Qual foi o primeiro país a se tornar independente na América Espanhola explique como ocorreu

O precursor da independência da América espanhola foi Francisco de Miranda, militar de Caracas. Profundamente influenciado pelos ideais liberais, serviu no Exército Real Espanhol e lutou na Guerra de Independência dos EUA. Depois da guerra, viveu alguns anos nos Estados Unidos. Foi amigo de Thomas Jefferson e, segundo algumas fontes, teria sido iniciado na maçonaria por George Washington.

No final do século XVIII, Miranda viajou por várias cortes europeias, buscando apoio a causa de independência da América. Participou de batalhas na Revolução Francesa entre 1791 e 1792, e chegou a conhecer pessoalmente Napoleão Bonaparte, que teria dito sobre ele: "Esse homem carrega uma chama sagrada na alma".

Em 1797 fundou em Londres (com representações em Madri, Cadiz e Paris) um grupo chamado de Logia Gran Reunión Americana, seguindo o modelo maçônico, com o objetivo de preparar as lutas pela independência da América espanhola. Dessa loja, sede inglesa, participaram Simón Bolívar, Bernardo O`Higgins e José de San Martín, que se tornariam líderes dos movimentos de independência americana.

Grande Colômbia

Francisco de Miranda concebia a formação de um grande império latino-americano, que compreenderia desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina, e teria o nome de Colômbia, em homenagem a Cristóvão Colombo. Enfim, em 1806, partindo dos Estados Unidos e contando com o apoio britânico, desembarcou em Coro, porto da Venezuela, pronto para pôr seus planos em ação. Nesse episódio, vale lembrar, a bandeira da atual Venezuela era o estandarte dos revolucionários.

Contudo, nesse momento, a elite criolla da Venezuela ainda não desejava a independência nem via com bons olhos o apoio estrangeiro à causa de Miranda, pois temia uma simples mudança de metrópole (da Espanha para a Inglaterra). Assim o líder revolucionário não conseguiu apoio e teve que fugir dez dias depois de seu desembarque.

Inicio da luta pela independência

Em 1808, quando Napoleão Bonaparte aprisionou o rei espanhol Fernando VII e impôs seu irmão, José Bonaparte, como rei da Espanha, a elite criolla venezuelana vislumbrou a possibilidade da formação de um cabildo abierto em Caracas, ou seja, um cabildo com a livre participação de criollos.

Essa era uma questão política que afligia os criollos há muito tempo, pois só os espanhóis de nascimento - os chapetones -, mandados para a América pela coroa espanhola, tinham plenos direitos políticos nas colônias. A crise espanhola abriu uma brecha no sistema de dominação metropolitana, e os criollos queriam se aproveitar dela para poder assumir o controle local.

Dessa forma se instaurou na Capitania Geral da Venezuela um conflito: de um lado, os espanhóis e os comerciantes, chamados de realistas, ligados diretamente ao mercado espanhol, que defendiam a submissão de Caracas às Cortes Espanholas; do outro lado, os criollos, chamados de patriotas, que queriam a autonomia da capitania.

Um ano antes, em 1807, Simón Bolívar, um militar criollo venezuelano, tinha retornado a Caracas. Na Europa frequentara reuniões liberais, algumas delas em companhia de Francisco de Miranda. Bolívar era um grande defensor da independência americana e, nesse processo, passou a ser um dos líderes dos patriotas.

Em janeiro de 1809, um novo governador chegou à Capitania da Venezuela, Vicente Emparan. Como era muito difícil a comunicação entre a Espanha e a América, os venezuelanos não sabiam ao certo se Emparan era um representante das Juntas Espanholas (a favor de Fernando VII) ou um político afrancesado (nome dado aos que defendiam a dominação francesa sobre a Espanha).

Nessa situação, em 19 de abril de 1810, os criollos de Caracas decretaram a formação de uma Junta Governativa, obrigando Emparan a renunciar ao governo da Capitania e expulsando todos os espanhóis da administração e do território venezuelano.

El Libertador

Num primeiro momento a Junta Governativa de Caracas se declarou fiel a Fernando VII, mas quando as Cortes Espanholas tentaram bloquear os portos venezuelanos, o novo governo passou a lutar pela independência. Em julho de 1811 a Junta Governativa de Caracas decretou seu Ato de Independência, liderada por Cristóbal Mendonza. Bolívar convocou Francisco de Miranda para assumir o exército venezuelano, e Miranda acabou sendo aclamado ditador da Venezuela.

A reação espanhola foi violenta e Miranda, a fim de evitar um banho de sangue, assinou a rendição, em julho de 1812.

Os patriotas venezuelanos viram Miranda como traidor (inclusive Bolívar), e por isso o prenderam e o entregaram aos espanhóis. Por alguns meses a Coroa Espanhola retomou o controle da Capitania Geral da Venezuela. Mas em 1813, Bolívar que tinha se exilado na Colômbia invadiu o território e tomou Caracas. Tornou-se, então, presidente, aclamado como "El libertador".

Nos países vizinhos, revoltas lideradas por elites locais resultaram em regimes republicanos. O 'Nexo' falou com um professor de relações internacionais sobre o legado desses processos

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A Independência da América Espanhola se deu em um contexto de repressão interna pela metrópole espanhola e fatores econômicos externos relacionados à Inglaterra. Fatores sociais, políticos e econômicos já desencadearam revoltas desde o início do século XVIII e tudo isso somado aos pensamentos Iluministas que chegavam à América.

Neste artigo sobre a Independência da América Espanhola, você encontrará:

  1. Contexto histórico da Independência da América Espanhola: social e econômico
  2. A influência do Iluminismo
  3. Principais representantes do movimento
  4. Antecedentes, causas e desfecho da Independência da América Espanhola
  5. Resumo final
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Resumo da Independência da América Espanhola

Esta é a versão curta, para mais detalhes continue lendo o artigo para ver a versão completa.

Causas

  • Repressão da metrópole em todos os contextos
  • Enfraquecimento da Espanha pela expansão Napoleônica
  • Influência do Iluminismo
  • Liberalismo e capitalismo do USA: substituir o pacto colonial pelo livre comércio
  • Financiamento Inglês
  • Apoio militar do Haiti

Consequências

  • Aristocracia criolla governando tudo
  • Economia continuou dependente
  • Manutenção da estrutura social
  • Fragmentação da América Latina

Personalidades importantes

  • Tupac Amaru, um dos primeiros a criar revoltas participação popular
  • Simón Bolívar, precursor de um movimento organizado
  • José de San Martín, mesma campanha de Bolívar, só que pelo lado sul

Primeira etapa da Independência (1810 – 1816)

  1. Eclodem revoltas populares no México lideradas pelos padres Hidaldo e Morelos, mas foram reprimidas rapidamente.
  2. Em 1811 o Congresso Geral de Caracas proclamou a Independência da Venezuela. Os líderes Simón Bolívas e Miranda são derrotados e os espanhóis dominam novamente.
  3. Uma junta subiu ao poder na Argentina após a deposição do vice-rei e foi declarada a independência no Congresso de Tucumán em 1816.
  4. Os levantes no Chile e na Colômbia foram reprimidos.
  5. O Paraguai declarou independência em 1813 sob a chefia de Gaspar de Francia.

Segunda etapa da independência

  1. O padre Hidalgo foi preso e fuzilado. O padre José Maria Morellos assumiu a liderança do movimento e proclamou a independência do México em 1821.
  2. Com as vitórias de San Martin em Chacabuco e em Maipu, os rebeldes chilenos declaram a independência do Chile.
  3. Com a vitória de Bolívar em Boiacá a Colômbia também se torna independente.
  4. O Peru foi libertado em 1821, por José de San Martin com a ajuda do lorde inglês Cochrane.
  5. Bolívas e San Martin conseguem vitórias em Casabobo (1821) e Aiacucho (1824), assegurando a independência da Venezuela e da Bolívia.

Datas de emancipação das colônias do continente americano:

  • Estados Unidos – 1776
  • Canadá – 1867
  • Haiti – 1804
  • Argentina – 1810
  • Paraguai – 1811
  • Chile – 1818
  • México – 1821
  • Peru – 1821
  • Brasil – 1822
  • Bolívia – 1825
  • Uruguai – 1828
  • Equador – 1830
  • Venezuela – 1830
  • Nova Granada – 1831
  • Costa Rica – 1838
  • El Salvador – 1838
  • Guatemala – 1838
  • Honduras – 1838
  • República Dominicana – 1844
  • Colômbia – 1886
  • Cuba – 1898
  • Panamá – 1903

Abaixo a versão completa e detalhada do processo de independência da América Espanhola.

Contexto histórico da Independência da América Espanhola

O contexto histórico de todo acontecimento sempre vem de diferentes setores: político, econômico, social , etc. Por isso, vamos conhecer cada um deles especificamente:

Contexto social

Desde a Colonização da América Espanhola, a maior parte dos colonos implantaram um regime duro e violento contra os nativos e os trabalhadores trazidos de outros locais, eles viviam sob a escravidão. Os índios, os africanos e os mestiços estavam fartos das péssimas condições de trabalho, da miséria e da falta de dignidade humana. 

Desde o início da Colonização, cerca de 300 anos antes da independência, sempre houve revoltas contra essas questões internas. Neste contexto, não foi diferente e as revoltas acabaram mobilizando mais setores populares das colônias hispânicas. 

Contexto político e econômico – Mundial e Nacional

Ao assumir o poder na França em 1799, Napoleão Bonaparte começou a se mostrar autoritário: iniciou a dominação de toda a Europa e o único país que tinha poder para enfrentá-lo era a Inglaterra.

A Inglaterra era poderosa por sua economia e as tropas francesas não tinham poder bélico para derrotá-la, então, Napoleão apelou para a questão econômica: decretou em 1806 o Bloqueio Continental.

Isso significava que os demais países europeus estavam proibidos de comercializar com a Inglaterra. 

A Espanha não aceitou e por isso foi invadida em 1808. O então rei Fernando VII foi deposto e o irmão de Napoleão, José I, foi colocado para governar a Espanha e suas Colônias.

As colônias resistiram à ocupação francesa, mas a consequência foi o enfraquecimento das relações de poder entre os espanhóis e a colônia.

Além disso, os Estados Unidos e Inglaterra tinham grandes interesses econômicos nas colônias, o que só seria possível com o fim do monopólio espanhol na região. Agora, mais do que nunca, a Inglaterra precisava expandir e tentar retomar o mercado perdido com o Bloqueio.

Influências do Iluminismo

Desde a Revolução Francesa novos valores surgiram em prol da igualdade e da liberdade a todo custo. Esta revolução foi inspirada nos ideais do Iluminismo, uma corrente desenvolvida pouco antes que questionava diretamente o pacto colonial, o poder das monarquias e o mercantilismo.

O Iluminismo tinha como uma das principais pautas a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de determinadas classes sociais.

Os Criollos eram os filhos de espanhóis nascidos na colônia e o simples fato de terem nascido em outro território fazia com que tivessem direitos a menos que os Chapetones, aqueles que vinham diretamente da Espanha.

Ainda assim, os Criollos tinham mais oportunidades que as demais classes populares da colônia e também eram considerados como elite, abaixo apenas dos Chapetones. Dessa forma, tiveram acesso à escrita, à leitura e aos ideais vindos da Europa. Foram diretamente influenciados pelo Iluminismo e viam nele sua justificativa para ascensão.

Revoltas que levaram à Independência da América Espanhola

Neste contexto cheio de interesses internos e externos, logo após um enfraquecimento do domínio da metrópole, foi inevitável que revoltas surgissem mais ainda do que antes.

Como foi dito, as primeiras revoltas eram contra as más condições e sempre existiram. Contudo, os ideias iluministas foram propagados pelas classes populares e somou-se a vontade de emancipação e separação da colônia.

Esse movimentos e revoltas populares podem ser divididos em três fases:

  • Movimentos precursores – 1780 a 1810
  • Rebeliões fracassadas – 1810 a 1816
  • Rebeliões vitoriosas – 1817 a 1824

Embora tenham ocorrido de maneira desorganizada e intempestiva, as primeiras ações receberam duras repressões da metrópole, pois ajudaram os moradores das colônias a questionarem o sistema de exploração e criaram as condições para as futuras guerras.

Entre as principais revoltas está a liderada por Tupac Amaru II, que lutava desde 1780 pela independência do atual Peru. 60 mil índios foram mortos e Tupac foi preso e executado. 

Com isso, novas revoltas parecidas ocorreram (1783) e foram igualmente reprimidas na Venezuela e no Chile. O principal líder da atual Venezuela foi Francisco de Miranda (1750-1816) que em 1806 deu os primeiros passos para a independência. 

Rebeliões Fracassadas (1810 a 1816)

José Bonaparte (1778-1844) assumiu o trono espanhol em 1808. Mas os espanhóis fiéis ao rei decidiram resistir ao domínio francês e se reuniram em Cádiz.

Os criollo, por meio dos cabildos, garantiram lealdade ao rei Fernando VII e não aceitaram o francês no trono da Espanha.

Não só por liberdade eles lutaram, mas por liberdade. Isso começou em 1810, quando eles entenderam que poderiam ser emancipados.

Ainda não havia apoio da Inglaterra, que estava lutando contra Napoleão Bonaparte. O apoio da Grã-Bretanha veio somente em 1815 quando Napoleão fora derrotado.

Os levantes duraram de 1817 até 1824.

Rebeliões Vitoriosas (1817 a 1824) – A conquista da Independência da América Espanhola

É nesse momento que a mobilização ganha organização e apoio unificado. A Espanha ainda tentou restaurar sua autoridade impondo novas medidas, mas isso só causou mais desgosto e foi o estopim do levante final, liderado pela elite Criolla, apoiada pelas classes populares e financiada pela Inglaterra.

As causas da Independência da América Espanhola foram:

  • Influência do Iluminismo e dos EUA;
  • Desejo de substituir o pacto colonial pelo livre comércio;
  • Expansão do Império napoleônico que ocupou a Espanha;
  • Apoio militar do Haiti;
  • Financiamento pela Inglaterra;
  • Repressão da metrópole.

Os dois dos maiores líderes criollos da independência foram Simón Bolívar e José de San Martin. Um organizou os exércitos na porção norte da América e o outro ao sul.

Simón Bolívar (1783-1830) atuou diretamente na independência de Colômbia, Equador e Venezuela e em troca do apoio militar fornecido pelos haitianos, se comprometeu a abolir a escravidão em todos os territórios que conquistasse.

Já a Argentina, o Chile e o Peru foram libertados por José de San Martín (1778-1850). 

Ambos os líderes se encontraram em Guayaquil, em 27 de julho de 1822, a fim de combinar estratégias políticas para os novos países.

Desfecho e consequências da Independência da América Espanhola

Mesmo com a independência das colônias, não houve radical transformação das estruturas socioeconômicas vivida pelas populações latino-americanas.

Alguns problemas que permaneceram foram a dependência econômica em relação às potências capitalistas e a manutenção dos privilégios das elites locais.

Os novos países reuniram-se no Congresso do Panamá e Simon Bolívar defendeu um projeto de integração política-econômica entre as nações latino-americanas.

Porém, os Estados Unidos e a Inglaterra se opuseram porque ameaçava seus interesses econômicos no continente.

Com a maioria das colônias espanholas independentes, os Estados Unidos proclamaram a Doutrina Monroe, que tinha o lema “América para os Americanos“.

Isso significava o combate às intervenções militares dos países europeus nas nações do continente americano.

Contudo, algumas décadas mais tarde, os próprios americanos expulsaram os espanhóis de Porto Rico e Cuba, fazendo uma espécie de Doutrina Monroe para si próprio já que tinha interesse econômico na área.

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