Como são tratados os esgotos nas grandes metrópoles

Como são tratados os esgotos nas grandes metrópoles

Edson Carlos, diretor do Instituto Trata Brasil, apresentou alguns dados importantes sobre cenário no Brasil. “Costumo dizer que temos uma economia do século XXI e uma padrão ainda do século XIX”, atentou. O indicador que mais avançou foi o acesso à água tratada, porém ainda 34 milhões de pessoas usam água sem tratamento. Apesar do Brasil estar entre as 10 economias do mundo, não conseguiu levar ainda serviços de saneamento básico a toda sua população.

O palestrante ainda disse que 49% da população não possui coleta de esgoto. É comum encontrar rios poluídos nas grandes metrópoles, como é o caso do Rio Tietê em São Paulo. Esses rios estão nesse estado, porque os esgotos são lançados diretamente sem tratamento. “De todo esgoto, apenas 44% tem algum tipo de tratamento. O principal destino é a fossa, ou ainda, jogam a céu aberto contaminando locais que a população circula”, afirmou e ainda relacionou essa ação com a saúde pública, defendendo que a água potável é a que mais protege contra doenças, já a água contaminada é que contribui para surgimento de enfermidades: 407 mil internados por diarreia, por exemplo.

Falta de Saneamento

A falta de saneamento também está presente nas escolas. Ele citou o Censo Escolar 2017, em que a maior parte das escolas não possui coleta de esgoto. Há escolas ainda na região do semi-árido brasileiro sem banheiro. “Nós condenamos várias gerações, colocando em risco o desenvolvimento desse potencial com péssimas condições sanitárias”.

Os avanços foram bem poucos nessa área. O diretor do Instituto Trata Brasil lembra que o Brasil voltou a níveis de sete anos e perde cerca de 35% da água tratada antes de chegar nas residências com vazamentos, roubos e falta de medição. Dessa forma, você perde energia elétrica que é investida no processo de tratamento e distribuição desse recurso. A perda aumenta em regiões Norte e Nordeste do país.

“Nós, como consumidores, somos cobrados para economizar água, mas o sistema público funciona com esse grau de degradação e precisa reduzir essas perdas. Estamos falando de um investimento na faixa de 12 bilhões por ano. Se o governo quiser resolver mesmo esse problema, teremos que dobrar esse investimento e levará 20 anos.”.

Tecendo as Águas

Após a apresentação de dados, o palestrante compartilhou ainda dados de cidades do litoral norte de São Paulo, como Caraguatatuba, São Sebastião, Ilha Bela e Ubatuba. Em Caraguatatuba, 81% da população é atendida por água e 83% tem coleta de esgoto. Os programas locais estão contribuindo com esse processo de coleta. Já o Guarujá, cidade do litoral sul de São Paulo, 49% da área não é regularizada e isso impacta no processo de conexão com a rede de saneamento básico.

São Sebastião tem dados melhores também. 72% é atendida com água, 53% da população possui coleta de esgoto e 42% da água da rede de distribuição é perdida. Já Ilhabela ainda está atrasada, apenas 34% de coleta de esgoto, 67% da população é atendida com água, 46% dos esgotos são tratados e 22% da água da rede de distribuição é perdida. “Lá temos um dos desafios com a população local e até uma discussão com Ministério Público”.

Já Ubatuba possui apenas 30% de coleta de esgoto. 72% da população é atendida com água, 37% dos esgotos são tratados e 17% da água da rede de distribuição é perdida.

“Essas poucas cidades já dão a ideia do desafio no movimento de coleta de esgoto. Mas se não avançarmos no processo de coleta não adianta, isso tudo vai parar no mar, que é a principal fonte de renda desses municípios, que vivem do turismo local”. O palestrante ainda ressaltou que a responsabilidade é do prefeito.

O Projeto

A responsável pelo projeto Andree Ridder compartilhou a experiência dessa iniciativa no litoral norte de São Paulo. Comentou ainda que essa ação foi contemplado pelo edital da Petrobras em 2016 e nesse mesmo ano recebeu um prêmio na França pelo desenvolvimento local e gestão compartilhada. Esse projeto juntou dois que iriam ocorrer no mesmo território.

Primeiro ela contextualizou as bacias hidrográficas envolvidas e que foram consideradas estratégicas para implementar o projeto para explicar a população de onde ela vem e para onde vai, com uma visão sistêmica e interdependentes. “Precisamos olhar a bacia em sua estrutura e eixo para permitir a criação de políticas e atuarem de forma integradas.

Isso é um ganho para desenvolver no território e como elas se relacionam umas com as outras. Nós escolhemos o litoral norte por ainda ter áreas remanescentes da Mata Atlântica”, justificou e contextualizou que o projeto focou na cidade de Caraguatatuba com o rio Juqueriquerê. “Se não trabalharmos, não temos aonde buscar água. Temos 34 bacias hidrográficas, em que são consideradas de alta autenticidade”.

Sistema de chuvas

Andree ainda ressaltou que valorizaram o olhar da comunidade para essa região e atingiram até pontos que não são envolvidos no plano diretor. Fizeram ainda o diagnóstico socioterritorial do bairro São Francisco. Para isso, caracterizaram o sistema de chuvas até o regime socioeconômico. Ela ainda explicou que se esforçaram para explicar para a população local aonde o rio desemboca e para aonde são jogados os lixos das casas.

“Encontramos um milhão e meio de coliformes fecais lá. As pessoas lá não podem entrar nas praias. É uma região muito bonita, mas tem esse grande problema”.

Os resultados desse projeto foram 2324 casas conectadas com rede de esgoto. “Conseguimos atender quase 100% no Morro do Algodão (no bairro São Francisco), uma região de alta vulnerabilidade social do litoral norte. Às vezes temos o desafio e precisamos mudar nossa estratégia e atuar em rede. Eu sempre penso muito que ter água potável é ter vida digna”, concluiu Andree.

Fonte: Setor 3

Postado em: 19/05/2017

Última modificação: 21/05/2019

Tempo de leitura: 6 minutos

O que é saneamento básico? Ele é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade e de um país. Saiba agora do que se trata e quais os seus serviços. Vem comigo!

Você sabe o que é saneamento básico?

É comum que o saneamento básico seja visto como um conjunto de serviços de acesso à água potável e à coleta e ao tratamento dos esgotos. Essa definição é bem mais complexa na prática.

A prof. ª Simone Cynamon, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/FIOCRUZ) define que o conjunto acima citado é apenas elementos que compõem algo muito maior. Ela, em uma reportagem publicada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), define saneamento básico como a ciência que trabalha a proteção do ser humano e do meio ambiente do qual ele está inserido.

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Símbolo dos serviços básicos do saneamento

Resumindo, saneamento é basicamente o estudo do comportamento da sociedade quanto à produção e descarte de resíduos que causam algum tipo de agressão à saúde do ser humano utilizando ferramentas e elementos que proporcione qualidade de vida e que minimizem os riscos.

Cada um desses serviços tem peculiaridade própria e deve ser tratado dentro de tecnologias atualizadas compatíveis com o grau de desenvolvimento do município.

Independentemente do estágio socioeconômico, o zelo e cuidados pela boa funcionalidade desses sistemas indicam o estágio cultural, organizacional e de desenvolvimento de seus habitantes.

Conforme informações da revista SANEAS (ed. 56 – Ano XIII), somente no nosso continente, cerca de 100 milhões de pessoas são desprovidas de saneamento básico e as áreas rurais são as que mais sofrem com a falta de água e saneamento.

Com o crescimento da população é necessário a priorização das necessidades de saneamento básico das grandes metrópoles através de políticas públicas.

No Brasil esse direito é assegurado pela Lei nº. 11.445/2007. Chamada de a Lei Nacional do Saneamento Básico, ela teve vigência a partir de 22 de fevereiro do mesmo ano, estabelecendo as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal do saneamento básico.

CONHECENDO OS SERVIÇOS DO SANEAMENTO BÁSICO

Como já vimos anteriormente, saneamento básico é composto por alguns serviços. Vamos conhecer um pouco sobre eles:

De toda água que o nosso planeta dispõe, somente 2,5% é água doce. A região mais rica do mundo em termos de disponibilidade de água doce por pessoa é a América Latina. Na lista de países que contam com a maior quantidade de água, três da América Latina estão entre os primeiros: Brasil (primeiro), Colômbia (terceiro) e Peru (oitavo).

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Estação de tratamento de água

Mesmo com toda essa abundância de água não significa que ela seja suficiente para todos. 

Ainda existe uma enorme desigualdade de abastecimento de água entre as cidades brasileiras. Um exemplo que pode ser citado é São Paulo, a demanda é muito elevada e o desperdício vem na mesma proporção por conta de uso inadequado e às instalações precárias.

No Brasil, em torno de 83,3% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água. Por outro lado, mais de 35 milhões de pessoas ainda não possuem acesso a este serviço básico de saneamento.

Segundo os índices da Organização das Nações Unidas (ONU), 40% da população mundial não têm acesso aos serviços de coleta e tratamento de esgoto e à água potável. Isso significa que mais de 200 milhões de toneladas de esgoto são despejadas no meio ambiente anualmente sem coleta e tratamento adequados.

No Brasil, conforme dados do SNIS, a coleta atende cerca de 50,3% da população brasileira. Atualmente, mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a este serviço básico. E mais de 3,5 milhões de pessoas despejam esgoto irregularmente mesmo tendo redes coletoras disponíveis.

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Estação de tratamento de esgoto

Com relação ao tratamento de esgoto, 42,67% dos esgotos do país são tratados. A média das 100 maiores cidades brasileiras em tratamento dos esgotos foi de 50,26%.

E ainda de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)/ UNICEF existem 4 milhões de habitantes sem acesso a banheiro. A falta desse serviço afeta vários setores: como educação, saúde e trabalho.

Segundo dados de 2008 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB, 99,96% dos municípios brasileiros têm serviços de manejo de Resíduos Sólidos, mas 50,75% deles dispõem seus resíduos em vazadouros; 22,54% em aterros controlados; 27,68% em aterros sanitários.

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Coleta de Resíduos Sólidos

Esses mesmos dados apontam que 3,79% dos municípios têm unidade de compostagem de resíduos orgânicos. Outros 11,56% têm unidade de triagem de resíduos recicláveis. E somente 0,61% têm unidade de tratamento por incineração.

A prática desse descarte inadequado provoca sérias e danosas consequências à saúde pública e ao meio ambiente. Isso está ligado um quadro de um grande número de famílias que sobrevivem dos “lixões”. Eles retiram os materiais que podem ser reciclados e comercializam.

Ainda é frequente observar-se a execução de ações em resíduos sólidos sem prévio e adequado planejamento técnico-econômico. A falta de regulação e controle social no setor contribui na gravidade da quadro atual.

O sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas pode ser definido como o conjunto de obras, equipamentos e serviços projetados para receber o escoamento superficial das águas de chuva que caem nas áreas urbanas, fazendo sua coleta nas ruas, estacionamentos e áreas verdes, e encaminhando-os aos córregos, lagos ou rios.

Para manter o sistema em funcionamento, algumas ações simples são essenciais:

  • Evitar o descarte de lixo nas ruas;
  • Não fazer ligações de esgoto na rede pluvial e
  • Manter áreas permeáveis nos lotes.

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Via sem adequado sistema de coleta de águas pluviais

Com isso, a qualidade dos corpos hídricos melhora e eleva, consequentemente, a qualidade de vida da população.

Após essa analise concluímos que o saneamento básico é uma das chaves para a melhoria da qualidade de vida. Com certeza é uma importante ferramenta para prevenção de doenças.

Consequentemente os investimentos aplicados em combate à essas doenças tendem a diminuir. Podemos comprovar essa afirmação através dos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A cada dólar investido em saneamento básico significa economizar U$4 em outras áreas, especialmente a saúde.

Por isso é muito importante que o planejamento das ações de políticas públicas sejam bem elaborados e completos. É preciso que se pense e se planeje não só bons projetos, mas como eles serão aplicados e como contribuirão para a sociedade.

E o seu planejamento de ações, como está?  Você possui um bom software que dê um bom suporte na sua gestão?

Nosso time está a disposição para te ajudar, entre em contato no chat online e  tire proveito dos nossos profissionais. Será um prazer conversar com você!