Há muitas formas diferentes de ler a Bíblia. Cada pessoa deve adaptar sua leitura à sua situação, dependendo de seu nível de conhecimento das Sagradas Escrituras. No entanto, podemos dar algumas sugestões sobre onde começar a ler a Bíblia. Show
Os primeiros passosAntes de começar, faça a pergunta: “quanto sei sobre a Bíblia?” Mesmo sem terem lido, algumas pessoas cresceram ouvindo histórias da Bíblia, mas outras nunca tiveram esse contato básico com a Palavra de Deus. Em que situação você está? Comece escolhendo sua Bíblia. A Bíblia não foi escrita em português, por isso foi traduzida. Existem várias traduções em português, desde mais antigas, em linguagem mais arcaica (Almeida Revista e Corrigida, por exemplo), a mais modernas, mas com rigor (como a Nova Versão Internacional), a versões que tentam explicar o significado, em vez de somente traduzir o texto (como a Nova Tradução Linguagem de Hoje). Você pode ler a Bíblia em papel, online ou em um aplicativo no celular. Decida também seu horário diário para ler a Bíblia e quanto tempo você vai dedicar a isso. Se você tem pouco tempo, leia um ou dois capítulos por dia. Se você tem mais tempo, você poderá ler um pouco mais. A Bíblia é um livro de conteúdo espiritual, por isso, também é importante tirar um pouco de tempo para orar e procurar entender o que você está lendo. Veja aqui: como estudar uma passagem da Bíblia? Dica útil: cada Bíblia em papel tem um índice no início. Se você não sabe onde um livro da Bíblia fica, procure a página no índice. Aproveite os recursos que sua Bíblia tem. A Bíblia é um pouco diferente de outros livros. Ela na verdade é uma coleção de 66 livros que estão agrupados por gêneros literários (livros históricos, poéticos, proféticos, evangelhos e cartas...), não por ordem de leitura, nem por ordem cronológica. Por isso, para quem está começando, não é boa ideia tentar ler logo de capa a capa. Se esse é seu primeiro contato com a Bíblia:Comece com um dos quatro evangelhos, no Novo Testamento – Mateus, Marcos, Lucas ou João. Essas quatro pessoas escreveram a biografia de Jesus, cada um de uma perspetiva um pouco diferente. Qualquer um desses livros lhe mostrará quem é Jesus, o personagem principal da Bíblia. Atos dos Apóstolos conta a história da fundação da Igreja, depois que Jesus ressuscitou. Esse poderá ser um livro interessante para ler depois de um dos evangelhos. Para entender mais sobre a vida cristã, você pode ler alguns livros que vêm depois de Atos dos Apóstolos – de Romanos a 2 Tessalonicenses. O livro de 1 João também é muito interessante. Esses livros vão lhe ajudar a entender melhor a salvação e como a vida é diferente depois. Esses são bons passos para ganhar um conhecimento básico do evangelho. Veja também: a Bíblia é dividida em quantas partes? Se você quer aprofundar seu conhecimento geral da Bíblia:Comece lendo os livros históricos do Antigo Testamento – de Gênesis a Ester. Esses livros lhe contarão a história da criação do mundo e lhe ajudarão a entender como Deus age ao longo da História. Também contam a história do povo de Israel e seu papel nos planos de Deus. Nota: depois de ler os primeiros cinco livros da Bíblia (Gênesis a Deuteronômio), será bom ler o livro de Hebreus, no Novo Testamento. Atenção: alguns dos livros históricos contam histórias repetidas, mas de perspetivas diferentes. Opcional: os livros de profecias – de Isaías a Malaquias – contam como Deus avisou o povo ao longo do tempo sobre o que iria acontecer. Se você decidir ler esses livros, é bom tentar lê-los por ordem cronológica e procurar o contexto histórico antes de ler cada livro. Descubra aqui: qual é a ordem cronológica dos livros da Bíblia? Depois você pode ler os quatro evangelhos – Mateus a João – e Atos dos Apóstolos. A seguir a esses livros, leia o resto dos livros do Novo Testamento – de Romanos a Apocalipse. Mais uma nota: os livros de profecia do Antigo Testamento e o livro do Apocalipse podem ser bastante difíceis de entender. Mas não se preocupe. Mesmo os conhecedores da Bíblia mais sábios têm algumas dificuldades com esses livros! Livros para ler em qualquer momento:Os livros de Salmos e Provérbios são interessantes e edificantes para ler em qualquer momento, não importa quanto você conhece da Bíblia. Os salmos são poemas e canções muito honestas a Deus e o livro de Provérbios tem muitos conselhos sábios para a vida cotidiana. Livros para quando você estiver mais avançado:
Leia aqui: quando foi escrita a Bíblia? Recursos para facilitar ou personalizar a leituraOs exemplos acima são apenas algumas sugestões para ler a Bíblia. Você também pode procurar planos de leitura online ou em livros, que poderão ser mais adaptados para sua situação. Procure conversar com um pastor ou alguém com mais conhecimento da Bíblia. Essa pessoa poderá lhe ajudar a criar um bom plano para você e tirar suas dúvidas. Vá para a igreja. Lá você vai aprender mais sobre a Bíblia e sua aplicação para sua vida. A igreja é um grupo de pessoas que já reconheceu sua necessidade de se juntar para ler, estudar e entender a Bíblia. Leia também: por que é importante ir à igreja? Também existem vários recursos online e em livros, como devocionais diários, comentários, manuais bíblicos, etc para lhe ajudar a entender melhor o texto da Bíblia, como dicionários, mapas, informações sobre a História e a cultura da época... Não fique na ignorância! As referências deste artigo necessitam de formatação.Novembro de 2021) A Bíblia (do grego βιβλία, plural de βιβλίον, transl. bíblion, "rolo" ou "livro", diminutivo de "byblos", “papiro egípcio”, provavelmente do nome da cidade de onde esse material era exportado para a Grécia, Biblos, atual Jbeil, no Líbano),[1][2][3][4] formalmente chamada de Bíblia Sagrada, é uma coleção de textos religiosos de valor sagrado para o cristianismo e parcialmente para o judaísmo e islamismo.[5][6][7][8][9] Surgiu a partir da compilação de narrativas da tradição oral, que com o tempo se fixaram num cânone escrito. É considerada pelos cristãos como divinamente inspirada,[2] tratando-se de importante documento doutrinário.
Seu conteúdo é de largo escopo, mostrando a criação do mundo, a origem do homem e o plano de Deus para a humanidade, traçando a milenar história do povo hebreu e descrevendo suas leis, doutrinas, costumes e sociedade, os atos e pensamentos dos seus personagens e líderes mais destacados, e traz também um panorama sobre o surgimento, a doutrina e a primeira difusão do cristianismo.
Segundo a tradição aceita pela maioria dos cristãos, a Bíblia foi escrita por cerca de 40 autores, entre 1500 AC e 450 AC para protestantes e 100 AC, para os católicos (livros do Antigo Testamento) e entre 45 DC e 110 DC (livros do Novo Testamento), totalizando um período de quase 1 600 anos.[10] A maioria dos historiadores considera que a data dos primeiros escritos acreditados como sagrados é bem mais recente: por exemplo, enquanto a tradição cristã coloca Moisés como o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia (Pentateuco), muitos estudiosos aceitam que foram compilados pela primeira vez apenas após o exílio babilônico, a partir de outros textos datados entre o décimo e o quarto século antes de Cristo.[11] Muitos estudiosos também afirmam que ela foi escrita por dezenas de pessoas oriundas de diferentes regiões e nações.[12][13] A Bíblia tem sido lida e interpretada de maneiras as mais variadas, que vão do literalismo rigoroso a uma postura liberal e crítica,[14] muitas vezes chegando-se a conclusões diametralmente opostas, e as controvérsias doutrinais, teológicas e morais que ela desencadeou ao longo dos séculos são incontáveis, em cuja esteira foram travadas muitas guerras e cometidos muitos abusos, massacres e violências.[15] Por outro lado, ela tem sido uma inesgotável fonte de inspiração, direção, consolo e fortalecimento para milhões de pessoas, além de ser um tesouro de modelos e imagens de referência para a criatividade artística e literária.[16] Sua influência sobre a construção da civilização e da cultura ocidental não tem paralelos.[17] É o livro mais estudado, o mais comentado, o mais traduzido[18][19] e o mais vendido de todos os tempos[20] com mais de seis bilhões de cópias em todo o mundo, uma quantidade sete vezes maior que o número de cópias do 2º colocado da lista dos livros mais vendidos, O Livro Vermelho.[21] Nos Estados Unidos, o único presidente que não fez o juramento de posse com a mão em uma Bíblia foi Theodore Roosevelt (1901-1909), de acordo com os registros oficiais do Arquiteto do Capitólio.[22] John Quincy Adams (1825-1829), em sua posse, de acordo com cartas de sua própria autoria, colocou a mão em um volume de direito constitucional em vez da Bíblia para indicar a quem pertencia sua lealdade.[22] Não há registros para presidentes anteriores a John Tyler (1841-1845).[22] Ver artigos principais: Autores da Bíblia e Inspiração (teologia) A Bíblia é um conjunto de muitos livros que foram sendo compilados ao longo de muitos séculos até chegarem à forma canônica conhecida hoje. Há um consenso entre os historiadores que suas origens remontam a cantos, tradições, leis, profecias, poesias, doutrinas, histórias e outras narrativas transmitidas oralmente, e que começaram a ser postas por escrito no início do primeiro milênio a.C., num processo que continuou por mais de mil anos. Esses textos, cuja autoria é em sua maciça maioria desconhecida, refletiam uma larga variedade de contextos sociais, culturais, econômicos, políticos e religiosos. Nenhum dos textos originais sobreviveu, e os mais antigos manuscritos conhecidos datam de séculos depois que os textos foram primeiro postos por escrito. Existem muitas versões diferentes dos textos mais antigos, resultado de um longo processo de revisão e edição realizado por muitos escribas diferentes, que envolviam supressões, correções e acréscimos de variadas passagens.[23][24][25][26][27] O Pentateuco só se tornou canônico em torno do século V a.C.; os Profetas em torno do século III a.C., e uma coleção de salmos, provérbios e histórias narrativas se fixou no cânone entre o século II a.C. e o século II d.C. O conjunto desses livros é conhecido como a Bíblia Hebraica, que é a base do Velho Testamento. A partir do século III a.C. judeus falantes do grego incluíram outros textos na Bíblia Hebraica, numa versão revista que se tornou conhecida como a Septuaginta. Durante o século I d.C. com o surgimento do cristianismo, novas escrituras foram produzidas narrando a vida de Jesus e as atividades dos seus discípulos. O resultado foi a compilação do Novo Testamento, que se tornou canônico em torno do século II d.C. Entre 385 e 405 d.C. os cristãos traduziram os textos hebreus, gregos e aramaicos considerados por eles canônicos em uma versão latina, conhecida como a Vulgata, que se tornou o texto mais autorizado. Novas discussões sobre o cânone se seguiram, com o resultado de que a composição da Bíblia moderna não é homogênea, e versões significativamente diferentes foram adotadas pelas correntes judaicas, católicas, ortodoxas e protestantes, que divergem no número de livros considerados canônicos e disputam a canonicidade de determinados trechos de alguns livros.[24][25][26][28][29] As versões mais antigas conhecidas dos livros do Velho Testamento não indicam quem foram seus autores. A autoria que se tornou tradicional (por exemplo, o Pentateuco como escrito por Moisés, o Livro de Josué por Josué, os livros dos profetas pelos profetas homônimos, etc) só se fixou tardiamente como produto de atribuição, principalmente porque esses textos passaram a ser considerados sagrados. Em função deste caráter sublime, pareceu natural e mesmo necessário para os antigos atribuir a autoria a líderes divinamente inspirados, consolidando a tradição, iniciada pelos eruditos judeus e depois adotada pelos cristãos, de que a Bíblia era a manifestação da palavra de Deus fixada materialmente através de escribas iluminados. Segundo Nelson Kilpp, "conforme toda a tradição judaico-cristã da Antiguidade, um livro era sagrado quando remontava a um autor inspirado. Na verdade, o que geralmente ocorria era o contrário. A tradição, o conteúdo, a relevância ou a popularidade de um livro o haviam tornado, com o tempo, significativo, normativo, canônico, sagrado. Somente num segundo momento, após ser aceito o caráter normativo, se refletia sobre o presumível autor de um livro".[30] A autoria divinamente inspirada se tornou universalmente aceita durante muitos séculos, dando origem ao fundamentalismo ou literalismo bíblico e à teoria da inerrância bíblica. Considerando-se Deus como seu autor, imaginou-se que a Bíblia devia ser interpretada literalmente e não podia conter erros.[31] Correntes radicais de inerrância bíblica não apenas alegam que o conteúdo é inspirado "em seu sentido geral", mas também que cada palavra, cada letra, cada vírgula, cada ponto do texto, mesmo em suas versões traduzidas, é um ditado direto da divindade.[32] A partir do século XVI começaram a aparecer algumas dúvidas sérias contra a autoria divina, que se disseminaram e ampliaram com a progressiva ascensão do racionalismo e do cientificismo, que levantaram evidências sólidas capazes de refutar, por exemplo, as narrativas bíblicas sobre a criação do mundo e sobre a origem do homem.[31] Com os progressos na arqueologia, na filologia, na crítica textual, na hermenêutica e outras ciências, foram encontradas muitas inconsistências e anacronismos no texto, e muitas afirmações sobre eventos e personagens históricos que os livros contêm não puderam ser confirmadas por evidências externas ao texto ou foram inteiramente derrubadas, erodindo ainda mais a tese da inerrância bíblica e boa parte da sua credibilidade como documento histórico confiável.[33][34][35][36][37][38] A crença na autoria divina é de natureza doutrinal e teológica e não é um argumento válido para os estudos historiográficos modernos, embora os historiadores a estudem como um aspecto central de uma tradição plurissecular e como um produto de um contexto cultural, social e religioso específico. Por outro lado, permanece como um artigo de fé para muitas comunidades religiosas, embora mesmo nestes círculos seja um tópico hoje em dia cercado de enorme controvérsia, com variadas correntes propondo diferentes graus de inspiração.[31] Ver artigos principais: Historicidade da Bíblia, Datação da Bíblia e Simbologia bíblica Segundo o jornalista David Plotz, da revista eletrônica Slate, até um século atrás, a maioria dos estadunidenses bem instruídos conheciam a Bíblia a fundo.[39] Ele também afirma que atualmente, o desconhecimento bíblico é praticamente total entre pessoas não religiosas.[39] Ainda segundo Plotz, mesmo entre os fiéis, a leitura da Bíblia é irregular: a Igreja Católica inclui somente uma pequena parcela do Antigo Testamento nas leituras oficiais; os judeus estudam bastante os cinco primeiros livros da Bíblia, mas não se importam muito com o restante; os judeus ortodoxos normalmente passam mais tempo lendo o Talmude ou outra coisa que a Bíblia em si; muitos protestantes e/ou evangélicos leem a Bíblia frequentemente, mas geralmente dão mais ênfase ao Novo Testamento.[39] A inacessibilidade da Bíblia[40] entre a Antiguidade e a Idade Média resultou na criação de diversas narrativas sobre os personagens bíblicos, criando acréscimos e distorções.[41] A Igreja Católica não podia entregar muitos exemplares da Bíblia, por causa da dificuldades da época que não existia impressão, tendo a Igreja, alegando que nem todos teriam a capacidade necessária para interpretá-la, devido à sua complexidade, tanto que a Igreja justificava essa dificuldade de entendê-la, mostrando aos seus fiéis às grandes heresias que até desbalancear a sociedade, desbalanceava, como o catarismo.[42] Assim, afirmava que a responsabilidade de ensinar as orientações de Deus era exclusivamente sua.[42] Os conflitos entre ciência e religião foram, em parte, ajudados pela interpretação literal da Bíblia.[43] Esta não deve ser interpretada como um relato preciso da história da humanidade ou uma descrição perfeita da natureza.[43] Galileu Galilei considerava que a Bíblia deveria ser interpretada a partir do estudo da natureza.[44] Os escravocratas basearam-se na parte da Bíblia que conta sobre Noé ter condenado seu filho Cam e seus descendentes à escravidão para justificar religiosamente a escravidão.[45] Martinho Lutero considerava que o amor de Cristo era alcançável gratuitamente por meio da Bíblia.[42] Foi um dos primeiros teólogos a sugerir que as pessoas deveriam ler e interpretar a Bíblia por si mesmas.[40] A maioria das pessoas interpreta a Bíblia por intermédio de seu líder religioso.[46] As Testemunhas de Jeová consideram 66 livros como componentes da Bíblia, interpretando-a de forma literal exceto quando o texto evidencia estar em sentido figurado.[47] Chamam o Novo Testamento de Escrituras Gregas Cristãs e o Antigo Testamento de Escrituras Hebraicas.[47] Usam o método de comparação de textos bíblicos com outros textos bíblicos, encontrando, por temas, o que a Bíblia ensina como um todo. Suas conclusões são registradas por escrito, sendo utilizadas para outras pesquisas bíblicas. Para o espiritismo a Bíblia é uma das várias referências de compreensão do mundo espiritual (não é a principal), para eles, tem um sentido um pouco espiritual, outras, contrárias às suas doutrinas dos espíritos.[48] A Bíblia é dividida em duas partes: o Antigo e o Novo Testamentos. O primeiro, na versão aceita de forma geral por protestantes e judeus, apresenta a história do mundo desde sua criação até os acontecimentos após a volta dos judeus do exílio babilônico, no século IV a.C. Os católicos e ortodoxos, por outro lado, têm um cânon mais extenso, cobrindo até os asmoneus do século II a.C. O Novo Testamento apresenta a história de Jesus Cristo e a pregação de seus ensinamentos, durante sua vida e após sua morte e ressurreição, no século I. (ver: Vida de Cristo) A Bíblia não era dividida em capítulos até 1 227, quando o cardeal Sthepen Langton os criou, e não apresentava versículos até ser assim dividida em 1 551 por Robert Stephanus.[2] Livros do Antigo TestamentoVer artigo principal: Antigo Testamento A quantidade de livros do Antigo Testamento varia de acordo com a religião ou denominação cristã que o adota: a Bíblia dos cristãos protestantes e o Tanakh judaico incluem apenas 39 livros, enquanto a Igreja Católica possui 46 e a Igreja Ortodoxa em geral aceita 51. Os sete livros existentes na Bíblia católica, ausentes da judaica e da protestante são conhecidos como deuterocanônicos para os católicos e apócrifos para os protestantes. O mesmo se aplica aos livros da Bíblia ortodoxa, que por sua vez pode vir a ter mais livros.[49] Os livros do Antigo Testamento aceitos por todos os cristãos como sagrados (chamados protocanônicos pela Igreja Católica) são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.[50] Os deuterocanônicos, aceitos pela Igreja Católica como sagrados são: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruque. Estes estão disponíveis na tradução grega do Antigo Testamento, datada do Século I AC, a Septuaginta. Segundo a visão protestante, os textos deuterocanônicos (chamados "Livros apócrifos" pelos protestantes) foram, supostamente, escritos entre Malaquias e o Novo Testamento, numa época em que segundo o historiador judeu Flávio Josefo, a Revelação Divina havia cessado porque a sucessão dos profetas era inexistente ou imprecisa (ver: Testimonium Flavianum). O parecer de Josefo não é aceito pelos cristãos católicos, ortodoxos e por alguns protestantes, e igualmente pensam assim uma maioria judaica não farisaica, porque Jesus afirma que durou até João Batista, "A lei e os profetas duraram até João" (cf. Lucas 16:16; Mateus 11:13).[50] Livros do Novo TestamentoVer artigo principal: Novo Testamento O Novo Testamento é composto de 27 livros: Evangelho de Mateus, Evangelho de Marcos, Evangelho de Lucas, Evangelho de João, Atos dos Apóstolos, Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito, Filémon, Hebreus, Epístola de Tiago, Primeira Epístola de Pedro, Segunda Epístola de Pedro, Primeira Epístola de João, Segunda Epístola de João, Terceira Epístola de João, Epístola de Judas e Apocalipse.[50] As traduções do Novo Testamento foram feitas a partir de mais de 5 000 manuscritos, que podem ser divididos em duas categorias: Texto-Tipo Bizantino e Texto-Tipo Alexandrino.[51] Os pergaminhos do Texto-Tipo Bizantino (também chamado Textus Receptus) são representados pela maioria (cerca de 95%) dos manuscritos existentes.[52] Através dos séculos, desde o começo da era cristã, e inclusive em alguns contextos, como na Reforma Protestante do século XVI, os textos deuterocanônicos do Novo Testamento foram tão debatidos como os textos deuterocanônicos do Antigo Testamento. Finalmente, os reformistas protestantes decidiram rejeitar todos os textos deuterocanônicos do Antigo Testamento, e aceitar todos os textos deuterocanônicos do Novo Testamento, embora houvesse em Lutero, no processo da Reforma Protestante, a intenção de remover determinados livros do Novo Testamento por considerá-los apócrifos ou dolosos, como a Epístola de Tiago.[53] (ver: Apócrifos do Novo Testamento). Origem do termo "testamento"Este vocábulo não se encontra na Bíblia como designação de uma de suas partes. A palavra portuguesa "testamento" corresponde à palavra hebraica berith (que significa aliança, pacto, convênio, contrato), e designa a aliança que Deus fez com o povo de Israel no monte Sinai, tal como descrito no livro de Êxodo (Êxodo 24:1-8 e Êxodo 34:10-28). Segundo a própria Bíblia, tendo sido esta aliança quebrada pela infidelidade do povo, Deus prometeu uma nova aliança (Jeremias 31:31-34) que deveria ser ratificada com o sangue de Cristo (Mateus 26:28). Os escritores do Novo Testamento denominam a primeira aliança de antiga (Hebreus 8:13), em contraposição à nova (2 Coríntios 3:6-14). Os tradutores da Septuaginta traduziram berith para diatheke, embora não haja perfeita correspondência entre as palavras, já que berith designa "aliança" (compromisso bilateral) e diatheke tem o sentido de "última disposição dos próprios bens", "testamento" (compromisso unilateral).[54] As respectivas expressões "antiga aliança" e "nova aliança" passaram a designar a coleção dos escritos que contém os documentos respectivamente da primeira e da segunda aliança. As denominações "Antigo Testamento" e "Novo Testamento", para as duas coleções dos livros sagrados, começaram a ser usadas no final do século II, quando os evangelhos e outros escritos apostólicos foram considerados como parte do cânon sagrado. O termo "testamento" surgiu através do latim, quando a primeira versão latina do Antigo Testamento grego traduziu diatheke por testamentum . Jerônimo de Estridão, revisando esta versão latina, manteve a palavra testamentum, equivalendo ao hebraico berith — "aliança", "concerto", quando a palavra não tinha essa significação no grego (ver: Vulgata). Afirmam alguns pesquisadores que a palavra grega para "contrato", "aliança" deveria ser suntheke, por traduzir melhor o hebraico berith.[54][55] Ver artigo principal: Tradução da Bíblia Livro do Gênesis, Bíblia em tâmil de 1723 Eusébio Sofrônio Jerônimo (conhecido como São Jerônimo pelos católicos) traduziu a Bíblia diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim, criando a Vulgata.[56][57] No Concílio de Trento em 1542, essa tradução foi estabelecida como versão oficial da Bíblia para a Igreja Católica (vide Cânone de Trento).[58][57] Em meados do século XIV o teólogo John Wyclif realizou a tradução da Bíblia para o inglês.[59] Após a Reforma Protestante a Bíblia recebeu traduções para diversas línguas e passou a ser distribuída sem restrições para as pessoas.[60] Martinho Lutero traduziu a Bíblia para a língua alemã[61] enquanto estava escondido em Wittenberg do papa Leão X, que queria fazer um "julgamento" após a publicação das 95 Teses.[42] A grande fonte hebraica para o Antigo Testamento é o chamado Texto Massorético. Trata-se do texto hebraico fixado ao longo dos séculos por escolas de copistas, chamados massoretas, que tinham como particularidade um escrúpulo rigoroso na fidelidade da cópia ao original. O trabalho dos massoretas, de cópia e também de vocalização do texto hebraico (que não tem vogais, e que, por esse motivo, ao tornar-se língua morta, necessitou de as indicar por meio de sinais), prolongou-se até ao Século VIII d.C. Pela grande seriedade deste trabalho, e por ter sido feito ao longo de séculos, o texto massorético (sigla TM) é considerado a fonte mais autorizada para o texto hebraico bíblico original.[62] No entanto, outras versões do Antigo Testamento têm importância, e permitem suprir as deficiências do Texto Massorético. É o caso do Pentateuco Samaritano (os samaritanos que eram uma comunidade étnica e religiosa separada dos judeus, que tinham culto e templo próprios, e que só aceitavam como livros sagrados os do Pentateuco), e principalmente a Septuaginta grega (sigla LXX).[63] A Versão dos Setenta ou Septuaginta grega, designa a tradução grega do Antigo Testamento, elaborada entre os séculos IV e I AC, feita em Alexandria, no Egito. O seu nome deve-se à lenda que dizia ter sido essa tradução um resultado milagroso do trabalho de 70 eruditos judeus, e que pretende exprimir que não só o texto, mas também a tradução, fora inspirada por Deus. A Septuaginta grega é a mais antiga versão do Antigo Testamento que conhecemos. A sua grande importância provém também do facto de ter sido essa a versão da Bíblia utilizada entre os cristãos, desde o início, versão que continha os deuterocanônicos, e a que é de maior citação do Novo Testamento, mais do que o Texto Massorético.[64][65] A Igreja Católica considera como oficiais 73 livros bíblicos (46 do Antigo Testamento e 27 do Novo), sendo 7 livros a mais no Antigo Testamento do que das demais religiões cristãs e pelo judaísmo.[2] Já a Bíblia usada pela Igreja Ortodoxa contém 78 livros, 5 a mais que a católica e 12 a mais que a protestante.[66] Número de traduçõesDe acordo com as Sociedades Bíblicas Unidas, a Bíblia já foi traduzida, até 31 de dezembro de 2007, para pelo menos 2 454 línguas e dialetos.[67] (ver: Traduções da Bíblia em línguas indígenas do Brasil). Mundo lusófonoVer artigos principais: Tradução Brasileira e Traduções da Bíblia em língua portuguesa A primeira versão portuguesa da Bíblia surgiu em 1681, a partir das línguas originais, traduzida para o português por João Ferreira de Almeida. Almeida faleceu antes de concluir o trabalho, que foi finalizado por colaboradores da Igreja Reformada holandesa, e a versão completa com o Antigo Testamento foi publicada no início de 1750.[68] Cópia da Bíblia de Gutenberg, de propriedade do Congresso dos Estados Unidos As diversas igrejas cristãs possuem algumas divergências quanto aos seus cânones sagrados,[nota 1] inclusive entre protestantes.[nota 1] A Igreja Católica possui 46 livros no Antigo Testamento como parte de seu cânone bíblico.[69] Os livros de Livro de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, I Macabeus e II Macabeus e as chamadas Adições em Ester e Adições em Daniel) são considerados "deuterocanônicos" (ou "do segundo cânon") pela Igreja Católica.[70] Além disso, existem 27 livros no Novo Testamento.[69] As igrejas cristãs ortodoxas e as outras igrejas orientais, aceitam, além de todos estes já citados, outros dois livros de Esdras, outros dois dos Macabeus, a Oração de Manassés, e alguns capítulos a mais no final do livro dos Salmos (um nas Bíblias das igrejas de tradição grega, cóptica, eslava e bizantina, e cinco nas Bíblias das igrejas de tradição siríaca).[nota 2] Os judeus têm o Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio) como seu mais importante livro sagrado, o qual chamam de Torá. O restante do Antigo Testamento de acordo com a tradição protestante são chamados de Nevi'im e Ketuvim, coletivamente com a Torá chamados de Tanakh.[71] Os samaritanos, cuja fé se originou em uma antiga divisão no seio de Israel, usam apenas a Torá. A fé bahá'i tem tanto a Bíblia quanto o Alcorão como livros sagrados, além de seu livro particular, o Kitáb-i-Aqdas. O Alcorão, livro sagrado do Islã, possui várias passagens em coincidência com a Bíblia, o que leva alguns estudiosos islâmicos a estudarem-na em busca de informações adicionais. As visões dentro do Islã sobre esta Escritura, no entanto, são variadas, com o próprio Alcorão denunciando-a como corrupta e estudiosos como Abzeme denunciando os supostos textos subjacentes à Bíblia condizentes à ortodoxia islâmica como irrecuperáveis.[72][73] Os Espíritas consideram a Primeira Aliança como um livro histórico, e têm sua doutrina, seus princípios morais, fundamentada em O Evangelho segundo o Espiritismo, que alegam ser uma terceira revelação, superando o Antigo e o Novo Testamentos, que creem ser, respectivamente, a revelação da lei por Moisés e a da graça por Jesus Cristo.[74]
No século XIII, diversos estudiosos, especialmente de ordens dominicanas e franciscanas, como Roger Bacon, denunciavam erros e buscavam corrigir (através de pesquisas em textos hebraicos e gregos) as traduções usadas nas cópias em latim mais populares da época, chamadas "Bíblias de Paris".[75] Com as descobertas da biblioteca de Nag Hammadi e dos Manuscritos do Mar Morto (ou Qumram), no século XX, essas dúvidas dissiparam-se e, com o advento das técnicas de crítica textual, hoje a Bíblia está disponível com pelo menos 99% de fidelidade aos originais; sendo que a maioria das discrepâncias presentes nos outros 1% dos trechos são de natureza trivial, i. e., sem relevância.[76] Segundo alguns estudiosos, em maioria de origem nas Testemunhas de Jeová, um erro de tradução da Bíblia seria o de tomar σταυρός (transliterado stavrós) como cruz, e baseando-se nisto, dizer que Jesus foi pregado em uma cruz ao invés de uma estaca de tortura que significa simplesmente um madeiro,[77] pois na época da morte de Jesus, o significado da palavra abrangia apenas uma só estaca ou madeiro.[77] Este posicionamento, no entanto, é rechaçado por outras denominações, que apontam a polissemia da palavra σταυρός e o antigo testemunho de patrísticos como Justino Mártir,[78] Irineu de Lyon[79] e Hipólito de Roma.[80] Ver artigos principais: Crítica da Bíblia, Historicidade da Bíblia e Jesus histórico A Bíblia tem conteúdos que são considerados injustos, imorais ou ofensivos por diferentes grupos sociais, produzindo grandes controvérsias. Por exemplo, são criticadas a condenação da homossexualidade como um pecado e uma abominação;[81][82][83] sua orientação patriarcal e muitas passagens em que a mulher é colocada em posição subalterna, oprimida e submissa;[84][85][86][87] e o uso de trechos selecionados do texto para justificar violência, intolerância religiosa, discursos de ódio, racismo, teorias supremacistas, privilégios de classe, manipulação política, campanhas colonialistas, genocídios, escravidão e proselitismo religioso.[83][88][89][90] Segundo o jornalista David Plotz, da revista online Slate Magazine, a Bíblia tem muitas passagens "difíceis, repulsivas, confusas e entediantes",[39] enquanto especialistas em literatura discordam e abordam a beleza da literatura bíblica em artigos acadêmicos.[91][92][93][94] Mark Twain tinha uma visão ambígua da Bíblia. Por um lado entendia que ela continha muitas passagens inspiradoras, belas e grandiosas, muitas ideias interessantes e imaginativas, mas de modo geral mantinha uma opinião negativa, verificando que a Bíblia estava cheia de mentiras, hipocrisia, indecências e carnificinas e apresentava um Deus injusto, mesquinho, impiedoso, cruel e vingativo, punindo crianças inocentes pelos erros de seus pais; punindo pessoas pelos pecados de seus governantes; descarregando sua ira em ovelhas e bezerros inofensivos como punição por ofensas insignificantes cometidas por seus proprietários. Também criticava as leituras literais e interpretações errôneas do conteúdo e a influência perniciosa do livro sobre a humanidade, por ter doutrinas contrárias à natureza e à justiça e por fazer o planeta ser coberto de sangue em seu nome.[95] Para John Riches, professor de teologia na Universidade de Glasgow, a Bíblia "inspirou alguns dos grandes monumentos do pensamento humano, da literatura e da arte; também alimentou alguns dos piores excessos da selvageria humana, do egoísmo e da mesquinhez. Inspirou homens e mulheres a atos de grande serviço e coragem, a lutar pela libertação e o desenvolvimento humano; e forneceu o combustível ideológico para sociedades que escravizaram seus semelhantes e os reduziram à pobreza abjeta. [...] Talvez, acima de tudo, forneceu uma fonte de normas religiosas e morais que permitiram às comunidades manterem-se unidas, cuidar e proteger umas às outras; no entanto, precisamente esse forte sentimento de pertencimento alimentou, por sua vez, tensões e conflitos étnicos, raciais e internacionais".[15] Entre os historiadores não ligados a círculos religiosos, é opinião corrente que a Bíblia em sua maior parte não é um documento histórico confiável. Grande parte do seu conteúdo histórico é considerado mítico, lendário ou alegórico, e não pôde ser comprovado por evidências indisputadas externas ao texto, e para muitas passagens foram descobertas evidências que as contradizem frontalmente.[96][97][98][99][100][101] Além disso, seu texto contém muitas incongruências, contradições, anacronismos, interpolações tardias, que têm gerado intensas controvérsias e trazido problemas para a interpretação do texto, afirmação de doutrinas e determinação da historicidade.[102][103][104][105][106]
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