Antes de estudar os tipos de sintagmas, sugere-se recordar o conceito que norteia esse termo, demarcado pelos elementos que, inseridos na oração, constituem uma unidade significativa, mantendo entre si relações de dependência e de ordem, uma vez organizados em torno de um elemento fundamental denominado núcleo. Sendo assim, podemos afirmar que os sintagmas se subdividem em: nominal, verbal, adjetivo, adverbial e preposicional. Vejamo-los, de forma particular: Sintagma nominal: Constitui-se de um nome e seus respectivos determinantes. Geralmente são representados pelo sujeito e pelos complementos verbais da oração. Vejamos um exemplo: Os alunos entregaram os livros. Temos na oração dois sintagmas: os alunos, cujo núcleo é “alunos” e o complemento verbal representado pelo objeto direto, cujo núcleo é “livros”. Sintagma verbal Constitui o predicado da oração, em que o núcleo é o próprio verbo. As visitas chegaram. Sintagma adjetivo Constitui-se do complemento nominal e seus respectivos advérbios modificadores e pelo predicativo, introduzido pelo verbo de ligação. Observe: Aquela garota é gentil. Sintagma adverbial É formado pelo advérbio e seus modificadores. Vejamos: Jamais acreditarei em você. Sintagma preposicional Constitui-se da locução prepositiva, servindo de modificador de qualquer outro sintagma. Observemos: Somos todos muito responsáveis pelo cumprimento de todos os deveres. Você já deve saber que os verbos são palavras que exprimem ação, estado, mudança de estado e fenômenos meteorológicos, sempre em relação a determinado tempo, não é mesmo? Mas você sabia que, em determinadas situações, os verbos podem desempenhar também a função de um nome, sem exprimir nem o tempo nem o modo verbal? Pois é, quando o verbo apresenta-se dessa maneira, dizemos que essas são suas formas nominais. São três as formas nominais do verbo: gerúndio, particípio e infinitivo, derivadas do tema (radical + vogal temática) acrescido das desinências:
Hoje vamos falar um pouco mais sobre o infinitivo, forma nominal que apresenta o processo verbal em potência, exprimindo a ação verbal propriamente dita e, por isso, aproximando-se do substantivo. Dizemos também que o infinitivo é o “nome” dos verbos, já que é nessa forma que encontramos, por exemplo, os verbos no dicionário. Ele poderá ser identificado por meio de suas terminações, que indicam as três conjugações verbais. São elas: 1ª conjugação = -ar (falar, gostar, brincar, trabalhar) 2ª conjugação = -er (beber, ver, escrever, perder) 3ª conjugação = -ir (pedir, mentir, ferir, sorrir) O infinitivo pode ser classificado como pessoal e impessoal. O infinitivo pessoal é uma peculiaridade linguística, conhecido também como idiotismo. Alguns estudiosos afirmam que ele só existe no húngaro, no português e em alguns dialetos italianos, o que deixa o assunto ainda mais interessante. Sua terminação é idêntica à terminação do futuro do subjuntivo, sendo empregada principalmente nas orações reduzidas de infinitivo e flexionada nas situações descritas a seguir: 1.Quando a intenção for indeterminar o sujeito: Estou limpando a casa para não me chamarem de preguiçoso; 2. Quando o sujeito da oração estiver explícito: Se tu não falares agora, vou-me embora. 3. Quando houver sujeito diferente daquele da oração principal: Os professores pediram para os alunos ficarem em silêncio durante a aula. 4. Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade de ação: Vimos os adversários agredirem-se verbalmente. O infinitivo impessoal é construído sem sujeito porque não faz referência a uma pessoa gramatical. Dizemos que essa é a “forma pura” do verbo, tal qual eles são encontrados nos verbetes de dicionários. Seu uso está condicionado às seguintes situações: 1. Quando não fizer referência a um sujeito determinado e apresentar uma ideia genérica: Fumar é prejudicial para a saúde. 2. Quando tiver o valor de imperativo: Soldados, marchar! 3. Quando for regido por preposição e funcionar como complemento de um nome da oração anterior: Os turistas foram impedidos de entrar no país. Observação: Na voz passiva dos verbos contentar, tomar e ouvir, por exemplo, o infinitivo deve ser flexionado. Observe: Eram clientes fáceis de serem contentados. Eram decisões difíceis de serem tomadas. As músicas que a orquestra executou eram agradáveis de serem ouvidas. Siga as regras e bons estudos!
A relação entre as formas verbais destacadas e o tempo/modo em que estão flexionadas não foi corretamente indicada em
Por Anderson Ulisses S. Nascimento Doutorando em Língua Portuguesa pela UERJ Os verbos são uma classe de palavras que tem como característica fundamental o fato de se flexionarem para exprimir a noção de tempo. Além dessa, expressam também a categoria de modo, em português, agregada morfologicamente a de tempo, nas desinências modo-temporais. É de tempos e de modos que trataremos aqui. Cabe alertar que o tempo verbal não se confunde com o tempo real, sendo o primeiro uma interpretação que cada língua faz do segundo. Daí, diferentes línguas possuírem diferentes tempos verbais. Já os modos referem-se a um recorte que inclui o juízo do enunciador sobre dado fato. Assim, temos o modo indicativo, em que esse ajuizamento é tipicamente mais tênue, o subjuntivo, no qual, é mais característico e evidente. Ainda há o modo imperativo, em que esse juízo do emissor ganha ares de compromisso esperado do interlocutor. Em outras palavras, o indicativo lida com o que é factual, o subjuntivo, com possibilidades e suposições, o imperativo, com sugestões, orientações, pedidos, apelos. Importa destacar que o modo imperativo só é usado em contextos de interlocução, diferente do indicativo e do subjuntivo. Por isso, o imperativo não possui 1ª pessoa do singular nem 3ª pessoa representada por ele/ela, mas por você. Observamos que, no modo indicativo, temos a mais nítida definição de tempos verbais, logo me maior número nesse modo. No subjuntivo, encontramos uma situação intermediária. Já no imperativo, a própria noção de tempo verbal é suprimida, havendo tão somente uma forma afirmativa e outra negativa. Indicativo: - presente- pretérito perfeito- pretérito imperfeito- pretérito mais-que-perfeito- futuro do presente- futuro do pretérito Subjuntivo: - presente- pretérito imperfeito- futuro Imperativo: afirmativo e negativo Isso para as formas verbais ditas simples. Há também as formas compostas, das quais falaremos à frente. A formação de uma forma simples se dá tipicamente com estes elementos, exemplificados com o verbo regular viajar: Embora em linguagem corrente a distinção indicativo x subjuntivo venha diminuindo, persistem contextos claros de diferenciação de uso e de significado: - Procuro um restaurante que serve comida grega. Na primeira frase, com o verbo destacado no indicativo, a existência do restaurante não é posta em questão, tão somente sua localização; já no segundo exemplo, com destaque no subjuntivo, a própria existência do estabelecimento está posta no campo das suposições. O modo subjuntivo, no português, tem presença marcante, embora não exclusiva, em orações subordinadas. A noção temporal, nesse modo, é menos delimitada, sobressaindo-se em todos os tempos o valor de possibilidade, hipótese, suposição. Sobre o modo indicativo, é importante caracterizar que sua factualidade é gradativa. Assim, temos desde os pretéritos, em geral, correspondentes a fatos efetivamente até os futuros que, em maior ou menor escala, sempre correspondem a uma expectativa, um juízo de valor, aproximando-se do típico comportamento subjuntivo. Pretérito mais-que-perfeito Pretérito perfeito Pretérito imperfeito Presente Futuro do presente Futuro do pretérito Formas nominaisHá ainda as formas nominais, assim chamadas por sua propriedade de poderem, dadas vezes, comportarem-se como típicos nomes, sendo as seguintes: INFINITIVO: é a forma verbal por excelência, o verbo em seu estado mais neutro possível. Tem como desinência o –R final. Pode fazer as vezes de um substantivo. PARTICÍPIO: forma que indica tão somente ação/fato concluído. Em sua forma regular, apresenta o –DO final. Pode equivaler a um adjetivo. GERÚNDIO: expressa ação/fato em curso, tendo por desinência o –NDO final. Pode corresponder a um advérbio. Obs.: em termos de língua padrão, utiliza-se o particípio regular (em –DO) com sentido ativo, em geral com os verbos haver e ter: Tenho pagado essas contas. Já a forma irregular (de terminações variadas), é utilizada em sentido passivo, principalmente com os verbos ser e estar: Essas contas foram pagas. Quanto ao uso dos tempos simples do indicativo: PRESENTE: é o tempo coringa da língua portuguesa, aplicando-se a distintos usos. Os seus principais são:
PRETÉRITO PERFEITO X PRETÉRITO IMPERFEITO: a distinção entre ambos não é exatamente de tempo, mas de ponto de vista acerca do passado, ou seja, uma diferença na noção verbal conhecida como aspecto. Isso é o que estabelece a distinção de significado entre: Quando criança, brinquei naquele parque. (Perfeito) X Quando criança, brincava naquele parque. (Imperfeito) Na contraposição de exemplos acima, apreendemos da primeira frase o sentido de que, num momento específico do passado, se brincou na mencionada praça; ao passo que na segunda lidamos com o significado de que houve uma época do passado em que lá se brincou. Percebemos aí a clara distinção entre esses dois pretéritos: o perfeito indica fato concluso, pontual, específico no passado e o imperfeito, fato inconcluso, contínuo, inespecífico, também em relação ao passado. Quanto ao imperfeito, ainda encontramos, comumente, em linguagem corrente, o seu uso com valor de futuro do pretérito, em casos como: Se eu tivesse dinheiro, comprava aquele vestido. PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO: esse tempo verbal, por sua vez, já se contrapõe aos outros dois pretéritos por indicar um fato mais remoto no passado. Em outras palavras, corresponde a um passado anterior a outro fato já expresso em um forma pretérita. Vejamos o exemplo: Quando a mãe chegou em casa, as crianças já tinham dormido. Exemplo típico: dois fatos referentes ao passado, sendo o mais remoto deles o mais-que-perfeito, aqui mencionado em sua forma de tempo composto, de uso mais corrente. A esse respeito, cabe mencionar a gradação de formalidade nas formas do mais-que-perfeito, todas sinônimas entre si: estudara (mais formal)/ havia estudado (intermediário)/ tinha estudado (mais informal) Por conta da correlação temporal de que o mais-que-perfeito é materialização, esse tempo é típico de períodos compostos. FUTURO DO PRESENTE: corresponde à nossa própria intuição do que seja o futuro, ou seja, aquilo que está por vir, seja como expectativa, torcida, desejo. Possui três formas alternantes na língua atual: Estudará (cada vez mais restrita a contextos formais) FUTURO DO PRETÉRITO: remete a uma projeção de futuro, tendo por referência um fato passado, compare-se os dois exemplos seguintes: Jura que comparecerá. (Futuro do presente)Jurou que compareceria. (Futuro do pretérito) Na comparação acima, concluímos que a relação de referência que o futuro do presente mantém com o tempo verbal presente é da mesma natureza da que podemos verificar entre o futuro do pretérito e os pretéritos. Outro uso muito produtivo do futuro do pretérito é na típica construção de condição hipotética, em que esse tempo se correlaciona ao imperfeito do subjuntivo: Se soubesse de tua presença, traria teu convite. O futuro do pretérito apresenta ainda um uso estilístico em que se pretende a expressão de gentileza, polidez, com valor de presente, como em: Poderia me passar o sal?Por favor, você me daria licença? Quanto aos tempos compostos, ou seja, locuções verbais com clara expressão de tempo, temos:
Para finalizar a apresentação dos tempos compostos, é preciso um alerta sobre a construção chamada gerundismo, como em Vou estar resolvendo o problema. Tal uso é enfaticamente criticável em língua padrão, inclusive por apontar uma ação de progressão contínua e indefinida no futuro. Basta compararmos às formas Vou resolver o problema ou Resolverá o problema, que sugerem mesmo maior compromisso com a citada resolução. Só há sentido no uso dessa locução, se ela indicar, de fato, algo que, em projeção de futuro, seja simultâneo a dado intervalo de tempo: Amanhã, de oito às nove, não me ligue, pois vou estar dirigindo. Enfim, a formação do modo imperativo, que, em língua padrão, apresenta a seguinte formação, a partir dos presentes do indicativo e do subjuntivo:
Exercícios(UERJ - 2004) Resposta O modo indicativo declara a realização do fato, já o modo imperativo significa um convite ou apelo para que algo aconteça.(UNIRIO - 2010) No período: “E olhando, indagando, farejando, refletindo, o seu interesse cruza com o interesse de milhões de outras criaturas..." Escreva, em uma frase completa, qual é a contribuição semântica do uso dos verbos no gerúndio em paralelo ao verbo no tempo presente do indicativo. Resposta O emprego do gerúndio enfatiza um processo contínuo, inacabado, além disso, o efetivo de realizar a ação.(UNIRIO - 2010)“O grupo que reinará na Internet dominará o mundo da comunicação, da cultura e da educação de amanhã, com todos os riscos que isso trará para a liberdade de espírito dos cidadãos e para a democracia.”Reescreva a passagem acima mantendo os respectivos verbos e mudando o tempo/modo verbal de acordo com o novo marco temporal instaurado na frase:"O grupo que reinasse na Internet..." Resposta dominaria / iria dominar ou traria / pudesse trazer; formas verbais no Futuro do Pretérito do Indicativo.
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