Dizem por aí que existem dois lugares para um ser humano no mundo: a sua zona de conforto e a área onde a mágica acontece. Propositalmente, essas linhas nunca se tocam, pois o que traz conforto não vai ser diferente – e, sem algo diferente acontecendo, não há como esperar resultados melhores. Show
Na psicologia, a melhor definição para a zona de conforto é a repetição de padrões e comportamentos. A gente tende a fazer exatamente aquilo que não nos cause medo ou ansiedade, por motivos óbvios, que podem ser resumidos em apenas um: qualquer ameaça ao nosso instinto de estabilidade não é bem-vinda. Gostamos de montanhas russas, paraquedas e outras atividades radicais, mas nem pensar sair de um relacionamento no qual somos infelizes sem ter algo de concreto no horizonte. Na vida profissional esse drama se repete. Quantos de nós não ficaram (ou estão) em empregos medíocres por medo do desemprego? Também não é curta a lista de pessoas que desistiram de fazer o que realmente sonharam porque ganhariam menos do que no trabalho que não lhes preenche. E o pior é que, em grande parte das vezes, custamos a perceber que estamos acomodadinhos no nosso conforto, até porque o sofá metafórico da nossa vida está tão gostoso que não olhamos pros lados, bem menos pra dentro. Só olhamos a vida pela perspectiva do “amanhã tem tudo para ser pior”, quando a humanidade caminha por uma estrada focada no contrário disso. Não se desespere: estamos aqui pra te ajudar a entender os sinais de que você está na zona de conforto. E, se você identificar que precisa mudar, mas não sabe por onde começa, no fim você encontra uma razão para sair de lá imediatamente. Sabemos que não é fácil se sentir incomodado com a mudança (mesmo que seja boa) e achar que há luz no fim do túnel. Mas pode confiar: vai valer a pena. Os 5 sinais de que você está na zona de conforto#1 Sua carreira está empacadaSe você reclama constantemente de que nunca consegue uma promoção ou uma entrevista para um emprego melhor, isso provavelmente significa que você está na zona de conforto. Nela você não sente – ou não vê – nenhuma necessidade de se atualizar, fazer cursos ou mostrar um trabalho de maior qualidade, e não consegue entender, no fim do dia, porque é que não está sendo valorizado. Em alguns casos você não consegue se reposicionar com sucesso porque a área está em recessão, mas não se engane: na grande maioria das vezes o problema está no nosso desinteresse, causado justamente pela acomodação. #2 Você se sente triste ao acordarSe ir para o trabalho se tornou uma lástima, esse é um sinal piscando em vermelho de que você vive na zona de conforto. Afinal, sua carreira não te traz mais desafios, ou você não gosta do seu chefe ou colegas e, mesmo assim, ainda nem aventou a possibilidade de sair da empresa. As desculpas são sempre as mesmas: não gosto, mas paga bem, tem plano de saúde e não sou mais jovem para conseguir melhores empregos. A mesma coisa acontece com empreendedores que não suportam mais seus clientes ou área de atuação e não se arriscam em novas possibilidades porque estão seduzidos por salários ou benefícios confortáveis. Não é porque a zona de conforto se chama assim por não te causar medo que ela não tenha o poder de te deixar triste. #3 Ninguém vê o propósito no que você fazSe você não consegue explicar o que te dá tesão nos seus dias, seja pelo lado profissional ou pessoal, é bem provável que tenha caído em um limbo de conforto sem fim. Afinal, quem faz coisas para as quais não vê o menor sentido deveria parar de fazê-las, certo? Se for confortável fazer mesmo assim (pelo pagamento, pelo benefício afetivo ou social, pelo status) você vai continuar fazendo. E viver vai parecer um saco, mesmo. #4 Seu dinheiro termina antes do mêsQuem tem metas de curto, médio ou longo prazo na vida, seja comprar um novo aparelho telefônico ou se mudar de país, começa a gerir suas finanças de forma mais responsável – e fica feliz ao fazer isso, pois está olhando mais a frente. Quando não temos nenhuma meta a perseguir, gastamos tudo o que ganhamos com coisas das quais nem iremos lembrar daqui a uma semana. Você pode até pensar que seu salário termina antes do dia 30 porque ele é muito pequeno, mas a resposta correta pode ser sua zona de conforto… #5 Você não produz com eficáciaSeus colegas, seu chefe e sua família andam dizendo que você já teve melhores momentos? Se você se sente tão desmotivado a ponto de não produzir o que quer que seja com a mesma excelência de antes, isso pode significar que você está confortável na sua própria mediocridade. Não seja essa pessoa. Persiga o que te faz se sentir mais valorizado, mais importante, mais necessário e agarre novas oportunidades com unhas e dentes. E uma razão para sair delaFalar que você pode ganhar mais, descobrir novas oportunidades e crescer na carreira é chover no molhado: assim como quem fica um tempo sem fazer atividade física e começa novamente a praticar esportes, os resultados podem vir rápido quando você promove uma mudança, qualquer que seja ela. Mas a verdadeira razão para que você saia da zona de conforto é que sua vida será mais legal. Não há nada melhor do que sentir, no nosso íntimo, que nossa existência tem um significado pro mundo. Por isso, saia do sofá da sua consciência e vá buscar aquilo que te deixará mais feliz e mais presente dentro dos seus próprios sonhos. Ninguém nunca conquistou nada sem uma ação, né? Mudar pode dar medo, sim, e é melhor que dê mesmo! Quem não sente medo subestima muita aventura. Mas vale a pena sair da sua zona de conforto, com medo ou sem, e seguir novos rumos. Numa dessas você acaba descobrindo que o frio na barriga não é pavor: é excitação. Então, vai fundo. Poucos sentimentos são melhores que esse.
A expressão 'zona de conforto' nunca esteve tão em evidência. Sempre que se fala em enfrentamento e superação lá vem a importância em sair da zona de conforto. Mas afinal o que significa esse termo? "É a capacidade para lidar com um tipo de situação de maneira natural e automática", define o psicólogo Ricardo Wainer, psicoterapeuta cognitivo-comportamental e professor titular do Curso de Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica Rio Grande do Sul). Portanto, a zona de conforto não é boa ou má, mas uma tendência natural do funcionamento psicológico humano em economizar recursos (de todas as ordens: físico, cognitivo e/ou emocional) criando comportamentos rotineiros. No entanto, nem tudo que é confortável é também cômodo e, é justamente nesse caso, que a tal zona de conforto pode se tornar um problema. Se a pessoa precisa sair de uma situação ou resolvê-la, mas se sente paralisada, é hora de ressignificar essa falsa percepção de que está em um porto seguro Denise Pará Diniz, psicóloga comportamental e coordenadora do setor de gerenciamento de estresse e qualidade de vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Tá ruim, mas tá bomTalvez, essa seja a melhor forma de definir o sentimento de alerta quando a zona de conforto precisa ser reavaliada. E isso pode acontecer, por exemplo, quando ela não está totalmente de acordo com os valores pessoais do sujeito, que desejaria que suas ações resultassem em diferentes desfechos do que vem obtendo. Um exemplo: a pessoa pode estar numa zona de conforto no relacionamento afetivo e, isso ser positivo, na medida em que o modo de operar junto ao parceiro atinge os objetivos e desejos que realmente almeja. Por outro lado, se esse relacionamento resulta em consequências diferentes, ou até opostas, ao que considera uma união saudável/positiva, a zona de conforto deveria ser ultrapassada. E essa exemplificação pode ser estendida para qualquer outro cenário da vida: profissional, acadêmico, físico, financeiros, entre outros. "Muitas vezes, ficamos estáticos por muito tempo numa zona de conforto prejudicial. E isso pode ocorrer quando os esquemas mentais desadaptativos (conjunto de crenças, expectativas, atitudes e pressupostos de vida) levam a agir dentro de uma zona de conforto que promove resultados pobres ou desagradáveis", explica Wainer. Na prática, podemos naturalizar alguns comportamentos mesmo que estejam nos trazendo incômodo e sofrimento. E isso acontece porque a zona de conforto vai ao encontro de crenças de fracasso e/ou de defeito/vergonha. E fica sempre mais difícil sair dela quando não conseguimos acreditar que há algo melhor/maior/mais significativo mais à frente. Por que tanta resistência?Sair dessa zona de conforto pode exigir muita determinação e tempo. Pois, enquanto o funcionamento dentro da zona de conforto está gerando resultados satisfatórios/aceitáveis, o organismo busca se manter nessa condição de equilíbrio. Isso porque o ser humano tende a ter uma enorme aversão a qualquer tipo de risco, preferindo, por vezes, deixar de ganhar muito desde que não perca nada. "Percebe-se que ousar modos diferentes de agir, invariavelmente, gerará alguns níveis de apreensão e ansiedade, além de exigir o desenvolvimento de novas habilidades/aprendizagens para que se mude de dimensão", informa Wainer. E é justamente isso que gera tanta resistência. Por isso, adiamos tanto colocar um ponto final em um relacionamento ruim ou pedir demissão daquele emprego que tanto nos faz mal. "A pessoa deseja o movimento, porém fica estagnada e isso vai gerando um conflito", diz Diniz. Aquela situação não faz bem, mas a pessoa funciona dessa maneira embora não esteja satisfeita. E por se sentir insegura em experimentar algo novo, vai empurrando com a barriga. É preciso enfrentar e se motivarPois é, existem situações que precisam ser enfrentadas e superadas. Mas, para isso, é fundamental dar o primeiro passo. Portanto, é crucial perceber se a situação atual está em descompasso com os valores que a pessoa almeja para que sua vida tenha significado. E a melhor maneira de iniciar este movimento, é estabelecer o que realmente deseja e abandonar rotinas que estejam levando aos resultados opostos. E aqui, Denise Para Diniz dá três passos essenciais para enfrentar esse processo:
Antes de mais nada, é importante ter humildade para reconhecer que do jeito que está não está bom. A partir disso, é preciso a coragem de acreditar no propósito e perceber que não quer mais fugir da mudança. "Buscar ajuda profissional sempre é uma ótima ferramenta. De um lado, a ajuda pode ensinar caminhos/habilidades para este novo desafio, por outro lado, funciona como o motivador durante o processo que, às vezes, pode ser longo", finaliza Wainer. |