10.000 horas são quantos dias

Existe um livro chamado Fora de Série (Outliers), de Malcolm Gladwell. Confesso que não li, mas já ouvi falar. Não tenho detalhes profundos da metodologia e dos critérios utilizados nesta pesquisa.

Porém, pela pesquisa que realizei, é algo como “você precisa desprender pelo menos 10 mil horas de esforço, +/- 8 horas por dia, todos os dias por 4 anos, para ficar muito bom em alguma coisa.”

Uma pesquisa rápida indica que sua “tese central” era resumida em uma expressão: a regra das 10.000 horas. Conclusão: não é o talento natural que importa; a prática leva a perfeição.

Consegui encontrar o artigo original, clique aqui caso queira se aprofundar.

Na minha visão, entendo que é necessário se dedicar ao aprendizado de (algo que você tem interesse) com uma energia superior à despendida pelas demais pessoas.

Se é a prática (treino) que nos leva a ficar próximo a perfeição, “qualquer um” supostamente pode bater um recorde mundial ou tornar-se um super maestro de uma orquestra sinfônica. Basta praticar.

A regra das 10.000 horas

Olhando o número 10.000 horas assusta! É uma quantidade muito grande de esforço e que pode nos fazer procrastinar cada vez mais e nos lançar em nossa tendência habitual de “não querer tentar coisas novas”. Concorda? Mas existe um olhar que devemos adotar neste caso. Vejamos:

Supostamente, foi concluído que a performance em um nível “expert” – digamos assim – em campos bem restritos do conhecimento, precisa EM MÉDIA de dez mil horas de prática para ser alcançada.

A pesquisa foi conduzida com pessoas em campos restritos e com nível de competitividade elevada, como violinistas de nível mundial. Porém, me parece que ouve interpretações equivocadas da pesquisa e distorceram os conceitos. Foi até sugerido que: é necessário (mandatório) 10 mil horas para “aprender qualquer coisa”. Desta forma, nasceu um mito.

Pelo que observei, a correta conclusão de Gladwell  é que: “ninguém alcança sucesso em atividades de “alto nível” sem TALENTO e PREPARO.

Independente deste fato e do debate que se faz em torno do processo de aprendizado, entendo que o importante dentro de um processo de aprendizado, é a evolução.

Evolução é = “Hoje eu preciso ser melhor que ontem e assim sucessivamente”.

E a partir da prática e/ou treino construímos o talento e/ou capacidade para nos aproximar do resultado que desejamos.

Quando visualizarmos “uma evolução” (dentro do processo de aprendizado de alguuma coisa), iremos nos sentir bem e motivados. Não obrigatoriamente preciso alcançar “um nível mundial”.

Meu filho aprendeu a lutar Karatê (Shotokan) e de tempos em tempos ele avançava de uma faixa para a outra. Este claramente é um princípio para representar o processo de evolução. Este processo nos mantém motivado! Concorda?

No meu olhar, Gladwell aponta uma “visão de mundo” mais igualitária, uma vez que sugere que através do esforço podemos nos aproximar de nossos sonhos e desejos. Gladwell não considera que apenas e apenas se “a pessoa é predestinada” e que nasceu com um dom, uma vocação ou com o destino traçado, terá sucesso em seus projetos. Pelo contrário, ele indica que o esforço da pessoa e sua atitude conta muito mais do que conhecimento ou “dom”, por exemplo.

Logo, o desafio é aprender de modo a encarar as etapas observando a sua própria evolução e alcançando níveis pessoais de performance que lhe deixe satisfeito. Com certeza não será necessário dez mil horas, mas é importante lembrar que será necessário o mesmo comprometimento e esforço que um “expert” coloca para atingir um nível elevado.

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Na minha visão, independente do que diz os estudos que ainda não são tão conclusivos, entendo que é possível transmitir a alguém “comum” uma habilidade que ninguém PENSAVA que fosse possível alcançar.

Na minha concepção o aprendizado em alguma medida pode ocorrer conforme a linha vermelha do gráfico abaixo (não estou afirmando categoricamente e muito menos quero causar polêmica!).

Se o aprendizado for realizado da forma correta, as primeiras horas de prática vão lhe proporcionar um retorno enorme, e você vai do básico até o moderado rapidamente. Ao passo que o retorno tende a diminuir com o tempo, até estabilizar em um determinado nível.  Na sequência para ir de bom para muito bom, o esforço é gigantesco.

Esta é a minha visão e não significa que você precisa concordar comigo ou qualquer outra pessoa. Apenas prefiro acreditar que com esforço podemos aprender e evoluir de forma constante (Kaizen em Japonês). Novamente: não precisamos ser um Pelé!

Sugiro também que devemos no início de um novo aprendizado/prática, selecionar as informações, estudar técnicas e métodos para que no princípio consigamos alcançar um bom nível e de forma rápida.

Esta arrancada inicial é um grande combustível motivador para nos engajarmos e não desistir nas primeiras dificuldades.

Para adquirir habilidades rapidamente entendo que poderíamos:

1. Criar uma rotina e um ambiente para a prática da nova habilidade ou objetivo. Se você quer aprender a tocar violão, mas fica o tempo todo dividindo sua atenção com outras tarefas, dificilmente alcançará seu objetivo;
2. Quais sub-habilidades trazem maior impacto no aprendizado da habilidade principal? Aqui a dica é: desconstruir, priorizar o que traz maior impacto, e em qual ordem as sub-habilidades devem ser introduzidas;
3. O conhecimento adquirido no passo 2 (desconstrução) poderá ajudar a proporcionar o conhecimento necessário para saber “a forma correta” de fazer/praticar algo. Aqui a dica é: ser capaz de aprender o suficiente para você mesmo corrigir seus erros. Desta forma, apenas será necessário praticar mais. (O processo de aprendizado da direção de um veículo segue este protocolo);
4. Praticar! Pelo menos 40 horas ou dias! Comprometa-se em praticar e você será capaz de romper a questão emocional, que muitas vezes nos impede um aprendizado e nos faz desistir logo no início da prática. Porém, precisa ser uma prática intencional, consciente e estruturada. Apenas sugerir que podemos aprender alguma coisa em 40 horas (dias) é simplesmente maravilhoso. É claro que algumas práticas podem exigir um tempo maior, mas coloque um objetivo inicial para que você não desista!

Gosto muito do termo “KAIZEN”. Kaizen é uma palavra de origem japonesa que significa “mudança para melhor”.

O termo é muito utilizado na indústria e a palavra Kaizen é empregada  para transmitir a necessidade de “melhoria contínua” na vida em geral, seja ela familiar, pessoal, trabalho e social. E o “aprendizado” nos mantém no estado de “Kaizen”.

Manter-se em aprendizado constante e ainda ter a consciência de que “o erro novo” o aproxima da “excelência” não é fácil. Porém, é confortável saber que também não foi nada simples para pessoas que alcançaram um patamar elevado como Bill Gates, Pelé, Steve Jobs, Ayrton Senna e tantos outros que apenas se tornaram “referências mundiais” ao combinarem “talento, oportunidade e resistência”.

A aprendizagem é um processo muito individual, e que depende muito menos de regras e mais da sua adaptação. Logo, é importante que você identifique quais “técnicas ou metodologias” se encaixam melhor com o seu perfil, ou quais seriam mais fáceis de se adaptar, tornando o momento do aprendizado em algo agradável.

Conclusão

Para alcançar um determinado estágio em um objetivo, é preciso estabelecer metas intermediárias, específicas e bem definidas, e colocar uma sequência de pequenos passos para atingir um objetivo de longo prazo.

Se haverá necessidade ou não 10.000 horas é irrelevante, o importante é saber que necessariamente precisaremos nos esforçar para alcançar nossas metas.

Para não se perder no caminho, é preciso ter “feedbacks” e se possível alguém para uma “mentoria”. Metas são mais bem executadas em campos onde os resultados podem ser medidos de forma objetiva.

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Um grande abraço!

Vida que segue!

Jeferson Peres.

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