A história da música popular paraense

O Brasil é um país marcado por sua diversidade: temos diversas origens no nosso sangue e, consequentemente, nossa cultura se desenvolveu extremamente variada. O que é mais bonito de ver é que cada estado também tem suas particularidades, mesmo que muitas pessoas nem conheçam.

Um desses casos é o Pará, estado que fica na região norte do Brasil e possui paisagens incríveis, uma culinária marcante e vários estilos musicais muito característicos. Dá para entender melhor só de lembrar da Banda Calypso e seus maiores sucessos ao longo dos anos, o que rendeu performances icônicas e músicas que viraram grandes hinos, como A Lua Me Traiu, por exemplo. 

Mas os ritmos do Pará vão muito além disso e todos eles possuem uma raiz histórica muito interessante de conhecer melhor. Vamos conhecer juntos a diversidade musical que existe no estado?

Quais são os ritmos do Pará?

A região norte do Brasil, onde o Pará está localizado, tem grande influência da cultura indígena. Isso porque é a região com maior número de pessoas que se autodeclaram indígenas e, por isso, mantêm seus costumes até hoje, passando-os de geração em geração.

E os ritmos do Pará absorvem muito dessa cultura, por isso são tão únicos quando analisamos em comparação ao resto do país — e você vai perceber isso em breve! Está pronto para aprender um pouco de história e diversidade por meio da música? Vem que a gente te explica tudo direitinho sobre os principais ritmos do Pará!

Carimbó

Se você está se perguntando “qual é o estilo de música mais popular do Pará?”, o carimbó é uma das principais respostas, com toda certeza.

O ritmo tem influência indígena e pelo próprio nome já dá para perceber isso. Carimbó, ou curimbó, tem origem na língua tupi, em que “curi” é pau oco e “m’bó” é furado.

Curimbó também é o nome do tambor que marca o estilo musical, mas também existem vários outros complementos, como o maracá, complementando o ritmo rápido e perfeito para dançar. Ao longo do tempo, com a modernização da sociedade e da música, o carimbó foi mudando cada vez mais, mas sempre mantendo sua essência.

Hoje é possível perceber que as batidas clássicas do tambor estão unidas às guitarras e instrumentos de sopro, como o saxofone, gerando uma mistura inconfundível.

Uma grande referência do carimbó é Dona Onete, uma grande artista paraense que usa elementos culturais para dar vida às suas músicas. Inclusive, ela já chegou a ser professora de História e Estudos Paraenses, ou seja, dá para ver que ela tem propriedade no assunto!

Lambada

Um erro comum é as pessoas acharem que a lambada tem origem baiana quando, na verdade, é um grande marco da música paraense. 

Inclusive, o estilo é uma derivação do carimbó, que falamos anteriormente, além de ser um ritmo paraense com influências caribenhas, como o reggaeton. É possível perceber isso tanto na música quanto na dança típica do Pará, marcada por duplas que dançam abraçadas enquanto seguem o ritmo — às vezes mais lento, outras vezes mais acalorado.

Uma curiosidade que vale a pena mencionar é que o ritmo lambada se popularizou a partir do lançamento da música de mesmo nome lançada pela banda Kaoma, mas que se popularizou como Chorando Se Foi. Ela é uma adaptação de Llorando Se Fue, do grupo boliviano Los Kjarkas, e virou uma sensação mundial no final da década de 1980.

Tecnobrega

Como o próprio nome já dá a entender, o tecnobrega — ou tecnomelody — é um dos ritmos musicais brasileiros com maior mistura de elementos. Ele tem um caráter altamente comercial, já que tem base nos estilos pop e eletrônico, mas não deixa de lado a herança cultural paraense. Nas músicas, é possível perceber que há características do carimbó, que já conhecemos anteriormente, mas também do brega, por exemplo.

O resultado costuma variar bastante, já que também é necessário ter a marca artística de cada banda ou cantor, mas costuma ser uma música agitada e com grande foco na letra. Aqui a melodia é importante, mas os versos também são responsáveis por darem a ideia de progressão e, geralmente, contam alguma história divertida. 

Gaby Amarantos foi uma das principais responsáveis por fazer com que o tecnobrega se tornasse um dos principais ritmos musicais do Pará.

Em seu disco mais recente, o Purakê, ela dá vida ao estilo da melhor forma possível: com muita variedade, indo de músicas tristes à felizes, e com parcerias incríveis, como a própria Dona Onete — referência do Carimbó.

Siriá

Assim como todos os ritmos musicais brasileiros, o siriá é fruto de várias culturas unidas em um só lugar e outras que foram sendo implementadas ao longo do tempo.

Por ter proximidade com o carimbó, fica óbvio que existe uma herança indígena por trás, além da influência dos povos negros que, ainda no período da escravidão, usavam a música para lembrar da terra natal, como a história do samba também nos mostra.

O siriá tem um significado muito bonito: em sua origem, a dança do Pará, assim como a música, remetia ao amor e à gratidão. Era uma forma de se expressar os sentimentos de maneira artística e é possível perceber isso até hoje. 

Para conhecer um pouco mais do siriá, fica a recomendação de ouvir Pinduca! É um astro dos ritmos do Pará e traz uma grande carga de cultura a cada nova música.

Brega Funk

Assim como o tecnobrega, o brega funk já deixa bem claro o que ele explora: uma mistura inteligente e divertida do pop, um ritmo extremamente comercial, mas com uma pitada de brega, um dos ritmos musicais mais populares na região norte do Brasil.

Um diferencial interessante do estilo em comparação aos que foram citados anteriormente é que ele é altamente coreografado. Ou seja, as músicas são feitas para gerar passos que se popularizam facilmente e ajudam o artista a ganhar cada vez mais alcance, principalmente com a ajuda de plataformas como o TikTok, por exemplo, em que as dancinhas detêm um grande alcance.

Quem possui grande destaque quando falamos do brega funk é MC Loma e as Gêmeas Lacração, uma das referências da nova geração da música pop. Mesmo que tenham sumido da grande mídia, elas fizeram história com uma maquiagem chamativa e poucos reais no bolso.

Guitarrada

A guitarrada possui grande proximidade com alguns dos outros ritmos do Pará que mencionamos, como o carimbó, a lambada e até mesmo o brega. No entanto, o que o diferencia de todos os outros, como seu próprio nome já diz, é a guitarra elétrica, já que neste estilo de música paraense ela aparece como o grande destaque.

Assim como o tecnobrega, por exemplo, que une dois estilos bem diferentes, a guitarrada também faz isso, mas longe de perder suas raízes culturais. Ou seja, o ritmo é mais forte por conta da guitarra, mas os elementos paraenses e até mesmo a influência caribenha são mostrados através dele.

Para conhecer melhor a guitarrada, nada melhor do que ouvir Mestre Vieira, considerado o criador de um dos principais ritmos do Pará. A forma com ele entrelaça características culturais com a guitarra elétrica é surpreendente, principalmente pelas obras terem sido lançadas na década de 1970.

Ritmos brasileiros além do Pará

O Brasil é muuuito grande, tanto em relação ao território quanto à cultura espalhada em nosso país. Se só no Pará existe toda essa diversidade que você acabou de ler, imagine nos outros estados?

Apesar da peculiaridade de cada lugar, existem ritmos que furam a bolha e se popularizam em vários lugares ao mesmo tempo. Quer saber quais são os principais gêneros musicais do Brasil? Preparamos um texto bem completo para tirar as suas dúvidas!

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