Por que donald trump é tão odiado

Donald John Trump, 70 anos de idade, empresário, ex-apresentador de reality show e atualmente o presidente eleito dos Estados Unidos da América, tornando-se o 45º líder daquela nação.

Trump derrotou a democrata Hillary Clinton nas eleições presidenciais de 2016. Hoje o tão controverso político toma posse, sendo a pessoa mais velha da história a liderar a Casa Branca.

O seu posicionamento político denominado como 'populista' é frequentemente descrito como contraditório, vago e, muitas vezes, confuso.

Reveja alguns momentos que fazem de Trump uma personalidade amada por uns e odiada por outros.

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Por que donald trump é tão odiado

Com Donald Trump fora das redes, patinando para retomar sua projeção e disputar com Joe Biden em 2024, Tucker Carlson praticamente ocupou o espaço de maior guru da direita nos Estados Unidos.

Mesmo quem não assiste o Tucker Carlson Tonight, o programa campeão da Fox, e passa mal só de pensar na risadinha irônica do apresentador – uma hiena de história em quadrinhos, dizem os inimigos -, acaba indiretamente envolvido nos temas que aborda e na forma pugilística com que enfrenta qualquer assunto.

Tucker Carlson é tão de direita que às vezes parece deslocado na própria Fox, o canal criado sob o brilhante princípio de que faltava um espaço para os conservadores na tevê americana – ideia plenamente recompensada pelo retorno do público: no mundo pós-Trump, a Fox se reergueu e terminou o ano à frente dos competidores, a CNN e a MSNBC.

Enquanto outros caíam, devastados pela ausência avassaladora, em termos de geração de notícias, de Donald Trump – o site Politico perdeu nada menos que 48% dos acessos; o Washington Post teve uma queda de 34% de visitantes únicos -, Tucker, como é universalmente chamado, continuou incólume. Aliás, melhorou, do ponto de vista de seus próprios interesses. 

O apresentador foca mais nas batalhas culturais, o assunto de nossos tempos, de uma forma tão visceral que às vezes parece irreal – ou apenas encenada. Apela ao arco que vai desde os americanos conservadores que se sentem deslocados num ambiente de grandes mudanças sociais até as franjas mais obscuras dos que se identificam com teses dos supremacistas brancos.

Em alguns casos, acaba acertando. Enquanto toda a imprensa convencional invocava as fúrias divinas contra Kyle Rittenhouse, o jovem que matou dois manifestantes em Kenosha, durante a explosão de protestos coordenada pelo Black Lives Matter, Tucker fechou questão no campo oposto. Ganhou o dia quando Rittenhouse foi absolvido, com o júri, orientado por fotos e vídeos, aceitando a tese da legítima defesa.

Ganhou também a primeira entrevista com Rittenhouse – uma sequência constrangedora de perguntas chapa branca.

Tucker Carlson é espertíssimo e tem uma equipe competente, que o escuda com fatos incontestáveis. Por exemplo, os da autópsia de George Floyd, mostrando a presença de drogas perigosíssimas, como o fentanil, e a ausência de sinais de que tenha morrido por asfixia, ao contrário do que parece com as imagens terríveis do policial Derek Chauvin (prisão perpétua) comprimindo-o com o joelho contra o chão.

Mencionar fatos assim virou anátema na imprensa tradicional – mesmo que uma coisa não elimine a outra: ele estava surtando com drogas e foi morto de forma brutal e criminosa. Tucker Carlson aproveita para jogar sozinho no campo.

Cerca de três milhões de pessoas assistem este jogo toda noite – o maior público da história para um canal a cabo, embora equivalente a apenas menos de 1% da população americana. O que conta é a repercussão. Mesmo a negativa, como as várias campanhas para que anunciantes o boicotem – alguns atenderam, outros continuaram – e até pedidos diretos de sua cabeça feitos por organizações fortes, como a a ADL, a Liga Antidifamação, que nasceu para combater o antissemitismo.

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“O estilo polarizador de Carlson deixa os espectadores desesperados para saber qual é a próxima”, anotou o site Mediate, que o escolheu como o nome mais influente da imprensa americana (Suzanne Scott, a CEO da Fox, ficou em terceiro lugar).

A revista Time o incluiu na lista dos mais influentes e conseguiu fotos raras de Tucker Carlson na sua casa de madeira na vastidão gelada do Maine, de onde ele comanda o programa que passa a impressão de ser feito em Washington, com o Capitólio ao fundo.

A casa tem lustre de chifres de veado, bandeira americana na parede e uma oficina de marcenaria onde Tucker relaxa ( fazendo o quê?  Miniaturas de mísseis antiaéreos?), embora as duas palavras – “Tucker” e “relaxa” – pareçam ser excludentes.

“Ame-o ou odeie-o, Tucker Carlson pode ser o conservador mais poderoso da América”, escreveu a Time.

“Se os americanos dão a impressão de não se por de acordo a respeito de nada – inclusive se as vacinas contra a Covid-19 funcionam e se Joe Biden ganhou a eleição para presidente -, isso é parcialmente prova da influência de Tucker Carlson”.

Um marqueteiro republicano, Jeff Roe, disse à Time que “ninguém, ninguém mesmo, pesa mais na política conservadora do que Tucker Carlson”, frisando que o comentarista tem o poder não de influenciar, mas de ditar quais são os assuntos relevantes.

Tucker Carlson ganha 10 milhões de dólares por ano na Fox – ainda bem atrás dos 25 milhões pagos ao comentarista que substituiu no primeiro lugar, Sean Hannity. A tensão entre os dois – o programa de Carlson vem primeiro, depois o de Hannity – faz tremer as estruturas da Fox. O apresentador, que também tem o site Daily Caller, ganha ainda pelo streaming que faz no canal, o que parece, ainda sem provas, ser o futuro do instável e cambiante universo das notícias.

Na Fox, os trumpistas de raiz são Hannity e Laura Ingraham. Tucker tem outro foco e detona a ala mais convencional do Partido Republicano, vestindo um figurino antiestablishment parecido com o que levou Trump à vitória em 2016. Um dos entrevistados mais habituais de seu programa é Glenn Greenwald, geralmente convidado para criticar os organismos de vigilância e espionagem e a grande imprensa. 

Um pela direita, outro pela esquerda, os dois acabam se encontrando em algum ponto – e ambos entendem muito bem o fator performático dos programas jornalísticos de televisão baseados em personalidades fortes.

E é difícil haver personalidade mais forte do que a de Tucker Carlson – e inimigos tão formidáveis quanto os que ele faz. Enquanto tiver três milhões de amigos que o ouvem todas as noites, interessados em saber “qual é a próxima do Tucker”, e não transgredir de maneira muito absurda as fronteiras que empurra cada vez para mais longe, está garantido.


Com declarações polêmicas, Donald Trump vem chamando atenção nas eleições americanas

Quando, no meio do ano, Donald Trump alcançou o topo das pesquisas na disputa pela candidatura do Partido Republicano à próxima eleição presidencial americana, muitos previram que era questão de tempo até que ele deixasse o posto.

As previsões se renovaram após várias declarações polêmicas e de cunho xenófobo do candidato, como quando neste mês ele propôs barrar temporariamente a entrada de muçulmanos para proteger os Estados Unidos - fala criticada por seus próprios concorrentes republicanos.

O republicano Jeb Bush, que também disputa a vaga para a Casa Branca, chamou Trump de "o candidato do caos" e que ele seria o "presidente do caos".

Mas o empresário continua a liderar a corrida com folga: em pesquisa da CNN divulgada na quarta, Trump aparece com 39% das intenções de voto, à frente de Ted Cruz (18%), Ben Carson (10%) e Marco Rubio (10%).

O que explica a dianteira de uma figura tão controversa? Analistas e eleitores de Trump citam uma série de fatores para a popularidade do empresário, que conta com um grupo de admiradores no Brasil.

Empresário e 'outsider'
Muitos dizem que uma das principais vantagens de Trump é não ser um político profissional. Boa parte de seus eleitores se diz cansada com o establishment político de Washington, que para muitos se distanciou das necessidades dos americanos comuns.

Trump tem reforçado esse diferença em relação a seus competidores. Em outubro, ele afirmou: "Não sou um político. Políticos mentem".

Muitos eleitores avaliam ainda que a habilidade de Trump como empresário lhe permitiria governar os Estados Unidos com mais eficiência. Ele diz que seus negócios - que incluem investimentos nos setores de construção, hotelaria e entretenimento - lhe renderam uma fortuna de US$ 10 bilhões (mas, segundo a revista Forbes, são US$ 4,5 bilhões).

Apoiadores afirmam que, por ter muito dinheiro, Trump poderá custear sua campanha sozinho, sem depender de grandes doadores. "Não estou me vendendo a interesses especiais ou companhias de seguros, ou lobistas", ele afirmou.

Espontaneidade
Trump e Ted Cruz lideram as sondagens de voto até o momento entre os republicanos

Em sua campanha, Trump tem colecionado declarações polêmicas. Ele já chamou imigrantes mexicanos de "estupradores", criticou o senador republicano John McCain por ter sido capturado na Guerra do Vietnã e zombou de um jornalista deficiente, entre várias outras atitudes que lhe renderam duras críticas.

Para admiradores, porém, o empresário diz o que outros políticos não têm coragem de dizer. "Donald Trump está dizendo coisas que muitas pessoas pensam, mas são vistas como impróprias de serem ditas em público", diz Dean Debnam, presidente do Public Policy Polling, um instituto de pesquisas.

"O grande problema desse país é ser politicamente correto", afirmou Trump.

Sentimento anti-imigrantes
Uma das principais bandeiras de Trump é o controle rigoroso da imigração. A proposta é bastante popular entre seus apoiadores, majoritariamente brancos.

Entre outras medidas, ele defende erguer um muro na fronteira com o México, deportar todos os imigrantes irregulares e acabar com a concessão de cidadania a filhos de imigrantes ilegais nascidos nos Estados Unidos.

Segundo uma pesquisa do Public Policy Polling, 63% dos eleitores de Trump defendem a última medida, que exigira uma mudança constitucional. A pesquisa apontou ainda que 66% de seus apoiadores acreditam que o presidente Barack Obama é muçulmano e que 61% creem que ele não nasceu nos Estados Unidos.

Obama se diz cristão e nasceu no Havaí.

Mensagem simples
Uma análise do jornal The Washington Post se debruçou sobre uma diferença de Trump em relação aos principais competidores: a simplicidade de sua fala.

Enquanto políticos tendem a ser cautelosos e a dar respostas evasivas quando confrontados com questões complexas, Trump parece ter sempre uma resposta fácil na ponta da língua.

"Algumas de suas respostas duram apenas alguns segundos, algumas são mais longas, mas quase todas consistem em frases simples, gramática e conceitualmente, e a maioria delas guarda sua palavra mais importante para o final", diz a análise.

Celebridade
Em artigo publicado no site Huffington Post, o professor de sociologia Gallanty Miller diz que o principal fator por trás da força eleitoral de Trump é sua fama.

Ele se tornou conhecido ao apresentar 14 temporadas do reality show O Aprendiz, entre 2004 e 2015.

"Americanos sentem que podem se conectar com celebridades. Por quê? Porque nós queremos ser celebridades." Para o consultor político Shermichael Singleton, a principal diferença de Trump "é seu entendimento do marketing e a maneira como ele propagandeia a si mesmo".

Apoio entre brasileiros
Trump também tem ganhado simpatizantes no Brasil. Dono da conta BrazilForTrump no Twitter, o corretor de imóveis carioca André Skowronski elogia a autenticidade do candidato e diz que o empresário "tem sido capaz de captar vários sentimentos da população americana".

"Vejo que esse fenômeno do desencanto com os políticos profissionais está acontecendo não somente no Brasil, mas nos EUA também", diz Skowronski.

Hillary Clinton é a favorita para representar os democratas no próximo ano.