Ligar e Desligar é uma frase originalmente judia que aparece na Novo Testamento, bem como no Targum. Os termos ligar e desligar significam proibir por uma autoridade indiscutível e permitir por uma autoridade indiscutível.[1] O Targum de um determinado Salmo (Salmos 58:5) implica que essas ações foram consideradas tão eficazes quanto a magia de um encantador.[1] Os poskins possuem, devido a sua ordenação, o poder de decidir os conflitos relativos a lei religiosa judaica.[1] Daí o nome das duas principais escolas de pensamento do judaísmo clássico que foram resumidas pela frase a escola de Shammai que liga, e a escola de Hillel que desliga.[1] Teoricamente, no entanto, a autoridade dos poskins eram concedidas pelo Sinédrio, e há uma interpretação do Talmude que diz que três decisões consecutivas tomadas pela "Câmara Baixa de Julgamento" (o Sinédrio na Terra) eram confirmadas pela "Câmara Alta de Julgamento" (no Reino dos Céus), dando assim sua sanção suprema.[2] Portanto a afirmação de Jesus de que tudo que seus apóstolos ligassem ou desligassem na terra, seria ligado ou desligado no céu em Mateus 18:18 é provavelmente, apenas uma adoção de uma frase popular no momento.[1] Esta é, provavelmente, também o sentido da frase quando ela é aplicada no texto para Simão Pedro, em particular,[1][3] Pedro é investido com o poder de ligar e desligar por Cristo no episódio conhecido como Confissão de Pedro.
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, à sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome Reflexão - “Sinal de unidade” Nenhum de nós tem o direito de se omitir diante dos erros das pessoas com quem convivemos e nos relacionamos. Pelo contrário, somos convidados por Deus a nos manifestar com amor a fim de esclarecer certas situações e resolver os problemas em comum. O próprio Jesus nos ensina a dar passos que possam nos ajudar a amar o nosso irmão que peca. A prudência se alia ao amor e ao zelo. Assim como Deus não desiste de nós, também somos convocados a nunca abandonar aqueles que precisam do nosso suporte e da nossa orientação para reencontrarem o caminho do direito e da justiça. Fazer tudo pelo bem do outro é também uma maneira de cultivar a unidade. Quando nós estamos reunidos em Nome de Deus devemos acertar o passo e entrar em sintonia com Ele a fim de que a essência dos nossos pensamentos seja guiada pelo Seu Espírito Santo que sabe exatamente de tudo que nós esperamos receber do Pai. Reunidos em Nome de Jesus, sob o mesmo ideal, nós podemos ter confiança de que as nossas atitudes em relação aos nossos irmãos de sangue, de comunidade, na Igreja e, também, no mundo tenham ressonância no céu. Cada um de nós é responsável, perante o céu, das coisas que arquitetamos aqui na terra. – Você tem tido paciência com os erros dos seus (as) irmãos (ãs)? – Como você acha que está a sua situação no céu em relação ao que tem vivido na terra? – Qual é a primeira regra para os nossos relacionamentos? - Você costuma se reunir com os seus (as) amigos(as) para pedir alguma coisa em Nome de Deus? - Qual é o resultado desta experiência? Helena Colares Serpa – Comunidade Católica Missionária UM NOVO CAMINHO
Baseados nessa passagem
bíblica, alguns pregadores adeptos da Teologia da Prosperidade começaram a
"determinar" e até mesmo a "mandar em Deus". A lógica
parece perfeita: se o que eu ligo aqui na Terra será ligado no Céu, então
parece bastante óbvio que a Terra manda de fato no Céu. É só determinar e
pronto!
Esse ensino tem provocado
atitudes absurdas. Por exemplo: Para que gastar longas horas em oração, se
podemos simplesmente "determinarmos" que Deus faça isso ou aquilo?
Para que suplicar algo a Deus, se Ele tem O "dever" ou até mesmo a
"obrigação" de endossar o que se determina?
Outro dia eu andava por um
bairro da periferia da minha cidade e fiquei surpreendido com uma cena que
presenciei. Encontrei duas jovens pertencentes a uma dessas igrejas praticantes
da "Teologia da Determinação". Elas estrategicamente se moviam de um
lado para o outro da rua. Aproximei-me delas e as indaguei o que estavam
fazendo ali. A mais velha disse-me que estavam "determinando" a saída
de Satanás daquela área!
Aquele episódio deixou-me
perplexo, pois aprendi pela Bíblia Sagrada que a melhor maneira de fazer o
Diabo ir embora de um lugar é através da ação evangelística da igreja:
"Então saíram e pregaram que todos se arrependesse; e expulsavam muitos
demônios", Mc 6.12-13. A pergunta, portanto, é: "A Terra manda no Céu?" Ou em palavras mais simples: "Qualquer coisa que fizermos aqui será endossada pelo Céu?" 1. ANÁLISE EXEGÉTICA Primeiramente, vejamos as duas formas diferentes como esse texto do Evangelho de Mateus tem sido traduzido em nossas versões em português:
a) Almeida Revista e Corrigida (ARC) - "E eu te darei as chaves do Reino dos
céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que
desligares na terra será desligado nos céus".
b) Almeida Revista e Atualizada (ARA) - "Dar-te-ei as chaves do reino dos
céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na
terra terá sido desligado nos céus". No original grego, as expressões éstai dedeménon (ligar) e éstati lelyménon (desligar) são um perfeito perifrásico. No grego, o tempo perfeito indica uma ação ocorrida anteriormente, mas com reflexos no presente.
Ao comentar o sentido do uso
do perfeito perifrásico nesse texto, o especialista D. A. Carson diz que, nessa
passagem, estamos diante de uma "questão paradigmática", e comenta:
"Neste caso, questões paradigmáticas realmente rompem barreiras e fazem a
evidência decididamente pender para a tradução 'b'". Em palavras mais
simples, Carson traduz esse texto como "Terá sido ligado / terá sido
desligado".
Da mesma forma, a Chave
Linguística do Novo Testamento Grego, ao comentar essa passagem, afirma:
"Esta construção é o futuro perfeito passivo perifrásico traduzido como
'terá sido amarrado', 'terá sido solto'". E ainda observa: "É a
Igreja na Terra levando a efeito as decisões do Céu e não o Céu ratificando a
decisão da Igreja". 2. O SENTIDO CORRETO Thomas Ice e Robert Dean, ainda sobre esse texto, acrescentam: "Uma tradução que reforça esse sentido do original grego diria o seguinte: 'Eu lhe darei as chaves do Reino dos Céus, mas o que você ligar na terra será aquilo que já terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra será aquilo que já terá sido desligado nos Céus".
“Pedro deveria ligar coisas
na Terra, mas somente aquilo que já tivesse sido ligado no Céu. Pedro deveria
estabelecer o padrão terreno de entrada no Reino do Céu, baseado no padrão que
Deus já estabeleceu no Céu. Pedro deveria ser um mediador da Palavra de Deus
entre Deus e o homem, e esse padrão é o que Pedro afirmou em Mateus 16.16, que
Jesus é 'o Cristo, o Filho do
Deus vivo”. 3. A NECESSIDADE DA APOLOGÉTICA Como vemos, são interpretações equivocadas de passagens como a de Mateus 16 que provocam heresias e confusão na vida de muitos cristãos. Isso mostra a necessidade de praticar apologética em nossos dias.
A defesa da fé evangélica,
bíblica, se constitui umas das principais razões que justifica a necessidade da
apologética. O teológo e apologista norte-americano Norman Geisler, em sua
Enciclopédia de Apologética, enumera razões que justificam a necessidade da
apologética: 1) Deus a ordena - Geisler argumenta sobre 1 Pedro 3.15-16: "Estar pronto não é só uma questão de ter a informação consta à disposição, é também _ a atitude de prontidão e vontade de compartilhar a verdade sobre o que acreditamos". 2) A Exigência da Razão - É pelo raciocínio que os humanos se distinguem dos "animais irracionais" (Jd 10).
3) A necessidade do mundo - As pessoas se recusam a crer sem provas.
Evidencias da verdade deve preceder a fé. Há uma estreita relação entre apologética e as ciências da interpretação. Qualquer apologia que não se alicerça na hermenêutica e na exegese bíblica não pode ser considerada como apologia confiável. Por um lado, a hermenêutica é a ciência da interpretação e por outro, a exegese é a aplicação dos princípios da hermenêutica. A exegese tem, portanto, o objetivo de extrair de um texto o máximo do pensamento do autor. No dizer de Gordon D. Fee, "é descobrir qual era a intenção original das palavras da Bíblia". Fonte: Jornal Mensageiro da Paz, Julho de 2007 Artigo: PR. José Gonçalves Acervo: Ev. Jair Alves Reverberação: www.sub-ebd.blogspot.com |