O texto descreve uma nova forma de trabalho que surgiu No final do século XVIII caracterizado como

A Sociologia surgiu na primeira metade do século XIX, a partir das ideias do filósofo francês Auguste Comte. Comte entendeu que a sociedade europeia passava por um turbilhão de transformações desde o renascentismo e que a Revolução Industrial teria coroado o ápice das transformações.

Ademais, a necessária Revolução Francesa teria deixado um cenário caótico e instável, que necessitava de correção para que houvesse uma retomada do crescimento econômico, social, moral, científico e político do mundo. Comte formulou, então, as ideias positivistas, que foram o centro dessa primeira produção sociológica.

Porém, a Sociologia somente tornou-se uma ciência, de fato, com um método bem delimitado, a partir das ideias de Émile Durkheim, que foi considerado o primeiro sociólogo a rigor, enquanto Comte é considerado o “pai” da Sociologia.

O texto descreve uma nova forma de trabalho que surgiu No final do século XVIII caracterizado como
Émile Durkheim foi o fundador do método sociológico.

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Contexto histórico do surgimento da Sociologia

Uma série de fatores modificou a economia, a política e a sociedade europeia como um todo. Essa série de fatores desencadeou uma nova organização social que precisava ser compreendida por meio de um método de análise social. São os principais fatores históricos que influenciaram o surgimento da Sociologia:

  1. Renascimento: o renascentismo é o período de transição de uma Europa medieval para uma Europa moderna, que passa a valorizar mais a ciência e as artes, reconhecendo a distinção e a importância da razão e do conhecimento humano, além de separá-los os do conhecimento religioso.

  2. Surgimento do capitalismo: o mercantilismo, que consiste na primeira fase do capitalismo moderno, desencadeou uma série de fatores que modificaram o cenário europeu. Um deles foi a expansão marítima e comercial, que possibilitou um desenvolvimento econômico mais complexo e a exploração das colônias situadas nas Américas, na África, na Índia e em parte da Ásia.

  3. Iluminismo: uma nova concepção intelectual e política, surgiu com o iluminismo. As ideias de igualdade e de disseminação do conhecimento intelectual propagaram-se e trouxeram à humanidade o entendimento de que a evolução moral e social está diretamente ligada à evolução intelectual.

  4. Grandes revoluções: as revoluções ocorridas no século XVIII, de inspiração burguesa, como a Revolução Americana e a Revolução Francesa, (essa última inspirada por pensadores iluministas) trouxeram uma nova forma de se pensar no Estado e no governo, afastando o Antigo Regime e dando lugar ao republicanismo, o que alterou a lógica social e governamental.

  5. Revolução Industrial: houve uma alteração na configuração populacional devido à Revolução Industrial, pois a Europa, até então sumariamente rural, observava uma explosão demográfica nas cidades devido à abertura de indústrias, principalmente na Inglaterra. Os grandes centros urbanos que surgiram repentinamente não tiveram estrutura para abrigar tantas pessoas, e os postos de trabalho também não foram suficientes para todos, o que desencadeou problemas sociais e sanitários, que deixaram como rastro doenças, fome, miséria, desigualdade social e alta taxa de criminalidade. Concomitantemente com os fatores negativos, a Revolução Industrial promoveu uma série de benefícios ligados ao desenvolvimento tecnológico, que promoveram um maior conhecimento técnico especializado e a capacidade de produção em larga escala, o que propiciou o crescimento populacional.

Diante de tantas mudanças que tornaram a vida nas cidades mais complexa, era necessário estabelecer uma forma de entender essa nova Europa, mais desenvolvida em certos aspectos e problemática em outros.

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Diante dos fatores que influenciaram o surgimento da Sociologia, a Revolução Francesa ocupa um papel de destaque. Os revolucionários acabaram com o Antigo Regime francês e abriram os olhos do mundo para a necessidade de uma política menos exclusiva, que não operasse por meio de um sistema estratificado e que não se justificasse na suposta vontade divina.

Houve, com a Revolução Francesa, o estabelecimento de uma política laica. Para dar lugar à justificação divina e fundar um Estado de Direitos, a França passou a pensar em um sistema político baseado em ideais racionais que abarcassem a totalidade da população.

O cenário pós Revolução Francesa, no entanto, ficou caótico. A instabilidade política deixou marcas severas no modo de vida dos franceses, no início do século XIX. Havia a necessidade de uma reordenação que tornasse a vida econômica, política e social mais estável, e esse foi, talvez, o maior motivador da criação do positivismo, por Auguste Comte. Essa teoria deu o impulso inicial para a criação da Sociologia, que no início era chamada por Comte de Física Social.

Segundo Comte, a Física Social deveria ser uma ciência tão rigorosa como as Ciências Naturais, copiando o método delas, que seria capaz de entender a complexa sociedade europeia para reordená-la e colocá-la novamente nos trilhos do desenvolvimento.

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Ilustração retrata a tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789, na cidade de Paris. A Queda da Bastilha deu início à Revolução Francesa.

O surgimento da Sociologia como ciência

Apesar da intenção de Comte, a Sociologia não se firmou como uma ciência capaz de esgotar os estudos de uma sociedade tão complexa. Émile Durkheim, considerado o primeiro sociólogo, foi o responsável por estabelecer um método preciso e rigoroso que alavancasse os estudos sociológicos e colocasse a nova ciência no rol das ciências autênticas.

Para Durkheim, as ideias de Comte eram muito mais próximas de uma abstração filosófica do que do rigor de uma ciência, o que impossibilitava o crescimento científico da Sociologia. Mediante um método comparativo que visava a buscar os fatos sociais que marcavam as diferentes sociedades e compará-los. Isso a fim de entender os diferentes funcionamentos sociais e compreender os diferentes modos de coesão social, Durkheim fundamentou a Sociologia como um estudo autônomo e rigoroso.

O surgimento da Sociologia no Brasil

Antonio Candido|1|. estabeleceu que houve dois momentos importantes na Sociologia brasileira, um entre 1890 e 1940, e outro a partir de 1940, tendo como intermediária a década de 1930. Segundo Candido, o primeiro período não era movido por sociólogos especialistas, mas por estudiosos diletantes que intentavam conhecer a cultura e a sociedade brasileira de modo global.

A partir de 1933, estudiosos de Sociologia passaram a fomentar uma produção sociológica brasileira mais especializada. Eles eram formados pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, instituição mais tarde vinculada à USP, e a própria USP, que em sua fundação no ano de 1934, trouxe ao Brasil diversos professores franceses já habituados à pesquisa sociológica, política e antropológica.

No início, destaca Candido, a Sociologia era estudada por juristas que tinham como objetivo estabelecer novos parâmetros para um Estado brasileiro, pautados pelo Evolucionismo e por uma política democrática.

Depois, estudiosos como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior publicaram obras centrais da Sociologia brasileira, que transitam entre a Sociologia e a História. Florestan Fernandes foi um dos primeiros sociólogos de destaque formados nessa primeira geração de sociólogos brasileiros.

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Resumo

A Sociologia surgiu na França com as ideias de Auguste Comte para uma reordenação social, devido à instabilidade política deixada pela Revolução Francesa e por fatores que mudaram a configuração social europeia. Apesar de Comte ser o “pai” da Sociologia, foi Durkheim quem criou um método de análise social capaz de estabelecer a Sociologia como ciência autêntica.

No Brasil, a Sociologia adentra no fim do século XIX, mas ganha força no início do século XX, com pensadores como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr.

Uma nova geração de sociólogos brasileiros mais especializados no assunto surgiu a partir de 1933, com a fundação da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, e 1934, com a fundação da USP, que trouxe ao Brasil diversos sociólogos franceses para integrar o corpo docente da universidade. O nome de maior destaque dessa primeira geração de sociólogos da USP é Florestan Fernandes.

|1| CANDIDO, A. A Sociologia no Brasil. In: Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v. 18, n. 1.

Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia

A Revolução Industrial foi um processo histórico iniciado na Inglaterra no século XVIII, principalmente, sendo comumente associado ao início do modo de produção capitalista. Essa revolução consistiu primordialmente no desenvolvimento de novas técnicas de produção de mercadorias, com uma nova tecnologia, e em uma nova forma de divisão social do trabalho.

As bases da Revolução Industrial estão na passagem das corporações de ofício da Idade Média para a produção em manufaturas. Nas corporações de ofícios, os artesãos detinham individualmente suas ferramentas e matérias-primas, trabalhando sob a supervisão de um mestre-artesão. Na manufatura, esses mestres-artesãos passaram a deter a propriedade dos meios de produção, transformando os demais artesãos em trabalhadores assalariados.

Houve ainda outros fatores que contribuíram para a Revolução Industrial, como a produção rural doméstica, onde um comerciante levava matérias-primas para as famílias transformarem-nas em mercadorias, sendo que se pagava um montante de dinheiro por essa transformação. Ao longo do tempo, esse processo foi se expandindo, gerando acumulação de capital e fortalecendo a classe social dos burgueses, detentores dos meios de produção e controladores do tempo de trabalho alheio – o que antes era detido pelos artesãos –, constituindo a classe dos trabalhadores, que não controlava seu tempo de trabalho e recebia por esse mesmo tempo de trabalho um salário.

Outra consequência dessa transformação foi o fato do conhecimento detido pelo artesão sobre todo o processo de produção de uma mercadoria, do trabalho da matéria-prima até sua venda, ter sido parcelado, gerando o que se convencionou denominar de divisão social do trabalho. Cada trabalhador executava apenas uma parte do processo de produção, cabendo ao burguês o controle global de todo o processo.

A consequência dessa divisão do trabalho foi a possibilidade de acumulação de capital pelo burguês, decorrente da exploração da mais-valia produzida pelo trabalhador, que consistia no pagamento de um valor pelo tempo de trabalho menor do que ele produziu durante toda sua jornada.

A produção de mais-valia e a acumulação de capital permitiram investimentos em pesquisas científicas voltadas a aprimorar as técnicas de produção. O principal resultado desses investimentos foi o surgimento de uma nova maquinaria, movida inicialmente a vapor, e a utilização de novas matérias-primas, principalmente carvão e o ferro. Essa nova tecnologia de maquinário aprofundou a divisão social do trabalho e ampliou a exploração do trabalhador, pois houve o aumento da produtividade, criando a grande indústria.

O desenvolvimento industrial na Inglaterra ainda foi fomentado com a expulsão de um grande contingente de camponeses da zona rural, em um fenômeno ocorrido em meados do século XVIII e conhecido como cercamentos. Com os cercamentos, os camponeses foram expulsos de suas terras para a produção agropecuária, sendo obrigados a se deslocarem para as cidades.

Com isso, houve um crescimento urbano vertiginoso no Reino Unido, aliado ao processo de industrialização. Mas as condições de vida e trabalho eram péssimas. Os trabalhadores laboravam e habitavam locais insalubres e recebiam baixos salários. Dessa situação resultaram greves e lutas por melhores condições de vida, em casa e nas empresas. Os burgueses foram obrigados a aceitar algumas reivindicações e a reprimir duramente outras. Dessa experiência, os trabalhadores puderam desenvolver uma consciência econômica e política de sua situação social, formando-se enquanto uma classe social específica, o operariado. A partir desse confronto cotidiano entre burguesia e operariado foi se desenvolvendo a sociedade capitalista, dando fôlego à Revolução Industrial.

Durante o século XIX, novos mercados consumidores e de fornecimento de matérias-primas foram conquistados no que se convencionou chamar de imperialismo. Por outro lado, novos países investiram na industrialização, principalmente na Europa Ocidental e os EUA, ampliando o espaço geográfico da Revolução Industrial. Com as descobertas do petróleo e outros produtos na área química, bem como a eletricidade e o aço, um novo surto industrial se verificou no final do século XIX, conhecido como Segunda Revolução Industrial.

Esse avanço tecnológico foi também uma resposta às lutas dos trabalhadores no século XIX, que pretenderam melhores salários e participação política, sendo que as lutas por esses objetivos foram vencidas também com melhorias salariais, que tornavam necessário o aumento da produtividade para serem recuperadas, em novo nível de acumulação de capital.

O capitalismo continua se desenvolvendo até os dias atuais, como consequência da primeira Revolução Industrial. Uma Terceira Revolução Industrial é apontada com o aprimoramento da tecnologia informacional, principalmente depois da década de 1970.