O que é o suicidio

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As tentativas de suicídio ou sua prática efetiva envolvem sempre uma grande dose de sofrimento, tensão, angústia e desespero. Esta dor da alma pode ser real ou ser a conseqüência de uma crise de natureza afetiva, de uma conturbação mental, como, por exemplo, a psicose no seu grau mais agudo, ou de uma depressão com sintomas delirantes. Se estes estados alterados da mente vêm acompanhados do consumo de drogas e de álcool, a ação é potencializada significativamente, o que torna a atitude suicida praticamente inevitável. O indivíduo pode ou não deixar uma explicação de seu ato para familiares e amigos, através de uma nota ou de uma carta.

A palavra suicídio foi criada em 1737 por Desfontaines. Com origem no latim – sui (si mesmo) e caederes (ação de matar) -, ela aponta para a necessidade de buscar a morte como um refúgio para o sofrimento que se torna insuportável. Esta ação voluntária e intencional parte do ponto de vista que a morte significa o fim de tudo, um mergulho no nada, visão esta acentuada pelo viés materialista que envolve a nossa civilização. O suicídio pode ser concretizado através de atos mais agressivos - geralmente uma escolha masculina -, como tiros e enforcamento, que conduzem quase sempre à morte; ou por ações mais amenas, normalmente uma opção feminina, como o uso de remédios ou venenos, que nem sempre conduzem a um desenlace fatal. Pode haver também casos de prática suicida quando o sujeito deixa de prover certas necessidades fisiológicas, um ato gradual, como se negar a ingerir o alimento.

Geralmente a sociedade responde a essas atitudes com o véu do silêncio, como se estive lidando com um tabu, ou seja, um assunto sobre o qual deve pairar, com a cumplicidade implícita de todos, um voto de não discussão, de negação do debate e de um mergulho mais profundo em seus meandros. Mas em alguns lugares, como, por exemplo, nos Estados Unidos, ele é considerado um problema social, e muitas vezes também de saúde pública, já que suas estatísticas apontam altos índices de ocorrência. Anualmente acontecem por volta de trinta mil mortes por suicídio, enquanto as tentativas, que nem sempre visam a morte, revelam um grau de ocorrência 8 a 10 vezes maior. O suicídio é simplesmente a oitava causa mortis neste país.

Algumas causas do suicídio estão ligadas ao gênero sexual – as mulheres normalmente tentam mais o suicídio que os homens, embora estes morram mais por conta desta ação, justamente por recorrerem a atos mais agressivos. Grande parte dos suicidas está na faixa dos 15 aos 44 anos, e doenças como câncer, epilepsia, AIDS ou perturbações mentais são os maiores fatores de risco para essas atitudes suicidas. Sem dizer que estas ações costumam se repetir, ou seja, o suicida volta a tentar quando sua primeira tentativa foi frustrada. Às vezes o suicida responsabiliza as pessoas à sua volta por sua decisão, assim sua morte vale como um castigo para os que o cercam, como se ele estivesse se vingando das agressões recebidas de seu meio ambiente.

A maneira como a sociedade reage ao suicídio varia de acordo com a cultura vigente e também no que tange ao período histórico em questão. Na Roma antiga, a morte não significava muito, era mais importante o meio de morrer, como um ato digno e realizado no momento certo. Entre os primeiros cristãos, morrer significava libertar-se deste mundo de dores e sofrimentos, dos pecados. Assim, a morte era como tomar um caminho mais curto que conduzisse ao Paraíso. A história mudou nos séculos V e VI, nos Concílios de Orleans, Braga e Toledo. Estes encontros deliberaram uma mudança de rumos, proibindo qualquer homenagem aos suicidas, e mesmo aqueles que só tentavam e não conseguiam êxito, eram excomungados. Assim, o suicídio tornou-se um crime e um hediondo pecado, e suas conseqüências poderiam agora se estender inclusive aos familiares, que enfrentavam preconceitos e perseguições. Somente no Renascimento, uma época mais romântica, o suicida foi resgatado e em torno dele instituiu-se uma aura de respeito e de um certo fascínio.

O ato suicida é, portanto, considerado um pecado em algumas religiões e um crime em certas legislações. Mas em algumas culturas, como a japonesa, esta atitude pode ser considerada uma forma digna de fugir de contextos que envolvem vergonha e culpa, como o harakiri, praticado antigamente entre os guerreiros samurais. Mas a alta taxa de suicídio entre os jovens é o que mais preocupa hoje nossa sociedade. Entre os 15 e os 24 anos, ele já se encontra no terceiro lugar nas causas da morte, logo depois de acidentes e homicídios. Seus conflitos interiores são geralmente desencadeados pela forma como são educados, pelo ambiente familiar. Neste meio os jovens podem se deparar com a imposição de sentimentos de culpa, através de terríveis chantagens emocionais, com violência doméstica, ausência familiar, abandono, carência, superproteção, baixa auto-estima, entre outros fatores. Infelizmente estas ocorrências são muito comuns, e geralmente divorciam estes seres de sua própria alma, eles se tornam criaturas cindidas e despersonalizadas, e muitas vezes não conseguem conviver com as angústias e dores que acometem sua anima. Desmotivados e em profundo desequilíbrio, eles buscam refúgio na morte.

O suicídio corresponde ao ato de tirar a própria vida, o que pode acontecer como resultado de conflitos internos que ocorrem ao longo da vida e, por isso, existe um maior risco de depressão, transtorno bipolar, abuso de substâncias tóxicas e traumas emocionais, por exemplo.

O comportamento suicida divide-se em 3 fases: pensar em suicídio, tentativa de suicídio e consumação do ato. A pessoa que pensa em tirar sua vida, acredita que não existem soluções para os seus problemas e, normalmente, dá sinais de um desequilíbrio emocional, que pode passar despercebido por familiares e amigos. Saiba como identificar os sinais que podem indicar o risco de suicídio.

O que é o suicidio

Alguns fatores que favorecem os pensamentos e as tentativas de suicídio incluem:

1. Depressão

A depressão é uma das principais causas de suicídio, isso porque os sentimentos de solidão e tristeza são mais intensos, assim como a sensação de que esse sentimento não tem solução, o que aumenta a probabilidade da pessoa apresentar pensamentos suicidas, como se fosse a única forma para acabar com o sofrimento.

O que fazer: é importante que exista o apoio de um psicólogo, psiquiatra ou mesmo grupos de auto ajuda, para que seja possível tratar a depressão e, assim, promover a qualidade de vida da pessoa. Em alguns casos, o psiquiatra pode indicar o uso de alguns medicamentos para depressão. Veja como é feito o tratamento para depressão.

2. Problemas amorosos ou familiares

Problemas familiares como perda dos pais, separação, frequentes brigas e discussões, não ter espaço dentro de casa para expressar suas emoções ou não se sentir amado e compreendido pelo companheiro no relacionamento, são fatores que aumentam a angústia, o que pode levar a pessoa a pensar em suicídio.

O que fazer: encontrar tempo para conversar de forma calma e ponderada e proporcionar um ambiente de equilíbrio dentro de casa ou dentro do relacionamento amoroso, podem ajudar a pessoa a se sentir melhor. Mais importante do que apontar os erros do outro, é expressar os sentimentos com calma e sem julgamentos, mostrando apenas que quer ser compreendido.

3. Uso de drogas ou álcool

O alcoolismo e o uso de drogas também favorece o suicídio, isso porque na maioria dos casos o abuso dessas substâncias acontece como forma de "esquecer" os problemas, principalmente quando a pessoa estar passando por um momento de angústia ou frustração. Além disso, a atuação nestas substâncias no cérebro modifica as funções cerebrais, o estado de consciência e o pensamento, favorecendo as ideias autodestrutivas.

O que fazer: em caso de vício o mais indicado é buscar tratamento contra dependência química, mas se o uso destas substâncias é esporádico ou recente, pode ser possível deixar de usar, sem ser necessário internamento. Ocupar o tempo com atividades ao ar livre pode ajudar a distrair a mente.

O que é o suicidio

4. Bullying

O bullying acontece quando outras pessoas denigrem a imagem ou até mesmo agridem fisicamente a vítima que se sente indefesa, sendo esta uma situação comum na infância e na adolescência, embora seja crime. Assim, como consequência do bullying é possível que a pessoa sinta-se mais angustiada e insegura, o que também pode aumentar o risco de ter pensamentos suicida. Saiba mais sobre o bullying e consequências.

O que fazer: o bullying é uma situação comum de acontecer nas escolas e, por isso, é importante que seja informado na instituição de educação sobre o bullying para que sejam possíveis adotar estratégias que evitem essa prática. Além disso, é importante que a pessoa vítima de bullying seja acompanhada por um psicólogo, pois assim é possível prevenir as consequências.

5. Traumas emocionais

Ter sido vítima de um abuso sexual ou maus tratos são fatores que favorecem os pensamentos suicidas, porque a pessoa sente-se encurralada pelos problemas e não consegue lidar com a dor que sente diariamente. Com o passar do tempo, a dor não diminui e a pessoa fica angustiada e deprimida, o que favorece os pensamentos suicidas, porque a pessoa pode sentir que tirar a própria vida, é a melhor solução para resolver o problema.

O que fazer: os traumas emocionais devem ser tratados com o acompanhamento do médico psiquiatra, com remédios calmantes para dormir melhor. Participar em grupos de apoio de auto ajuda também é uma grande ajuda para que a dor emocional, e até mesmo física, cesse. Ouvir as histórias de outras pessoas que já passaram pela mesma situação e fazer tarefas que são indicadas nestes grupos, também faz parte do tratamento para superar o trauma. Confira as consequências e como lidar com o abuso sexual.

6. Diagnóstico de doenças

Quando se tem o diagnóstico de alguma doença que seja mais limitante, como alterações neurológicas, tumores, esclerose múltipla ou doenças que não têm cura, e infecção pelo vírus HIV, por exemplo, algumas pessoas podem ficar muito angustiadas e pensando apenas no lado negativo. Assim, em alguns casos é possível haver aumento dos pensamentos suicidas.

O que fazer: é importante ter apoio psicológico após o diagnóstico da doença, pois assim é possível lidar melhor com a situação, além de também ser fundamental seguir o tratamento recomendado pelo médico para que seja possível promover a qualidade de vida da pessoa.

Como evitar o suicídio

Para evitar os pensamentos e o planejamento do suicídio em jovens, é importante ficar atento aos sinais que podem indicar que a pessoa está pensando em tirar a própria vida. Mudanças repentinas de humor, agressividade, depressão e o uso de frases que possam sugerir o suicídio, devem servir de alerta. No entanto, apenas identificar os sinais não é suficiente e, por isso, é muito importante buscar ajuda profissional, com um psicólogo ou psiquiatra para definir as estratégias para parar de pensar em tirar a vida.

Fortalecer o vínculo afetivo com a família, amigos e ter apoio psicológico, pode ajudar a ter relações interpessoais mais satisfatórias e aumentar a percepção de apoio, melhorando assim o bem-estar e a qualidade de vida do jovem. Além disso, é possível entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida através do número 188, que fica disponível 24 por dia, e que tem como objetivo realizar apoio emocional e prevenir o suicídio.