O que é doença renal cronica

O que é doença renal cronica
No Brasil, um em cada dez brasileiros sofre de doenças renais. As Doenças Renais Crônicas (DRC) são um termo geral para alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco. Trata-se de uma doença de curso prolongado, que pode parecer benigno, mas que muitas vezes torna-se grave e que na maior parte do tempo tem evolução assintomática.

Na maior parte do tempo, a evolução da doença renal crônica é assintomática, fazendo com que o diagnóstico seja feito tardiamente. Nesses casos, o principal tratamento imediato é o procedimento de hemodiálise.

Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas são:

  • Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2).
  • Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial acima de 140/90 mmHg em duas medidas com um intervalo de 1 a 2 semanas.
  • Portadores de obesidade (IMC > 30 Kg/m²).
  • Histórico de doença do aparelho circulatório (doença coronariana, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca).
  • Histórico de Doença Renal Crônica na família.
  • Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que necessitam de ajustes em pacientes com alteração da função renal.

Os tipos mais comuns de doenças renais
1. Cálculos renais (pedra nos rins)
As pedras nos rins são formadas principalmente pela pouca ingestão de líquido (caracterizada pela urina escura), consumo elevado de sal e proteínas, entre outros problemas.

Quando as pedras se movimentam e descem pelo canal da uretra, causam muita dor, devido à obstrução do fluxo urinário e dilatação do rim. Podem ser complicadas por infecção urinária e chegam a causar risco de vida.

2. Infecção renal ou pielonefrite
É causada, geralmente, por uma bactéria na bexiga, a cistite, que acaba por subir até o rim, causando febre e dor do lado comprometido. O tratamento deve ser com antibiótico e muitas vezes requer internação hospitalar.

3. Cistos renais
São “bolhas” que se formam no meio do rim. Muito comuns após os 40 anos de idade, os cistos são diagnosticados por exames de rotina e usualmente não causam problemas ou sintomas nem requerem tratamento, podendo ser apenas acompanhados.

4.Tumor ou câncer de rin
Raro, o tumor ocorre devido à alta frequência dos cistos renais. É muito comum ter que solicitar exames diagnósticos de imagem para a correta exclusão dessa possibilidade. Os tumores são lesões sólidas diferentes dos cistos que contêm líquido no seu interior. Muitas vezes são malignos, mas, se tratados no início, há muita chance de cura.

5.Perda da função renal (insuficiência renal)
A insuficiência renal ocorre quando o rim perde a capacidade de filtrar resíduos, sais e líquidos do sangue. Doenças como diabetes e hipertensão arterial não bem controlados podem levar à deterioração renal progressiva e eventualmente necessidade de hemodiálise e/ou transplante para seu tratamento.

Principais sintomas de doenças renais: – Pressão alta; – Inchaço ao redor dos olhos e nas pernas; – Fraqueza constante; – Náuseas e vômitos frequentes; – Dificuldade de urinar; – Queimação ou dor quando urina; – Urinar muitas vezes, principalmente à noite; – Urina com aspecto sanguinolento; – Urina com muita espuma; – Dor lombar, que não piora com movimentos;

– História de pedras nos rins.

Gianna M. Kirsztajn - Diretora do Departamento de Prevenção de Doença Renal da SBN  2019-2020

As doenças dos rins são, de um modo geral, pouco conhecidas pela população; mas, algumas delas são muito frequentes e graves, destacando-se a doença renal crônica.
Chama-se de doença renal crônica toda lesão que afeta os rins e persiste por três meses ou mais. Seu estágio “final” é mais conhecido como “insuficiência renal crônica”. Nesse último estágio, para manutenção da vida, é preciso fazer diálise ou transplante renal.

Alertamos que a doença renal crônica geralmente é silenciosa, não dando sinais ou sintomas, sobretudo no início. Assim, a melhor forma de prevenir tal doença é detectá-la cedo.

Para fazer o diagnóstico, é importante conversar com seu médico e fazer exames, que são simples e acessíveis. Esses exames são: a dosagem de creatinina no sangue e o exame de urina “de rotina”.  Esse é conhecido como sumário de urina, urina I, análise de urina, entre outras denominações.


No exame de urina, a presença de proteína ou albumina, assim como de sangue, são alertas particularmente importantes para possível doença dos rins. 


A dosagem de creatinina sérica e o exame de urina “de rotina” podem ser incluídos no check up ou consulta médica rotineira de qualquer pessoa. Mas, são ainda mais importantes para pessoas que têm familiares com doença renal crônica, para diabéticos e hipertensos.

Na verdade, atualmente, diabetes e hipertensão arterial são frequentes e são as causas mais comuns de doença renal crônica.

Existem tratamentos para a doença renal crônica e para as suas causas, assim como para as suas complicações. Os diversos recursos de tratamento podem evitar ou pelo menos retardar a progressão da doença para os estágios mais avançados.


Por fim, é preciso estar ciente de que a melhor forma de lidar com a doença renal é prevenir, fazendo-se o diagnóstico precoce. Para tanto, é importante conhecer a doença renal crônica, é necessário fazer exames de rastreamento (creatinina sérica e exame de urina), mesmo na ausência de sintomas, para detectá-la e iniciar o tratamento o mais cedo possível.

PARA MAIS INFORMAÇÕES, veja o “podcast” (gravado no ano de 2019).. e o vídeo ... (gravação do dia 12/02).

INFORMAÇÕES também podem ser obtidas nos sites da SBN (prevenção) e do World Kidney Day (https://www.worldkidneyday.org). 

Podcast de 2020:

https://player.fm/series/scicast-1279242/dia-mundial-do-rim-2020-sbn-22

Podcast de 2019:

https://player.fm/series/scicast-1279242/sbn-12-dia-mundial-do-rim-2019

Vídeo:

https://www.sbn.org.br/noticias/single/news/dra-gianna-mastroianni-fala-um-pouco-sobre-a-doenca-renal-cronica-drc/

As Doenças Renais Crônicas (DRC) são um termo geral para alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco. Trata-se de uma doença de curso prolongado, que pode parecer benigno, mas que muitas vezes torna-se grave e que na maior parte do tempo tem evolução assintomática.

Na maior parte do tempo, a evolução da doença renal crônica é assintomática, fazendo com que o diagnóstico seja feito tardiamente. Nesses casos, o principal tratamento imediato é o procedimento de hemodiálise.

Quais são as funções renais (funções do rim)?

A principal função do rim é remover os resíduos e o excesso de água do organismo. A Doença Crônica Renal leva a uma redução dessa capacidade, por pelo menos três meses, e é classificada em seis estágios, conforme a perda renal. 

O rim tem múltiplas funções e todas elas são fundamentais para o organismo se manter vivo e funcionando. As principais funções renais são:

  • excreção de produtos finais de diversos metabolismos;

  • produção de hormônios;

  • controle do equilíbrio hidroeletrolítico;

  • controle do metabolismo ácido-básico;

  • controle da pressão arterial.

Quais são os fatores de risco das doenças renais crônicas?

Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas são:

  • Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2).
  • Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial acima de 140/90 mmHg em duas medidas com um intervalo de 1 a 2 semanas.
  • Idosos.
  • Portadores de obesidade (IMC > 30 Kg/m²).
  • Histórico de doença do aparelho circulatório (doença coronariana, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca).
  • Histórico de Doença Renal Crônica na família.
  • Tabagismo.
  • Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que necessitam de ajustes em pacientes com alteração da função renal.

Um dos principais fatores de risco para doença renal crônica é a diabetes e a hipertensão, ambas cuidadas na Atenção Básica, principal porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), em uma das 42.885 Unidades Básicas de Saúde distribuídas em todo o Brasil.

O que é doença renal cronica

Como é feito o diagnóstico das doenças renais crônicas?

Existem diversas formas de aferir as funções renais, incluindo um exame de urina e exames detalhados dos rins, conforme cada caso. No entanto, do ponto de vista clínico a função excretora é aquela que tem maior correlação com os desfechos clínicos. Todas as funções renais costumam declinar de forma paralela com a sua função excretora. Na prática clínica, a função excretora renal pode ser medida por meio da Taxa de Filtração Glomerular (TFG). Para o diagnóstico das doenças renais crônicas são utilizados os seguintes parâmetros:

  • TFG alterada;  

  • TFG normal ou próxima do normal, mas com evidência de dano renal ou alteração no exame de imagem.

  • É portador de doença renal crônica qualquer indivíduo que, independente da causa, apresente por pelo menos três meses consecutivos uma TFG<60ml/min/1,73m².

Como é feito o tratamento das doenças renais crônicas?

Para melhor estruturação do tratamento dos pacientes com doenças renais crônicas é necessário que, após o diagnóstico, todos os pacientes sejam classificados da seguinte maneira:

  • Estágio 1: TFG ³ 90mL/min/1,73m² na presença de proteinúria e/ou     hematúria ou alteração no exame de imagem.

  • Estágio 2: TFG ³ 60 a 89 mL/min./1,73m².

  • Estágio 3a: TFG ³ 45 a 59 mL/min./1,73m².

  • Estágio 3b: TFG ³ 30 a 44 mL/min./1,73m².

  • Estágio 4: TFG ³ 15 a 29 mL/min./1,73m².

  • Estágio 5 – Não Diálitico: TFG < 15 mL/min./1,73m².

  • Estágio 5 - Dialítico: TFG < 15 mL/min./1,73m².

A classificação deve ser aplicada para tomada de decisão no que diz respeito ao encaminhamento para os serviços de referências e para o especialista, conforme cada caso. Para fins de organização do atendimento integral ao paciente com doença renal crônica (DRC), o tratamento deve ser classificado em conservador, quando nos estágios de 1 a 3, pré-diálise quando 4 e 5-ND (não dialítico) e Terapia Renal Substitutiva (TRS) quando 5-D (diálitico).

O tratamento conservador consiste em controlar os fatores de risco para a progressão da DRC, bem como para os eventos cardiovasculares e mortalidade, com o objetivo de conservar a TFG pelo maior tempo de evolução possível.

A pré-diálise consiste na manutenção do tratamento conservador, bem como no preparo adequado para o início da Terapia Renal Substitutiva em paciente com DRC em estágios mais avançados.

A Terapia Renal Substitutiva é uma das modalidades de substituição da função renal por meio dos seguintes procedimentos:

  • hemodiálise;
  • diálise peritoneal;
  • transplante renal.

Para os pacientes com Doença Crônica Renal, o SUS oferta duas modalidades de Terapia Renal Substitutiva (TRS), tratamentos que substituem a função dos rins: a hemodiálise, que bombeia o sangue através de uma máquina e um dialisador, para remover as toxinas do organismo. O tratamento acontece em clínica especializada três vezes por semana.

A diálise peritoneal feita diariamente na casa do paciente e a diálise peritoneal, que é feita por meio da inserção de um cateter flexível no abdome do paciente, é feita diariamente na casa do paciente, normalmente no período noturno.

Acesso e regulação das doenças renais crônicas

É papel da Atenção Básica a atuação na prevenção dos fatores de risco e proteção para a doença renal crônica. Os profissionais de saúde desse nível de atenção devem estar preparados para identificar, por meio da anamnese e do exame clínico, os casos com suspeita e referenciá-los para a Atenção Especializada para investigação diagnóstica definitiva e tratamento.

A Atenção Especializada, por sua vez, é composta por unidades hospitalares e ambulatoriais, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico responsáveis pelo acesso às consultas e exames especializados.

Logo, o acesso à Atenção Especializada é baseado em protocolos de regulação gerenciados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, as quais competem organizar o atendimento dos pacientes na rede assistencial, definindo os estabelecimentos para os quais os pacientes que precisam do cuidado deverão ser encaminhados.

O Ministério da Saúde - por meio do Departamento de Atenção Especializada e Temática, da Secretaria de Atenção à Saúde (CGAE/DAET/SAS) - é o gestor, a nível federal, das ações na Atenção Especializada às pessoas com doenças renais crônicas. Compete à pasta definir normas e diretrizes gerais para a organização do cuidado e efetuar a homologação da habilitação dos estabelecimentos de saúde aptos a ofertarem o tratamento aos doentes renais crônicos, de acordo com critérios técnicos estabelecidos previamente.

Além disso, cabe ao Ministério da Saúde ofertar apoio institucional às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no processo de qualificação e de consolidação da atenção em saúde, bem como promover mecanismos de monitoramento, avaliação e auditoria, com vistas à melhoria da qualidade das ações e dos serviços ofertados, considerando as especificidades dos serviços de saúde e suas responsabilidades.

Como prevenir as doenças renais crônicas?

A prevenção das doenças renais crônicas está diretamente relacionada a estilos e condições de vida das pessoas. Tratar e controlar os fatores de risco como diabetes, hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares e tabagismo são as principais formas de prevenir doenças renais. Essas doenças são classificadas como Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que respondem por cerca de 36 milhões, ou 63%, das mortes no mundo, com destaque para as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença respiratória crônica. No Brasil, corresponderam a 68,9% de todas as mortes, no ano de 2016. A ocorrência é muito influenciada pelos estilos e condições de vida.

O tratamento de fatores de risco das Doenças Crônicas Renais faz parte das estratégias lideradas pelo governo federal, previstas no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil para 2011-2022. Entre as metas propostas no Plano, destacam-se aquelas que possuem associação entre fatores de risco e o desenvolvimento da DRC, como reduzir a taxa de mortalidade prematura (<70 anos) por Doença Renal Crônica em 2% ao ano; deter o crescimento da obesidade em adultos; aumentar a prevalência de atividade física no lazer; aumentar o consumo de frutas e hortaliças; e reduzir o consumo médio de sal.

Para prevenção e tratamento da Doença Renal Crônica, o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, na Atenção Básica e Especializada, com a relização de transplantes.

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