Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

O Nordeste brasileiro representa a primeira zona de povoamento criada pelos conquistadores portugueses, que iniciaram a colonização a partir do litoral nordestino, que favorecia a ocupação em razão da presença de melhores condições naturais, como uma porção litorânea vastamente recortada, ideal para a navegação de cabotagem, e o relevo plano próximo ao mar.

O cultivo da cana-de-açúcar, (que obteve seu auge entre o final do século XVI e meados do século XVII), baseado no sistema Colônia-Metrópole, estruturou o comércio e o desenvolvimento das cidades nordestinas, principalmente na faixa litorânea, atualmente conhecida como Zona da Mata. Portugal ampliou seu comércio açucareiro com os recursos investidos principalmente em Pernambuco, com base no trabalho indígena e capital estrangeiro (holandês). Para produzir de acordo com as necessidades da colônia, foram trazidos os negros africanos. Esse sistema consolidou a estrutura fundiária que ainda prevalece no Nordeste, marcada por forte concentração de terras e influência de oligarquias e famílias tradicionais nas decisões políticas e econômicas.

A economia açucareira norteou outras atividades, como a criação de gado (carne, transporte, energia para os engenhos, sebo, lenha para as caldeiras), sendo que esta atividade acabou por se expandir para áreas do sertão, constituindo a base de sua economia. Ao final do século XVII, a produção de açúcar nas Antilhas aumentou a oferta do produto no mercado internacional, abaixando vertiginosamente seu preço. Com o declínio da produção açucareira, a pecuária absorveu grande parte da população.

Durante quase três séculos (XVI até o XVIII) a região Nordeste concentrou a maior parte da população e grande parte das riquezas do Brasil. O sistema de acumulação baseado na cana-de-açúcar, ao contrário do café no Sudeste, ocorreu num momento em que a ocupação brasileira representava o enriquecimento da metrópole através da exploração da colônia. Ainda que se discuta que no estado de São Paulo as riquezas se concentraram com os Barões do Café e não proporcionaram um equilíbrio na distribuição de renda, tal acumulação ocorreu num outro contexto histórico, pós-Revolução Industrial, sendo utilizada na modernização da infraestrutura e induzindo a formação de uma classe social capaz de investir em empreendimentos que se instalaram efetivamente no território brasileiro.

Por outro lado, a pecuária extensiva foi responsável, ainda durante o século XVII, pelo início da interiorização da ocupação no Nordeste. Afastado da Zona da Mata para não comprometer a lavoura de cana, o rebanho bovino seguiu pelo Agreste – faixa transitória entre as áreas úmidas e as porções de clima seco ­– até alcançar o Sertão. A pecuária extensiva nordestina realizada no Agreste e no Sertão chegou a atrair até mesmo imigrantes paulistas para a região Nordeste. A figura do sertanejo, vaqueiro acostumado às condições extremas impostas pela seca existe até os dias atuais em diversas cidades nordestinas.

A partir do século XIX, o Nordeste passou a assumir um papel de dispersor de população. Historicamente, a região possui alto índice de emigrações, em função da carência de infraestrutura e de projetos de desenvolvimento que incluam as camadas mais populares, situação agravada pelas secas sazonais e a grande concentração fundiária.

Júlio César Lázaro da Silva Colaborador Brasil Escola Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

A ocupação do território brasileiro se iniciou com pequenos arraiais espalhados em diversas localidades. Tais ocupações aconteceram devido à necessidade européia de ampliar suas atividades comerciais, o que fez com que procurassem novos produtos e novas áreas a serem exploradas.

O povoamento brasileiro, no século XVI, se limitou em territórios litorâneos próximos ao oceano Atlântico onde desenvolveram inúmeras lavouras de cana-de-açúcar no Recôncavo Baiano e no Nordeste, o que resultou na transferência da pecuária, que antes se desenvolvia na Zona da Mata nordestina, para o sertão nordestino. Neste período começa o extermínio indígena que foi tanto físico (genocídio) quanto cultural (etnocídio).

No século XVII, aconteceram as primeiras expedições denominadas bandeiras, que povoou em grande escala o território brasileiro, principalmente nas extremidades do Rio Amazonas, do Rio São Francisco e do sertão nordestino. Os portugueses, em maior número que os nativos, dominaram a região e começaram a capturar os nativos para juntos buscarem ouro e pedras preciosas. Em 1616, fundaram Belém do Pará.

No século XVIII, houve um grande aumento na população do território, fato que foi causado pela descoberta de ouro e pedras preciosas em regiões hoje denominadas Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia. Esta população se alojou em povoamentos dispersos no interior do território, mas estes logo foram se esvaziando. Na medida em que as preciosidades foram se esgotando, o povo foi se dispersando.

O povoamento ocorrido no interior do território teve intenção de explorar e extrair riquezas de lá, mas este também trouxe alguns benefícios, como a abertura de estradas que dava acesso a regiões litorâneas e o fortalecimento das ligações entre os criadores de gado.

No século XIX, houve a grande expansão territorial onde os territórios ao sul tornaram-se inteiramente povoados. As procuras por algodão e café se intensificaram, mas a prosperidade originada pelo algodão se finda juntamente com a guerra de independência norte-americana e em contrapartida a do café se intensifica com sua valorização na Europa. O cultivo do café incentivou o trabalho assalariado e a acumulação de capitais, o que impulsionou o desenvolvimento industrial. Este período ainda marca o início da mecanização com a instalação das ferrovias, dos telégrafos e das companhias de navegação.

No início do século XX, ocorreram movimentos de desbravamento e povoamento de novas localidades dentro do território, o que ficou conhecido com as frentes pioneiras se iniciando em São Paulo. Este processo foi baseado na economia que girava em torno do café onde este necessitava de mais lugares para sua lavoura. O aumento das exportações, o esgotamento dos solos e a facilidade de empréstimos bancários foram as causas deste grande movimento que se iniciou no Vale do Paraíba, passou por Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e terminou no Paraná. Este desbravamento é conhecido como a Marcha do Café.

Outros motivos importantes para o pioneirismo foi a expansão ferroviária, a colonização por imigrantes no Sul do território, a Marcha para o Oeste (que foi um movimento de ocupação do Centro-Oeste) e o aproveitamento agrícola das áreas do cerrado para o cultivo da soja e para a criação de gado.

Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola

História do Brasil  - Brasil Escola


Revisitando o capítulo

Resolva os exercícios no caderno.

1. Por que podemos dizer que o Brasil é um país “continental”?

2. O que é mar territorial? E Zona Econômica Exclusiva?

3. Caracterize a posição geográfica do território brasileiro.

4. Quantos fusos horários possui o Brasil? Em qual deles está localizada a cidade em que você mora?

5. O que foi o Tratado de Tordesilhas?

6. Como o sistema de plantation contribuiu para a transformação do espaço geográfico brasileiro até o século XIX?

7. Caracterize a conquista dos sertões e destaque o papel dos rios no processo de ocupação territorial do nosso país.

8. Até a década de 1930, como se configurava regionalmente o território brasileiro? A partir desse período, o que transformou essa realidade socioespacial?

9. Quais foram as principais ações do Estado brasileiro para expandir as fronteiras econômicas em território nacional?

10. Com base na observação do lugar em que você mora, faça uma pesquisa para identificar os elementos das paisagens que constituem “marcas” do processo de ocupação desse lugar.

TRABALHANDO COM GÊNEROS TEXTUAIS

Metamorfose

Meu avô foi buscar prata

mas a prata virou índio. Meu avô foi buscar índio mas o índio virou ouro. Meu avô foi buscar ouro mas o ouro virou terra.

Meu avô foi buscar terra

e a terra virou fronteira. Meu avô, ainda intrigado, foi modelar a fronteira:

E o Brasil tomou forma de harpa.

RICARDO, Cassiano. In: MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 2002. p. 395.

Com base na leitura da obra do poeta modernista Cassiano Ricardo (1895-1974), responda:

a. Quais são os trechos que indicam cada uma das etapas de ocupação territorial de nosso país?

b. Em sua opinião, quem seria o “avô” mencionado no poema?

c. Que personalidade do governo brasileiro foi responsável para que o Brasil tomasse, definitivamente no início do século XX, “forma de harpa”?

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Vicente Mendonça


Página 129

ANÁLISE DE MAPA

Observe o mapa usado para divulgar na mídia os horários das provas do Enem que ocorreram nos dias 24 e 25 de outubro de 2015.

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Mapa: ©DAE/Allmaps

Fonte: ENEM 2015. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.

Note que a cor aponta as 13h no mapa não está contemplando o sudoeste do Amazonas. Confira o mapa dos fusos horários, na página 114.

a. Por que o horário de fechamento dos portões dos estabelecimentos onde se realizaram as provas não é o mesmo nos diferentes grupos de estados brasileiros?

b. Para responder esta questão, observe a data em que ocorreu a prova do Enem. Sabendo que os estados da Região Nordeste, assim como Tocantins, Pará e Amapá, encontram-se no mesmo fuso horário de Brasília, explique o fato de terem os portões fechados no mesmo horário do fuso que está uma hora atrasado em relação ao horário oficial brasileiro.

ANÁLISE DE GRÁFICO

Observe o gráfico.

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Gráfico: ©DAE

Fonte: BADIE, Bertrand. Atlas da mundialização: compreender o espaço mundial contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 119.

a. Leia novamente o texto em boxe da página 119 e diga qual foi a proporção de africanos escravizados trazidos para o Brasil, dentro do total daqueles trazidos para o continente americano.

b. Quais foram as atividades econômicas desenvolvidas com base na mão de obra de africanos escravizados em território brasileiro? Em que período histórico mais se destacaram? Página 130

Enem e Vestibulares

Resolva os exercícios no caderno.

1. (Enem – 2009)

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Mapa: ©DAE/Allmaps

BETHEL, L. História da América. São Paulo: Edusp, 1997. v. 1.

As terras brasileiras foram divididas por meio de tratados entre Portugal e Espanha. De acordo com esses tratados, identificados no mapa, conclui-se que

a. Portugal, pelo Tratado de Tordesilhas, detinha o controle da foz do rio Amazonas.

b. o Tratado de Tordesilhas utilizava os rios como limite físico da América portuguesa.

c. o Tratado de Madri reconheceu a expansão portuguesa além da linha de Tordesilhas.

d.Portugal, pelo Tratado de San Ildefonso, perdia territórios na América em relação ao de Tordesilhas.

e. o Tratado de Madri criou a divisão administrativa da América Portuguesa em Vice-Reinos Oriental e Ocidental.

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Page 2

. Acesso em: 16 jan. 2016. Página 139

Dívida externa brasileira

Como vimos, a implantação da infraestrutura necessária ao processo de industrialização do país foi viabilizada por grandes investimentos públicos. Para realizar tais investimentos, o Estado brasileiro contraiu vários empréstimos em bancos e instituições financeiras internacionais, a maioria deles com sede nos países desenvolvidos.

A dívida pública externa não é novidade: no período imperial, no século XIX, o Brasil já devia a bancos ingleses. No século XX, os débitos começaram a crescer na década de 1950, com os empréstimos contraídos para financiar o projeto desenvolvimentista nacional. Contudo, foram os governos militares que contraíram os maiores volumes de empréstimos, com os quais pretendiam sustentar o chamado milagre econômico brasileiro (fenômeno caracterizado pelas altas taxas de crescimento do PIB nacional – cerca de 10% ao ano – durante parte da década de 1970, proporcionadas pelo vertiginoso crescimento da indústria no país).

Acordos foram firmados entre os governos militares, empresas multinacionais e grandes empreiteiras nacionais, criando, dessa forma, a infraestrutura necessária ao alavancamento da economia. Tal fato alçou o Brasil, durante essa década, ao posto de país mais industrializado da América Latina, posição ocupada até hoje. O ritmo intenso impresso ao crescimento econômico foi viabilizado pela injeção, nos setores produtivos, de dinheiro público adquirido por meio de empréstimos internacionais em instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (Bird) e o chamado Clube de Paris, grupo formado por várias instituições financeiras internacionais.

Observe o gráfico.

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Gráfico: ©DAE

Fontes: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008. p. 296; THE WORLD BANK. *Disponível em:




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Page 3


Página 4

Conheça o livro

Abertura de unidade

São apresentadas imagens emblemáticas relacionadas aos assuntos abordados nos capítulos. Elas buscam despertar interesse pelos temas tratados nas unidades.

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De olho no Enem

Questão do Exame Nacional do Ensino Médio comentada e analisada conforme o conteúdo estudado.

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Revisitando o capítulo

É composta de questões e análises (de gráficos, mapas, tabelas e imagens), além do trabalho com diferentes gêneros textuais.

Enem e Vestibulares

Reúne questões do Exame Nacional do Ensino Médio e de vestibulares aplicadas nos últimos anos.

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Página 5

Textos em boxes

Informações que aprofudam os conteúdos estudados.

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Espaço e cartografia

Trabalho com os principais conteúdos cartográficos relativos aos temas de cada unidade.

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Ampliando conhecimentos

Indicação de filmes, documentários, livros e sites. podem ser utilizados como fontes de entretenimento ou de pesquisa.

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Culturas em foco

São apresentadas características culturais de diversos grupos no Brasil e no mundo.

Saberes em foco

Podem ser verificados aqui saberes relacionados às diferentes áreas e formas de conhecimento.

Mulheres em foco

Textos que ressaltam o trabalho ou a vida de mulheres no decorrer da História.

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Estas seções propõem momentos que viabilizam o trabalho integrado e interdisciplinar, por meio de discussões a respeito de aspectos culturais ou que envolvam a cidadania.

Atenção!

Não escreva no livro. Todos os exercícios devem ser resolvidos no caderno.


Página 6

Sumário




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Page 4

. Acesso em: 7 mar. 2016.

Contudo, devemos lembrar que essas condições sociais, econômicas e sanitárias mencionadas variam entre os países e regiões do mundo. Dessa forma, temos na África uma taxa de fecundidade média em torno de cinco filhos por mulher, enquanto que as mulheres europeias não têm atingido nem mesmo o número necessário para a renovação de gerações, que é de dois filhos por mulher, o que tem causado um decréscimo populacional em alguns países do continente.

Mulheres em foco

A pílula e a revolução

Quando me perguntam qual foi a maior invenção, aquela que revolucionou a história provocando uma evolução social de gênero, respondo, sem hesitar: a pílula anticoncepcional.

Até pouco tempo atrás, as mulheres não podiam controlar sua fertilidade, a sexualidade delas era um problema dos homens.

Durante séculos, a humanidade procurou e experimentou várias receitas contraceptivas na tentativa de encontrar algum resultado eficaz no controle de natalidade. O registro médico contraceptivo mais antigo, encontrado por arqueólogos, data de 1850 a.C. Em um papiro, uma receita ensina uma mistura de mel e bicarbonato de sódio para ser aplicado na vagina. Já no Velho Testamento, 1000 a.C., existem registros, resultantes de observações realizadas por estudiosos da época, de que as mulheres não engravidavam quando tinham relações sexuais às vésperas da menstruação. No Egito antigo, a rainha Cleópatra, para não engravidar, inseria na vagina esponjas marinhas embebidas em vinagre. E, assim, sucederam-se receitas e mais receitas, que demonstraram, sobretudo, a grande preocupação com o controle de natalidade e o planejamento familiar. [...]

Entre 1950 e 1955, a pílula anticoncepcional foi desenvolvida por dois grandes médicos americanos – Gregory Pincus e Carl Djerassi – que, por meio de incentivos da feminista e ativista social Margaret Sanger, receberam financiamento da rica herdeira industrial Katharine McCornick. Entretanto, foi preciso uma década de intenso trabalho para que o primeiro anticoncepcional oral “Enovid” fosse comercializado e colocado no mercado americano, em 1961, pela Searle. No mercado brasileiro, o Enovid chegou no ano seguinte (1962).
Página 34

As primeiras pílulas comercializadas, apesar de eficientes, possuíam altas doses de hormônio, provocando efeitos colaterais indesejados. Desde então, várias pesquisas foram realizadas para minimizar as doses e os riscos provocados pelo uso constante dos hormônios sem interferir na eficácia contraceptiva, melhorando, assim, a qualidade de vida das usuárias.

A libertação de centenas de milhões de mulheres do fardo da gravidez indesejada teve enorme impacto social. Essa descoberta foi a principal causa da “revolução sexual feminina” da década de 1970 e, consequentemente, da atual busca por novos modelos na estrutura familiar convencional. Foi a maior e mais significativa modificação no comportamento humano, ajudando no surgimento de uma nova mulher que pôde, enfim, controlar melhor o próprio corpo. [...]

ROCHA, Patrícia. Mulheres sob todas as luzes: a emancipação feminina e os últimos dias do patriarcado. Belo Horizonte: Leitura, 2009. p.168-169.

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

SSPL/Getty Images

A primeira pílula anticoncepcional, Enovid, começou a ser vendida no Brasil em 1962. O conteúdo desse pequeno vidro provocou importante revolução nos hábitos e costumes de todas as sociedades humanas.

Responda


De acordo com o texto acima, por que a pílula anticoncepcional ocasionou o que a autora chama de “revolução sexual feminina”? Converse com os colegas de turma a respeito dos diferentes métodos contraceptivos que existem na atualidade. Reflitam sobre a importância das pessoas sexualmente ativas usarem esses métodos, não somente como forma de evitar a gravidez indesejada, mas também como forma de prevenção às chamadas doenças sexualmente transmissíveis (DST). Você e seus colegas sabem quais são elas? Conversem com o professor a respeito.

Competência de área 2: Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

Habilidade 6: Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.

De olho no Enem – 2006

Resolva os exercícios no caderno.

Nos últimos anos, ocorreu redução gradativa da taxa de crescimento populacional em quase todos os continentes. A seguir, são apresentados dados relativos aos países mais populosos em 2000 e também as projeções para 2050.

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Internet: .

Com base nas informações acima, é correto afirmar que, no período de 2000 a 2050,

a. a taxa de crescimento populacional da China será negativa.

b. a população do Brasil duplicará.

c. a taxa de crescimento da população da Indonésia será menor que a dos EUA.

d. a população do Paquistão crescerá mais de 100%.

e. a China será o país com a maior taxa de crescimento populacional do mundo.

Página 35

Gabarito: D

Justificativa: Embora a população paquistanesa do ano 2000 não seja apontada no primeiro gráfico apresentado como suporte, é possível inferir que ela seja inferior a 170 milhões de habitantes (população do Brasil, que, de acordo com a fonte apresentada, era o 5º país mais populoso naquele ano). Como em 2050 a previsão apresenta a população do Paquistão com 344 milhões de habitantes, está correto afirmar, com base nos dados apresentados, que a população daquele país mais do que dobrará no período. Está correta, portanto, a alternativa d. A alternativa a está incorreta, pois se os dados apresentados informam a previsão de um incremento populacional na China entre 2000 e 2050, não haverá taxa de crescimento populacional negativa no período. A alternativa b está incorreta, pois se o Brasil não aparece entre os cinco países com maior população em 2050, é possível inferir que, de acordo com as previsões apresentadas, sua população naquele ano será inferior à da Indonésia (311 milhões), e assim não terá duplicado em relação à população brasileira aferida no ano 2000. A alternativa c está incorreta, pois embora o volume total do incremento populacional apresentado na população dos EUA no período seja superior ao verificado na Indonésia, proporcionalmente (ou seja: considerando o percentual representado pelo acréscimo populacional em relação à população total), o incremento previsto para este último país apresenta-se maior do que o estadunidense. Finalmente, a alternativa e está incorreta, pois se nos dados apresentados, a China, que detinha a maior população em 2000, será superada pela Índia em 2050, isso revela que a taxa de crescimento populacional indiana é maior do que a chinesa, invalidando o distrator. Além disso, de acordo com os dados apresentados, a taxa de crescimento populacional paquistanesa também é muito superior à chinesa. Também a afirmação apresentada no distrator não pode ser validada já que os gráficos apresentados revelam apenas os cinco países mais populosos do mundo em cada período, e não as maiores taxas de crescimento populacional verificadas no planeta.

A estrutura da população mundial

Vários demógrafos têm afirmado que a entrada da sociedade na etapa pós-transição demográfica, trará mudanças significativas na estrutura etária e na estrutura econômica da população mundial. Mas o que isso significa? É o que veremos a seguir.

As mudanças na estrutura etária

A melhoria da qualidade de vida em vários países do mundo tem aumentado a expectativa de vida da população. A expectativa de vida ao nascer refere-se ao número médio de anos que uma pessoa poderá viver, levando-se em consideração as condições socioeconômicas mundiais como um todo, ou mesmo de um país ou região. Na primeira metade da década de 2010, a expectativa de vida média mundial era de 70 anos, sendo que no início da década de 1960 esse índice era de 50 anos, ou seja, as pessoas passaram a viver em média 20 anos a mais, seis décadas depois.

O aumento da expectativa de vida aliado à queda na taxa de fecundidade, tem levado, já há algumas décadas, a importantes mudanças na estrutura etária da população. A estrutura etária refere-se à maneira como os habitantes de um país ou região estão distribuídos de acordo com a faixa etária e o sexo. De maneira geral, analisa-se a população dividindo-a em três faixas etárias: crianças e jovens (de 0 a 19 anos), adultos (de 20 a 59 anos) e idosos (a partir dos 60 anos). Essa análise é feita por meio da leitura da chamada pirâmide etária, um gráfico que mostra a distribuição das faixas etárias divididas em duas colunas: uma para a população masculina e outra para a população feminina. Veja as mudanças ocorridas na pirâmide etária do Japão, a partir da década de 1950.
Página 36

Estrutura etária no Japão

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Gráficos: ©DAE

Fonte: ONU. Department of Economic and Social Affairs. Population Division. World Population Prospects: The 2015 Revision. Disponível em:




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Page 5

. Acessos em: 19 mar. 2016.

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Alex Tauber/Pulsar Imagens

Atualmente, as mulheres exercem as mesmas funções dos homens, mas os ganhos salariais são menores, em média. Na imagem, mulheres trabalhando na linha de montagem de uma fábrica de máquinas de lavar e fogões em Rio Claro (SP), 2013.

Há cerca de cinquenta anos, apenas 15% dos postos de trabalho no Brasil eram ocupados por mulheres. Atualmente, elas representam aproximadamente 47% da População Economicamente Ativa (PEA). Esse dado mostra que o contingente de mulheres responsáveis pela renda familiar aumentou significativamente nas últimas décadas. A redução do tempo de convivência familiar em razão da permanência no trabalho, além dos altos custos com alimentação, saúde, lazer e educação, levou as mulheres a optar por um número menor de filhos. Também colaboraram para esse comportamento demográfico os programas de planejamento familiar desenvolvidos pelo Estado por meio do Ministério da Saúde e a difusão de métodos contraceptivos, como preservativos e pílulas anticoncepcionais. Assim, o que se verifica nas últimas décadas é a queda gradual da taxa de natalidade.

O índice de crescimento natural da população brasileira calculado pelos especialistas para a década de 2010 é de 0,8% ao ano, quatro vezes e meia menor que o índice registrado na década de 1950, que era de 3,6%.
Página 48

A estrutura etária da população brasileira

Nas últimas décadas, as mudanças ocorridas no Brasil, relacionadas à transição demográfica, têm alterado também as características da estrutura etária da população. Observe os gráficos a seguir, nos quais é representada a evolução da estrutura etária da população brasileira:

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Gráficos: ©DAE

Fontes: IBGE. Anuário estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, 1998; IBGE. Censo 2010: sinopse dos resultados. Disponível em: ; IBGE. Anuário estatístico do Brasil 2014. Disponível em:




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Page 6

. Acesso em: 16 jan. 2016.

Em razão do alto custo dos equipamentos e dos insumos, a agropecuária moderna é praticada geralmente em médias e grandes propriedades rurais, com o plantio e a criação de um número restrito de espécies vegetais e animais – de uma única espécie, na maioria das vezes. É por isso que hoje grande parte das paisagens rurais é ocupada por lavouras monocultoras e por extensas áreas de criação.

Essa especialização da produção também decorre da imposição de grandes corporações transnacionais do setor alimentício. Elas decidem quais são as matérias-primas de seu interesse e quais devem ser cultivadas ou criadas, o que tem influenciado diretamente os preços de comercialização dos produtos agropecuários.

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Artur Keunecke/Pulsar Imagens

Modernas colheitadeiras em lavoura monocultora de soja em grande propriedade do município de Chapada dos Guimarães, (MT), área de cerrado recuperada para o cultivo em larga escala. Foto de 2015.
Página 66

Entre os gêneros agropecuários altamente valorizados no mercado internacional e produzidos por meio da agropecuária comercial moderna, destacam-se o milho, o trigo, a soja, o gado bovino e suíno e as aves, especialmente frangos e galinhas poedeiras. Veja na tabela a seguir os maiores produtores mundiais desses gêneros. Note também a posição do Brasil nos quadros em que ela aparece.



Mundo – maiores produtores agropecuários (2014)

Lavouras

Países produtores

Produção (em milhares de toneladas)

Criações

Países produtores (carne abatida)

Produção (em dólares)

Trigo
1º China 121930 Aves
1º Estados Unidos
17396881
2º Índia 93510 2º China 13371800
3º Estados Unidos 57966 3º Brasil 12387323
4º Rússia 52090 4º Rússia 3462656

Milho
1º Estados Unidos 353700 Bovinos 1º Estados Unidos 11698479
2º China 218489 2º Brasil 9675000
3º Brasil 80273 3º China 6408200

4º Argentina
32120 4º Argentina 2822000

Soja
1º Estados Unidos 89483 Suínos 1º China 53752000
2º Brasil 81724 2º Estados Unidos 10509704
3º Argentina 49306
3º Alemanha
5 494164
4º China 11951 4º Espanha 3431214
Fonte: ONU. FAO. Statistics Division. Disponível em:

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Page 7


Competência de área 6: Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.

Habilidade 27: Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos.

De olho no Enem – 2012

A singularidade da questão da terra na África Colonial é a expropriação por parte do colonizador e as desigualdades raciais no acesso à terra. Após a independência, as populações de colonos brancos tenderam a diminuir, apesar de a proporção de terra em posse da minoria branca não ter diminuído proporcionalmente.

MOYO, S. A terra africana e as questões agrárias: o caso das lutas pela terra no Zimbábue. In: FERNANDES, B. M.; MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. (Org.). Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

Com base no texto, uma característica socioespacial e um consequente desdobramento que marcou o processo de ocupação do espaço rural na África Subsaariana foram:

a. exploração do campesinato pela elite proprietária – domínio das instituições fundiárias pelo poder público.

b. adoção de práticas discriminatórias de acesso à terra – controle do uso especulativo da propriedade fundiária.

c. desorganização da economia rural de subsistência – crescimento do consumo interno de alimentos pelas famílias camponesas.

d. crescimento dos assentamentos rurais com mão de obra familiar – avanço crescente das áreas rurais sobre as regiões urbanas.

e. concentração das áreas cultiváveis no setor agroexportador – aumento da ocupação da população pobre em territórios agrícolas marginais.

Gabarito: E

Justificativa: Questão complexa, que envolve conceituação sobre os movimentos sociais, além de conhecimentos gerais de Geografia Agrária e História, aplicados à realidade africana. A alternativa a está incorreta inicialmente pela aplicação inadequada do conceito de “campesinato”, que por indicar a exploração da terra por camponeses e seus familiares, não poderia ser utilizado como mero sinônimo do termo “camponeses”, como foi. Além disso, o texto apresentado como suporte foca na questão da propriedade das terras africanas pelos brancos e não de instituições fundiárias pelo poder público. No caso da alternativa b, embora tenham de fato ocorrido práticas discriminatórias de acesso à terra, privilegiando os brancos colonizadores, o que predominou nesse caso foi o uso real das terras por tais elites, e não especulativo, como sugerido. O distrator apresentado na alternativa ctambém é bem elaborado, pois, embora de fato tenha ocorrido a desorganização da economia de subsistência, isso levou ao menor, e não maior acesso por parte das famílias camponesas, ao consumo de alimentos. A alternativa d está incorreta em ambas as informações apresentadas, já que o que se verificou na África Subsaariana, de acordo com o texto, foi o aumento da concentração fundiária, reduzindo o número de assentamentos rurais com mão de obra familiar; além disso, também não houve o mencionado avanço de áreas rurais sobre as urbanas. A alternativa correta está na letra e., por tratar de fenômenos típicos associados à instalação de latifúndios, conforme ocorreu na região e foi destacado no texto apresentado como suporte.

Agropecuária no Sul, Sudeste e Leste Asiático

Essas regiões da Ásia têm papel marcante na produção mundial de alimentos, já que grande parte de sua população vive no campo, trabalhando diretamente na produção agrícola. Como vimos, no Sul, Sudeste e Leste Asiático destaca-se a rizicultura, base alimentar da maior parte da população do continente. A Índia, a China, o Japão e o Sudeste Asiático respondem por cerca de 80% da produção mundial desse gênero agrícola, cultivado, geralmente, por meio da agricultura intensiva familiar, em pequenas propriedades ou em áreas comunais.

Nessas regiões é notória também a presença de extensas plantations de algodão, juta, chá, cana-de-açúcar, fumo, látex e frutas tropicais, como cacau, coco, abacaxi e banana. A Índia e a China têm, ainda, papel fundamental na produção mundial de soja, milho e trigo, gêneros agrícolas que, nas últimas décadas, vêm sendo cultivados na forma de grandes monoculturas no sistema da agricultura comercial moderna.

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Pavel Gospodinov/Getty Images

Plantação de abacaxis em Bangladesh, próximo a Srimangal, Índia, 2013. Página 83

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Mapa: ©DAE/Allmaps

Fonte: BOCHICCHIO, Vicenzo Raffaele. Atlas Mundo Atual. São Paulo: Atual, 2009. p. 69.

Fome e mercado mundial de produtos agrícolas

Observe as fotografias.

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Matthew Abbott/AP/Glow Images

Multidão espera por água em campo de refugiados da ONU que abriga 45000 pessoas em Bentiu, no Sudão do Sul, 2014.

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Mou Yu/AFP

Colheitadeira adentra plantação de milho em Wumaying, província de Hebei, norte da China, em 2015.

Resolva os exercícios no caderno.

Se existem vastas áreas do planeta destinadas ao cultivo e à criação, e safras cada vez maiores são colhidas a cada ano, por que há parcela significativa da população mundial em estado de desnutrição crônica? Converse com os colegas a respeito e anote as principais ideias da turma.

Ao contrário do que anunciava Thomas Malthus (1776-1834), no final do século XVIII, o ritmo de crescimento da população mundial não ultrapassou o da produção de alimentos (reveja o texto e o gráfico das páginas 29 e 30). Além disso, nas últimas décadas as safras têm batido sucessivos recordes por causa, principalmente, do uso e do aprimoramento de tecnologias ligadas ao setor agrícola e da ocupação de novas áreas para o cultivo, que deram origem às zonas de fronteira agrícola no interior dos continentes.


Página 84

Ainda que a produção de alimentos tenha crescido em proporções maiores que a da população mundial, verifica-se que a fome (leia o texto complementar a seguir) ainda é uma realidade em diversas partes do planeta. A quantidade de pessoas em estado de desnutrição crônica não declinou como almejava a Cúpula do Milênio, evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, em que dezenas de chefes de Estado se comprometeram a reduzir pela metade o número de desnutridos em todo o mundo até 2015. De acordo com a própria ONU, existe atualmente cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo que vive em estado de desnutrição, ou seja, que não consegue consumir alimentos suficientes para suprir suas necessidades básicas diárias de energia (calorias).

Definindo pobreza, desnutrição e fome

Dos três problemas, a pobreza talvez seja o mais fácil de definir. De modo bastante simples, pode-se dizer que pobreza corresponde à condição de não satisfação de necessidades humanas elementares como comida, abrigo, vestuário, educação, assistência à saúde, entre várias outras. A desnutrição ou, mais corretamente, as deficiências nutricionais – porque são várias as modalidades de desnutrição – são doenças que decorrem do aporte alimentar insuficiente em energia e nutrientes ou, ainda, com alguma frequência, do inadequado aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos – geralmente motivado pela presença de doenças, em particular doenças infecciosas. A fome é certamente o problema cuja definição se mostra mais controversa.

Haveria inicialmente que se distinguir a fome aguda, momentânea, da fome crônica. A fome aguda equivale à urgência de se alimentar, a um grande apetite, e não é relevante para nossa discussão. A fome crônica, permanente, a que nos interessa aqui, ocorre quando a alimentação diária, habitual, não propicia ao indivíduo energia suficiente para a manutenção do seu organismo e para o desempenho de suas atividades cotidianas. Nesse sentido, a fome crônica resulta em uma das modalidades de desnutrição: a deficiência energética crônica.

MONTEIRO, Carlos Augusto. A dimensão da pobreza, da desnutrição e da fome no Brasil. Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 48, maio/ago. 2003. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.

Caracterize a conquista dos sertoes e destaque o papel dos rios no processo

Mapa: ©DAE/Allmaps

Fonte: SCIENCESPO. Atelier de cartographie pour le Sénat, 2013. Disponível em:




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Page 8

. Acesso em: 16 jan. 2016.

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Fábio Eugênio

Fonte: ROBERT, Odile. Clonage et OGM: quels risques, quels espoirs? França: Larousse, 2005.

Ilustrações sem escala; cores-fantasia.

Página 100

ESPAÇO E CARTOGRAFIA

Mapa temático: representações quantitativas

Os mapas temáticos devem conter, de forma organizada e clara, a visualização de informações que nos permitam analisar a organização do espaço geográfico, no passado ou na atualidade. Os mapas que representam assuntos ou fenômenos específicos podem ser confeccionados em escala local, regional, nacional ou mundial e trazer temas relacionados aos aspectos naturais (como hidrografia, relevo, solo, vegetação), econômicos (agricultura, comércio, indústria, mineração), demográficos e culturais (distribuição da população, religião, línguas faladas, fluxos migratórios), históricos (áreas coloniais, frentes pioneiras).

No planisfério a seguir são destacados aspectos a respeito dos organismos geneticamente modificados de forma quantitativa. Nesse tipo de representação, utilizam-se valores absolutos em forma de figuras geométricas proporcionais, às quais são atribuídos valores numéricos. Essas figuras, no caso os círculos, foram inseridas sobre o território dos países, permitindo que visualizemos imediatamente o local da ocorrência do fenômeno.

Observe o planisfério.

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Mapa: ©DAE/Allmaps

Fonte: SciencesPo. Atelier de cartographie de SciencesPo, 2012. Disponível em:




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Page 9

. Acesso em: 16 jan. 2016.

Estado e gestão do território brasileiro no século XX

E por aqueles campos que ele agora via da janela do trem em movimento na certa passara um dia o Cap. Rodrigo Cambará, montado em seu flete, de espada à cinta, violão a tiracolo, chapéu de aba quebrada sobre a fronte altiva. De certo modo, ele simbolizava a tradição de hombridade do Rio Grande, uma tradição – achava Rodrigo – que as gerações novas deviam manter, embora dentro dum outro ambiente. Tinham-se acabado as guerras com os castelhanos. As fronteiras estavam definitivamente traçadas. Trilhos de estrada de ferro cortavam os campos, e ao longo dessas paralelas de aço, através de centenas de quilômetros, estavam plantados postes telegráficos. Em algumas cidades havia já telefones e até luz elétrica. Os inventos e descobrimentos da ciência, as máquinas que a inteligência e o engenho humano inventavam e construíam para melhorar e facilitar a vida, aos poucos iam entrando no Rio Grande e um dia chegariam a Santa Fé.

VERÍSSIMO, Érico. O retrato. Porto Alegre: Globo, 1963. v. 2. p. 316-317.

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Vicente Mendonça


Página 125

O trecho da obra de Érico Veríssimo ilustra uma nova etapa na História e na Geografia do Brasil. A partir do início do século XX, as fronteiras nacionais estavam definidas, e começava a se implantar em determinadas áreas o processo de tecnificação do território, ou seja, de prolongamento das estradas de ferro, da rede de distribuição de energia elétrica, telegrafia, telefonia, entre outras. Contudo, a organização espacial interna do país ainda se configurava como um grande “arquipélago”, com as principais regiões econômicas coexistindo de maneira desarticulada, voltadas basicamente para o abastecimento do mercado externo.

Observe novamente o mapa que mostra a configuração do território brasileiro no início do século XX (página 125) e verifique o que ocorria em cada atual região do país. Note que no Sudeste se destacavam a atividade cafeeira no interior paulista e a mineração de ferro em Minas Gerais. No Sul, as áreas coloniais de imigração europeia, baseadas em pequenas propriedades rurais, voltavam-se à policultura e à produção de erva-mate. O Centro-Oeste, que despontava como área de pecuária extensiva, era o principal fornecedor de carne bovina para o Sudeste. O Nordeste organizava-se em torno da atividade canavieira na Zona da Mata e do cultivo de algodão no Agreste, produção em sua maior parte destinada à exportação. Já a Amazônia destacava-se, até o início da década de 1920, como o grande polo mundial da produção de borracha natural.

O intercâmbio entre essas regiões e entre os estados que as compunham era muito restrito em decorrência dos pesados impostos alfandegários internos e da modesta infraestrutura das vias de transportes que vigoravam na época.

Essa realidade socioespacial somente mudaria a partir da década de 1930, com o processo de centralização político-administrativa promovido pelo governo federal, que passou a restringir drasticamente o poder dos governos estaduais e municipais e a intervir de forma planejada na organização do espaço geográfico nacional por meio de novas políticas territoriais.

Política territorial: toda atividade do Estado que implique intervenções no território nacional, como nas áreas de política regional, urbana ou ambiental, além da integração nacional e das questões de fronteira.

Determinadas ações do Estado, como a extinção dos impostos interestaduais e a realização de altos investimentos em obras de infraestrutura (rodovias federais, usinas hidrelétricas, portos etc.), possibilitaram o desenvolvimento da atividade fabril no país, facilitando a circulação de pessoas, informações e mercadorias. Todas as regiões econômicas passaram, então, a se articular em torno do centro industrial que se erguia no Sudeste.

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Acervo Laeti Imagens

Etapa de construção da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, 1923. A ponte liga a parte insular à parte continental da cidade.
Página 126

A partir do final da década de 1940, o Estado também passou a estimular a expansão das chamadas fronteiras econômicas ou agrícolas em direção às grandes áreas, ainda pouco povoadas, do Cerrado e da Floresta Amazônica, que passaram a ser desmatadas. Para tanto, nas décadas seguintes, colocou em prática planos que visavam ao desenvolvimento regional:

• Transferiu a capital do país para a Região Centro-Oeste, criando um novo Distrito Federal e inaugurando em 1960 a cidade de Brasília.

• “Rasgou” o interior do país com extensas rodovias, como a Cuiabá-Santarém, a Belém-Brasília e a Transamazônica.

• Implantou grandes projetos de colonização agrícola e de mineração (Rondônia, Jari, Carajás, entre outros) nas regiões Centro-Oeste e Norte, desencadeando um amplo processo de povoamento dessas porções do território brasileiro.

Essas ações promoveriam a integração efetiva do território nacional e uma melhor distribuição populacional, diminuindo a pressão demográfica na região costeira do país.

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Alfredo Obliziner/CB/D.A Press.

Trecho da Rodovia Transamazônica ainda em construção perto de Altamira (PA), fotografado em 1972.




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