em veículos em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra com idade aparentemente de 18 a 25 anos, os quais sempre estão em grupo de 3 a 5 indivíduos na prática de roubo a residência naquela localidade".

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A ordem descreve ainda os locais (quatro ruas) e horário em que os crimes ocorrem. Logo, não há o que se falar em discriminação ou em atitude racista, tendo o capitão responsável emitido a ordem com base em indicadores concretos e reais. Discriminação e racismo é o fato de explorar essa situação de maneira irresponsável e fora de contextualização.

Matéria publicada pelo jornal Diário SP, disponível também em http://goo.gl/odwXN7 Acesso: janeiro 2016.

- Considerando as questões apresentadas no capítulo, o professor poderá ler/comentar com os alunos esta matéria jornalística. Depois, comparar a notícia com as letras de músicas da seção Interatividade, e redigir um texto junto com a turma com as conclusões a respeito da existência ou não do racismo no Brasil.



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Leituras de aprofundamento para o professor:

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In: BRASIL. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal n° 10.639/03. Brasília: MEC/SECAD, 2005, p. 39-62. Disponível em: http://bit.ly/22imuJR Acesso: janeiro 2016.

MUNANGA, KABENGELE. REDISCUTINDO A MESTIÇAGEM NO BRASIL. PETRÓPOLIS: VOZES, 1999.

CAPÍTULO 22 - "LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER?" RELAÇÕES DE GÊNERO E DOMINAÇÃO MASCULINA NO MUNDO DE HOJE.

Objetivos:

Os objetivos do capítulo são a reflexão e a análise dos conceitos de gênero e sexo, abordando as relações entre homens e mulheres, o estabelecimento da sociedade patriarcal e os mecanismos de poder e dominação masculina. Assim, deve-se:

1 - Refletir sobre as diferenças entre identidade de gênero e sexo biológico;

2 - Analisar as relações de poder entre homens e mulheres;

3 - Discutir a história do movimento feminista, problematizar a versão eurocêntrica e analisar as pautas e organizações de mulheres pertencentes a minorias étnicas;

4 - Abordar o problema da violência contra a mulher e a legislação relacionada a essa questão.



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Principais conceitos, categorias e autores abordados:

Preconceito - discriminação - racismo - raças - etnia - etnicidade - ações afirmativas - Gilberto Freyre - Florestan Fernandes - Thomas Skidmore - Muniz Sodré - Kabengele Munanga - Clóvis Moura - Hélio Santos

Pesquisando e refletindo

O encaminhamento que sugerimos para uma atividade de reflexão é a realização de um debate em sala de aula, juntamente com os professores de Literatura e de Artes da turma, a partir da leitura do livro de LOPES, Nei. O racismo explicado aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007. O autor apresenta didaticamente, em linguagem voltada para os jovens, de que forma o racismo surge e como se apresenta na sociedade, em todas as suas dimensões e consequências.

Após a leitura e o debate sobre o conteúdo do livro, o professor também pode organizar, junto aos professores de Artes e Literatura, uma apresentação teatral a partir dos diálogos dos personagens presentes no livro.




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Reginaldo Prandi é Professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo e especialista em Sociologia da Religião. Este texto trata-se de um fragmento de seu artigo publicado em Tempo Social, revista de Sociologia da USP, v. 20, n. 2, novembro de 2008, p. 155-172.

Referência citada no texto: DURHAM, Eunice Ribeiro. A dinâmica da cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Prandi inicia seu artigo discorrendo sobre a crise que afeta a Igreja Católica no Brasil, manifestada, entre outros fatores, pela perda acelerada de fiéis, convertidos pelas diversas igrejas evangélicas. Sua preocupação principal de reflexão, no entanto, aponta questões envolvendo a relação entre a religião e a cultura. Os alunos deverão identificar quais são as questões apresentadas pelo autor?




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Leituras de aprofundamento para o professor:

SOARES, Luiz Eduardo; BILL, MV; ATHAYDE, Celso. Cabeça de Porco. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

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WACQUANT, Loïc. Prisões da miséria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

CAPÍTULO - 20 "A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA..." RELIGIOSIDADE E JUVENTUDE NO SÉCULO XXI

Objetivos:

O objetivo deste capítulo é estudar o fenômeno da religiosidade. A partir da descrição de algumas manifestações religiosas brasileiras, discute-se o papel social das mesmas na formação de ideias e ideais coletivos na política, na cultura e na vida dos jovens. Portanto, deve-se:

1 - Apresentar a importância da Sociologia nos estudos sobre religiosidade e sua relevância social;

2 - Analisar as principais teorizações sociológicas sobre o fenômeno da religiosidade;

3 - Estudar as principais expressões da religiosidade brasileira e sua relevância social na política e na cultura nacional;

4 - Analisar a importância da religiosidade na formação da sociedade brasileira e nas relações sociais;

5 - Refletir sobre a influência da religiosidade entre os jovens.




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Referência citada no texto:

MELLO JORGE, M. H. P. Os adolescentes e jovens como vítimas da violência fatal em São Paulo. In: PINHEIRO, P. S. (Org.). São Paulo sem medo: um diagnóstico da violência urbana. Rio de Janeiro: Garamond, 1997, p. 97-120.

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- O sociólogo Sérgio Adorno apresenta, com base em estudos sobre o tema, o que ele intitula de tendências de crescimento da violência urbana no país, no início do século XXI. Os alunos deverão identificar quais são essas tendências e se encontram alguma delas no bairro ou na cidade em que residem ou frequentam.

- Os dados apontados no texto revelam grandes diferenças entre os índices de criminalidade existentes no Brasil, se comparados com outros países. Os alunos deverão responder por que isto ocorre.




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Leituras de aprofundamento para o professor:

MARTINS, José de Souza. Não há terra para plantar neste verão: o cerco das terras indígenas e das terras de trabalho no renascimento político do campo. Petrópolis: Vozes, 1986.

CARTER, Miguel (Org.). Combatendo a desigualdade social: o MST e a reforma agrária no Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2010.

CAPÍTULO - 19 "CHEGOU O CAVEIRÃO! E AGORA?" VIOLÊNCIA E DESIGUALDADES SOCIAIS

Objetivos:

Debater o fenômeno da violência e da criminalidade, sob o ponto de vista da análise sociológica. Para se alcançar este fim, o capítulo propõe:

1 - Discutir a violência segundo a concepção do senso comum e segundo a leitura da Sociologia;

2 - Relacionar o fenômeno da violência como inserido na problemática das profundas desigualdades sociais existentes no país;

3 - Debater sobre a relação entre o aumento do narcotráfico e a redefinição neoliberal do papel do Estado e das políticas públicas;

4 - Abordar criticamente as medidas de repressão do Estado, com a adoção de políticas herdeiras da "tolerância zero" norte-americana, que teve origem nos anos 1990.

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William Héctor Gómez Soto é Doutor em Sociologia na UFRGS. Atualmente, é professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). O texto copiado trata-se da apresentação de artigo (na revista Estudos Sociedade e Agricultura, n. 20, abril 2003, p. 175-198) onde o autor homenageia o sociólogo Dr. José de Souza Martins, da USP, um dos maiores especialistas sobre a questão agrária no Brasil.

- Os alunos deverão apresentar o método de análise e a principal teoria defendida por José de Souza Martins em seus estudos sobre o "mundo rural" brasileiro, conforme apontado pelo autor do texto.



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(2) Debatendo uma questão atual

AGRICULTORES MARCHAM RUMO A NOVA DÉLHI POR REFORMA AGRÁRIA

MAIS DE 20% DA POPULAÇÃO DA ÍNDIA AINDA NÃO TÊM ACESSO À TERRA.

Andrew Buncombe, Do Independent, para O Globo

Eles marcham em filas - barulhentos, mas disciplinados; com os pés doendo, mas determinados. Num dado momento, os participantes da marcha e suas faixas verdes e brancas se espalham por mais de três quilômetros.

Dezenas de milhares dos cidadãos mais pobres da Índia estão numa marcha a Nova Délhi para exigir que o governo lhes dê terras onde possam viver e garantir sua subsistência. Eles insistem que é um direito fundamental e ameaçam manter a capital sob cerco, caso a demanda lhes seja negada.

Há poucos lugares onde as demandas dos sem-terra são tão fortes quanto na Índia, onde mais de 70% da população ainda dependem da agricultura.

Desde que o país conquistou a independência, em 1947, as autoridades empreenderam algumas reformas, mas ativistas estimam que mais de 20% da população estejam sem terra, uma situação que leva a conflitos no campo e a migração em massa para as cidades.

Disponível: http://goo.gl/ZnhuXR Acesso: janeiro 2016. Veja também a matéria publicada no jornal impresso: O Globo. Caderno Mundo, 14 de outubro de 2012, p. 34.

- Fazendo uso da internet, o aluno deverá buscar mais informações e dados a respeito da questão agrária na Índia, descrita na matéria. Poderá verificar, também, se há casos similares em outros países.

- De posse das informações e dados solicitados na questão anterior, comparar o quadro encontrado com a história da reforma agrária e a sua atual conjuntura em nosso país. Depois, responder: o que ainda impede, no Brasil, a realização da reforma agrária?




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Principais conceitos, categorias e autores abordados:

Violência - desigualdades sociais - Sociologia da Violência - violência simbólica - exclusão social - população supérflua - capitalismo de pilhagem - organizações criminosas - Estado Penitência - milícias - tolerância zero - choque de ordem - Unidades Policiais Pacificadoras (UPPs) - Pierre Clastres - Marx/Weber/Durkheim - Virgínia Fontes - Paulo Sérgio Pinheiro - Pierre Bourdieu - Loïc Wacquant - Milton Santos - Manuel Castells - Paulo Lins - Luiz Eduardo Soares - Sérgio Adorno.



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Pesquisando e refletindo:

A reflexão sobre o tema do capítulo é a realização de uma pesquisa musical. Conhecendo as letras das músicas citadas ao final da seção Interatividade, a turma pode ser dividida em equipes e contribuir com outras letras que discutam a questão da violência, organizando com o professor uma "roda de interpretação" em sala, com as seguintes possibilidades: (a) tocar a música e comentar sobre o conteúdo da letra; (b) levar instrumento para a sala e interpretar a música selecionada; (c) montar uma peça de teatro que represente a história contada pela letra da música; (d) compor uma música sobre o tema.

- No debate decorrente da dinâmica descrita, o professor deve aproveitar para levantar algumas questões polêmicas que estão presentes no tema e em algumas perguntas da subseção Dialogando, tais como a visão da violência sob o ponto de vista do senso comum [lembrar das frases citadas no início do capítulo]; a relação existente entre a violência e as desigualdades sociais; a eficácia das políticas de "tolerância zero", "choque de ordem" e instalação de UPPs; as organizações criminosas e sua relação com o tráfico de drogas; o surgimento das milícias e outras máfias criminosas.

Devemos deixar registrado que estes temas só devem ser tratados em comunidades nas quais a sua discussão não coloque em risco a integridade física do professor, dos alunos e da direção da escola.



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Trabalhando com textos:

(1) Conhecendo um pouco mais a Sociologia e os sociólogos

O CENÁRIO DA VIOLÊNCIA URBANA

Sérgio Adorno

A sociedade brasileira, egressa do regime autoritário, há duas décadas, vem experimentando, pelo menos, quatro tendências: a) o crescimento da delinquência urbana, em especial dos crimes contra o patrimônio (roubo, extorsão mediante sequestro) e de homicídios dolosos (voluntários); b) a emergência da criminalidade organizada, em particular em torno do tráfico internacional de drogas, que modifica os modelos e perfis convencionais da delinquência urbana e propõe problemas novos para o direito penal e para o funcionamento da justiça criminal; c) graves violações de direitos humanos que comprometem a consolidação da ordem política democrática; d) a explosão de conflitos nas relações intersubjetivas, mais propriamente conflitos de vizinhança que tendem a convergir para desfechos fatais. Trata-se de tendências que, conquanto relacionadas entre si, radicam em causas não necessariamente idênticas.

Embora o crescimento da criminalidade urbana seja matéria controvertida, as estatísticas oficiais de criminalidade, base sobre a qual se realizam diagnósticos, avaliações, análises e estudos científicos estão apontando no sentido de uma tendência mundial, desde os anos 50, para o crescimento dos crimes e da violência social e interpessoal, ainda que as taxas indiquem sensíveis declínios no curso da década de 1990, sobretudo nos Estados Unidos, ao que parece estimuladas em parte pelo desenvolvimento econômico, pela redução do desemprego, pela expansão do mercado consumidor e do bem-estar, ao lado certamente dos efeitos provocados por inovadoras políticas de segurança.

Não era de esperar que a sociedade brasileira estivesse imune a este movimento de tendências crescentes, sobretudo porque o país se encontra no circuito das rotas do tráfico internacional de drogas e de outras modalidades de crime organizado em bases transnacionais como o contrabando de armas, atividades que parecem constituir-se na bomba de combustão do crescimento da criminalidade violenta. Mais surpreendente, contudo, é verificar que as taxas de criminalidade violenta no Brasil em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo são superiores inclusive às taxas de algumas metrópoles norte-americanas. [...]

As [...] regiões metropolitanas seguem padrão idêntico. Enquanto a taxa de homicídio cresceu 209% no Brasil, no período de 1980 a 1998, nas doze regiões metropolitanas cresceu 262,8%. Nessas regiões, viviam, em 1998, 36,7% da população brasileira. No mesmo ano, respondeu por 57,7% do total de mortes resultantes de homicídios voluntários ou agressões [...].

Em todo o país, o alvo preferencial dessas mortes compreende adolescentes e jovens adultos masculinos, em especial procedentes das chamadas classes populares urbanas, tendência que vem sendo observada em inúmeros estudos sobre mortalidade por causas violentas. [...]. No município de São Paulo, em um período de 35 anos (1960- 1995), o coeficiente de homicídios para adolescentes, do sexo masculino, na faixa de 15-19 anos, passou de 9,6 para 186,7/100.000 habitantes, vale dizer um crescimento da ordem de 1.800% (MELLO JORGE, 1998). [...]

Sérgio Adorno é Professor de Sociologia da USP - Universidade de São Paulo, fazendo parte da equipe de pesquisadores do seu Núcleo de Estudos da Violência, que reúne diversos especialistas na temática. O texto trata-se de parte da seção (p. 88-92) do seu artigo "Exclusão socioeconômica e violência urbana", publicado na Revista Sociologias (Porto Alegre, ano 4, n. 8, jul/dez 2002, p. 84-135). Disponível em: http://bit.ly/14DTQpK Acesso: janeiro/2016.



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(2) Debatendo uma questão atual

VIOLÊNCIA URBANA: HOMICÍDIOS NO BRASIL SUPERAM NÚMEROS DE PAÍSES EM GUERRA

José Renato Salatiel, 02/11/2012

Na semana passada, uma adolescente de 15 anos foi assassinada por causa de um aparelho celular em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. Ela foi mais uma vítima da onda de violência na maior metrópole do país, que em apenas uma semana deixou pelo menos 50 mortos.

No mês de setembro, o crime de homicídio registrou um crescimento de 96% na capital, em comparação com o mesmo período em 2011. É o maior índice em um único mês já registrado pelo estado. [...]




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Guerra - Segundo o Mapa da Violência 2012, elaborado pelo Instituto Sangari, o número de assassinatos no país passou de 13.910 em 1980 para 49.932 em 2010, correspondendo a um aumento de 259% ou o equivalente ao crescimento de 4,4% ao ano. A taxa de homicídios que era de 11,7 para cada 100 mil habitantes atingiu, no mesmo período, 26,2.

O número é superior a países em conflitos, como Iraque e Afeganistão, e comparado a nações africanas e caribenhas com governos e instituições precárias e instáveis. Na América do Sul, somente Venezuela (45,1) e a Colômbia (33,4) possuem taxas maiores. A Venezuela é assolada por uma crise financeira e pela escassez de alimentos, enquanto a Colômbia vive conflitos com narcotraficantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

A ONU considera aceitável o índice de 10 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Nessa faixa estão países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, europeus e asiáticos. O Brasil, porém, com mais do que o dobro desse patamar, se alinha às nações mais pobres da América Latina e África.

Mas como a sexta maior economia do mundo, que não possui conflitos étnico-religiosos ou políticos, enfrenta um problema tão grave?



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