Como comparar textos lingua portugues

Como comparar textos lingua portugues

As questões exigem familiaridade com fábulas, notícias, contos etc. Nesse sentido, Beatriz Gouveia, coordenadora do programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá, e Kátia Brakling, professora do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, ambos em São Paulo, que analisaram a prova, indicam como organizar atividades em sala de aula com textos diversos.

Comparar textos (Descritor 15)

Texto 1

Como comparar textos lingua portugues

Texto 2

Como comparar textos lingua portugues

Os dois textos falam sobre pais, mas apenas o segundo texto (A) trata dos horários impostos pelos pais. (B) comenta sobre as broncas dos pais. (C) fala sobre as brincadeiras dos pais.

(D) discute sobre o que os pais fazem.

Análise
O aluno deve ler os dois textos, indicando o conteúdo global. Depois, comparar as sínteses e identificar semelhanças e diferenças. Por fim, avaliar a alternativa correspondente ao tema do segundo texto.

Orientações


Exponha diferentes textos (de um mesmo gênero ou não) relacionados a um único tema e com diferentes ideias. Discuta que, embora tratem do mesmo assunto, eles podem expressar sentidos diferentes em função da intenção do autor.

Olá, estudante! Esta videoaula de Língua Portuguesa para o 6º ano do Ensino Fundamental foi veiculada na TV no dia 22/11/2021 (segunda-feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

Como comparar textos lingua portugues
Disponível em: https://pixabay.com/images/id-1049943/

Você costuma ler vários textos de diferentes gêneros? Já observou que há variadas formas de falar sobre um determinado assunto? Nesse estudo, compare um texto imagético com um fragmento de um poema e observe quantas leituras que realizamos podem dialogar entre si. Bons estudos!

Assista à videoaula do professor Marlon Santos com essa temática.

6 ano – Língua Portuguesa

A arte fornece ao ser humano inúmeras possibilidades: seja de criação, representação, contemplação, proporciona um sentimento de prazer estético, reflete momentos históricos e tantas outras funções ela assume. Contudo, o papel da arte não consiste em apenas revelar o belo do mundo. Por meio dela, o artista também pode expressar suas angústias, tristezas, medos e tecer críticas sociais.

Falar sobre problemas, sobre a realidade, geralmente, não é mostrar algo bonito, pelo contrário, é mostrar o que também há de pior no mundo como a fome, as guerras, a violência e tantas outras questões. Nesse sentido, a arte assume o papel de fazer denúncias sociais. 

Veja, a seguir, dois textos artísticos que refletem essa denúncia social por meio da arte. Além da temática, observe a estrutura de cada um deles.

O primeiro texto trata-se de uma pintura de Cândido Portinari. Entenda que pinturas e desenhos, por exemplo, podem ser compreendidos como textos imagéticos, isto é, textos compostos por imagens. As imagens possuem fator de textualidade, pois são capazes de transmitir mensagens de um locutor para seus interlocutores, produzindo sentidos em determinados contextos.

Retirantes (1944) – Cândido Portinari

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PORTINARI, Cândido. Retirantes, 1944.

Essa pintura de Cândido Portinari faz parte de uma série de telas associadas ao tema da seca do Nordeste. São quatro telas ao todo. Observe que nessa obra de arte, há nove personagens ao centro da pintura, sendo quatro adultos e cinco crianças. Esse grupo parece ser uma família que vai da geração do avô à geração dos netos.

Considerando o título da obra com o contexto em que ela está inserida, pode-se perceber que essa família está fugindo da extrema seca que assola determinados lugares do nordeste brasileiro. A busca dos retirantes é pela sobrevivência em um lugar que haja água, comida e trabalho.

A aparência física das personagens dessa pintura é degradante. Estão maltrapilhos, com poucas roupas, muito magros, alguns rostos parecem caveiras, o semblante de todos é de tristeza e cansaço. Note que dentre pessoas bem magras, há uma criança com a barriga bem grande. Certamente, não é porque ela seja gordinha naturalmente, mas porque tenha contraído alguma doença em decorrência da ingestão de água contaminada. 

A paisagem da tela também chama a atenção. Observe que o lugar em que esse grupo está retrata uma paisagem seca, sem árvores, sem cores vibrantes. O único sinal de vida que há nessa paisagem são as aves voando no céu, que, aparentemente, são urubus. Essas aves costumam rondar espaços onde há restos mortais de animais, para devorar a carniça. Ou seja, até o sinal de vida que há na tela representa a morte. Além disso, é possível ver que na superfície da terra há ossos, o que sugere que nesse lugar já morreram outros animais, provavelmente, de fome e sede em decorrência da seca nordestina.   

Todos os elementos dessa pintura colaboram para o entendimento de que essas pessoas estão vivendo em estado de miséria, sem comida e água potável para sua sobrevivência. Esse é o drama de muitas pessoas que viveram ou ainda vivem em determinadas regiões do Nordeste do Brasil. Na década de 1944, esses problemas eram muito fortes no país e, por meio da arte, Cândido Portinari pôde realizar uma denúncia social sobre essa condição humana para as autoridades governamentais e toda a população.

Ainda hoje, infelizmente, muitas pessoas em nosso país ainda vivem situações semelhantes. Por esse e outros motivos, a arte não tem data de validade e continua retratando a realidade de tantas pessoas no Brasil e no mundo.

Não foi apenas Cândido Portinari que retratou a seca nordestina. Esse assunto tão sério e triste já foi retratado em outras manifestações artísticas, como a literatura, o cinema e o teatro, por exemplo.

O poeta João Cabral de Melo Neto, em “Morte e Vida Severina” transformou em arte, para nossa reflexão, o problema da seca. Leia um trecho desse poema e compare-o com a pintura de Cândido Portinari.

Morte e vida Severina (1955) – João Cabral de Melo Neto

Somos muitos Severinos

iguais em tudo na vida:

na mesma cabeça grande

que a custo é que se equilibra,

no mesmo ventre crescido

sobre as mesmas pernas finas,

e iguais também porque o sangue

que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos

iguais em tudo na vida,

morremos de morte igual,

mesma morte severina:

que é a morte de que se morre

de velhice antes dos trinta,

de emboscada antes dos vinte,

de fome um pouco por dia

(de fraqueza e de doença

é que a morte severina

ataca em qualquer idade,

e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos

iguais em tudo e na sina:

a de abrandar estas pedras

suando-se muito em cima,

a de tentar despertar

terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar

algum roçado da cinza.

Mas, para que me conheçam

melhor Vossas Senhorias

e melhor possam seguir

a história de minha vida,

passo a ser o Severino

que em vossa presença emigra.

(MELO NETO, João Cabral de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Olympio. p. 204)

Observe que o texto de João Cabral de Melo Neto, no lugar de uma pintura, traz palavras dispostas em versos, utilizando o recurso sonoro das rimas, o que faz dele um poema. É nítido que são, portanto, gêneros diferentes com estruturas diferentes, assim como funções próprias. Contudo, os dois textos dialogam por retratarem um universo temático similar: a seca no Nordeste. Esse trecho apresenta apenas um fragmento do poema (ele é um pouco extenso) e nele temos a apresentação do personagem Severino, um homem que vive no sertão nordestino e enfrenta a mesma situação que tantos outros conterrâneos, também severinos. A condição Severina apresentada no poema, portanto, diz respeito a todos que vivem nesse lugar, sendo vitimados pela seca, pela vida sofrida causada pela fome e condições de trabalho inexistentes. Observe que no poema, uma das causas frequentes de morte é a fome, como pode ser identificado no verso “Todos morrem […] de fome um pouco por dia”. São essas condições que fazem Severino bater em retirada de onde está para procurar um lugar de trabalho, com água e comida, assim como em “Retirantes”, de Portinari.

O personagem do poema narrativo se descreve de maneira semelhante ao que é visto na obra de Portinari: 

“na mesma cabeça grande

que a custo é que se equilibra,

no mesmo ventre crescido

sobre as mesmas pernas finas”

Atividade

  1. Nesta atividade, você refletiu um pouco sobre o ato de comparar um texto literário com outro texto, no caso, um texto imagético. Faça o mesmo com os dois textos a seguir. Observe se o assunto que tratam é o mesmo ou não, o que é comum e diferente quanto a estrutura dos dois e também em relação aos personagens.

Texto 1

Xibom bombom

As Meninas

Bom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombom

Bom xibom, xibom, bombom