A educação popular na escola cidadã PDF

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Manual da Fossa
(Mica Rocha)

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Casei-me com um morto (Cornell Woolrich)

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A Parte que Falta
(Shel Silverstein)

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Apegados (Amir Levine e Rachel Heller)

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O Gerente (Carlos Drummond de Andrade)

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Sempre faço tudo errado quando estou feliz (Rachel Segal)

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O que o sol faz com as flores (Rupi Kaur)

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1 Entre um século e o outro a cultura e da educação popular desde os anos sessenta até os dias de hoje Carlos Rodrigues Brandão Recado para quem vá ler este escrito Este escrito, assim como todos os desta série, é um antigo ou um novo texto que escrevi. Em alguns casos pode ser o capítulo de um livro ainda vigente ou já esgotado. Em outros, um artigo de revista de novos ou velhos tempos. Em outros casos, um escrito nunca publicado e escrito para ser dialogado em encontros, simpósios e equivalentes. Alguns foram revistos e atualizados. Outros não. Alguns têm ao final uma bibliografia completa, ou quase. Em outros ela está ausente. Tal como todos os outros desta série, o propósito deste escrito não é em nada acadêmico. Ele serve a estabelecer diálogos entre pessoas e seu uso é livre, isto é, livremente corresponsável. Ele pode ser utilizado em diferentes situações. Pode ser citado no todo ou em parte. Pode ser incorporado a outros escritos, desde que lembrada a sua fonte. Quem queira “entrar no texto” seja para torná-lo melhor, ou para co-participar dele está também convidado a tanto. Seremos co-autores/as. Lembro que boa parte de tudo o que escrevi como livros está colocado em LIVRO LIVRE, no site: www.sitiodarosadosventos.com.br. Lá estão quase todos os meus livros de antropologia, de educação e de literatura que, livres de direitos editoriais, podem por igual serem livremente acessados, salvos, copiados, etc. Em www.apartilhadavida.blogsopt.com vários outros escritos meus podem também ser livremente acessados. 1. em busca de nomes e de sentidos Suponhamos que após haver lido livros e artigos a respeito de um assunto que, em alguns deles, aparecia com este nome: educação popular, um pesquisador finlandês, versado nas línguas espanhola e portuguesa, resolvesse vir à América Latina e, de maneira especial, ao Brasil, para investigar por conta própria uma questão que de acordo com as suas leituras prometia ser tão relevante quanto misteriosa. Antes mesmo de iniciar uma pesquisa de campo já vivida por outros estudiosos europeus da educação na América Latina, ainda nos estudos feitos em sua terra natal, o nosso pesquisador terá provavelmente ficado intrigado com alguns excessos e algumas ausências. Chegando aqui em julho de 2000 e iniciando um trabalho de busca de livros e de artigos a respeito o seu espanto haveria de aumentar bastante. Depois, indo de visita a educadores e a estudiosos da educação com entrevistas programadas e horários marcados, ele acabaria por descobrir que o nome escrito em livros e em artigos, sugerindo algo tão importante, tão presente e, mesmo hoje em dia, tão atual, não correspondia a siglas ou a títulos colocados em programas de estudos ou sobre a porta de salas de faculdade de educação de seus departamento, e mesmo de algum curso. Estas duas palavras: educação popular não correspondia sequer a alguma disciplina perdida em algum currículo de curso, a não ser, aqui e ali, em raros momentos de exceção. Raros e breves. “Quando passei pela França alguns colegas pesquisadores de lá me disseram que o Brasil era um fascinante país surrealista. Mas eu não pensei que fosse tanto”, ele escreveria em uma das anotações do seu Diário do Brasil. Alguém lhe diria que em algum lugar do Nordeste, havia em uma universidade em João Pessoa, na Paraíba, um curso de Mestrado em Educação Popular. Entre programas de cursos de graduação, de especialização, de mestrado e de doutorado, ele não encontraria nas universidade públicas e também nas particulares praticamente nada, fora do caso paraibano, dedicado ao tema dos livros que leu durante anos. Dado por gosto pessoal a bons enigmas, ele se defrontaria com mais um. Em algumas faculdades de educação ele encontrou departamentos e cursos de formação em educação especial. “Curioso” - ele pensaria de novo - “cursos sobre este tema, alguns de bom nível, mas tão poucos livros, tão raros e tão especializados os seminários e congressos brasileiros sobre este assunto e, no entanto, tão raros programas universitários de formação de educadores populares, e tantos livros, tantos artigos, tantos seminários e simpósios, tanta polêmica nacional, latino-americana e internacional a respeito”. Nosso pesquisador finlandês terá louvado a iniciativa dos cursos de pedagogia especial, eu imagino, ao mesmo tempo em que terá estranhado a evidência de que em um País onde ainda se contam aos milhões os analfabetos, ou os muito precariamente alfabetizados, sejam raros e pouco procurados os programas universitários destinados à 2 formação de educadores em alfabetização e em educação de jovens e adultos. Duas longas visitas, uma ao Ação Educativa e, a outra, ao Instituto Paulo Freire, ambos de São Paulo teriam esclarecido várias dúvida e semeado algumas outras. Das conversas com Sérgio Haddad e Moacir Gadotti e suas equipes, ele ganharia mais elementos para recordar com melhores dados que um dos momentos em que algumas idéias e algumas propostas em educação originadas no Brasil e na América Latina foram mais difundidas para fora do País e do Continente, foi justamente quando se escreveu e se falou a respeito de educação popular, entre o começo dos anos 60 e umas duas décadas depois. Este seria o momento em que ele poderia ser tentado a estabelecer um paralelo algo estranho mas talvez fecundo. Aqui como lá existem centros superiores de formação de pessoal considerado como da área da saúde: psicólogos, médicos, enfermeiros, odontólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, e alguns outros. Lá como aqui são publicados anualmente vários livros e artigos em vários temas de algum modo associados aos programas científicos de pesquisas e aos programas de formação de pessoas em cada uma e em todas estas áreas de saberes científicos e de tecnologias de trabalho especializado. Alguns destes congressos de “pessoal da área da saúde” poderão integrar temas mais filosóficos ou mesmo sociais. Como, por exemplo: “uma ética médica para o próximo milênio”, ou algo assemelhado. Pode até mesmo acontecer de todo um seminário ser dedicado a temas como: saúde e educação popular. Estranharia ao nosso pesquisador que a Universidade de Brasília sediasse em agosto de 2001 um encontro nacional sobre este tema1 ? Estranharia a publicação, também em 2001, de um livro com o título: a saúde nas palavras e nos gestos – reflexões da rede educação popular e saúde?2 Então, uma tal “rede” existe? Prossigamos com o provável pensar de nosso finlandês. De igual maneira, lá (na terra dele) como aqui, por certo anualmente serão celebrados seminários, simpósios e congressos, alguns mais “gerais” e, outros, mas “específicos” envolvendo estudantes do ramo, profissionais de origem universitária e professores universitários formadores de tais profissionais graduados ou pós-graduados. Mas se forem feitas as contas, elas por elas, em 1 Promoção dupla, com os seguintes títulos: IIº Seminário sobre Educação e Saúde no Contexto da Promoção da Saúde –seus sujeitos, espaços e abordagens; IIº Encontro Nacional de Educação Popular e Saúde, coordenação da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB e da Rede de Educação Popular e Saúde. Brasília 6 a 9 de agosto de 2001. 2 Organizado pelo médico e educador Eymar Mourão Vasconcelos, e publicado pela HUCITEC, de São Paulo. 3 um só ano é provável que ocorram mais encontros e seminários a respeito de propostas alternativas de trabalho “na área da saúde”, raramente originadas das ciências acreditadas nas e praticadas dentro das universidades brasileiras. Vários e variados grandes e médios congressos “alternativos” de saberes e de práticas de cuidado do corpo e do espírito, de sistemas orientais e não-ortodoxos de práticas médicas, de vivências mediúnicas ou xamanísticas, de Florais de Bach, de alternativas esotéricas de auto” e de “alter-ajuda”. Enfim, de tantas outras experiências tornadas profissão, tornadas práticas, consultórios, centros de vivências, cursos e programas de formação (Reiki e tantos outros), revistas, artigos, jornais e livros de formas de pensamento e de ação interativa consideradas como não adequadamente legítimas nos meios profissionais legítimos - de uma Faculdade de Medicina ao Conselho Nacional de Psicologia. Pois, eis uma evidência do cotidiano: enquanto os livros científicos e recomendados nos cursos acadêmicos serão raros (e caros), atingindo um público leitor especializado e nunca chegando a índices visíveis e animadores de vendas em livrarias, os livros de auto-ajuda e os inúmeros manuais de práticas e técnicas de curas alternativas multiplicam edições. Como tem acontecido por toda a parte, entre nós, um descompasso cultural inevitável coloca em uma das margens do rio do saber humano o lado do conhecimento e das práticas avalizadas pela ciência – por alguma de suas tendências de plantão, pelo menos - e com lugar garantido entre as cadeiras e as estantes das academias. E coloca, na outra, a multiplicidade da produção contínua e crescente de outras modalidades de conhecimentos e de práticas tidas, quando olhadas desde “a margem de cá”, como “populares”, “não-científicas”, “a-científicas”, “cientificamente discutíveis”, “falsas”, “superadas” (a um olhar mais histórico), “alternativas”, “mistificadoras” “ilegítimas”, “curiosas, fascinantes mesmo, mas não confiáveis” e assim por diante. Isto aconteceu e continua acontecendo com a medicina, a arquitetura, a filosofia, a psicologia, a religião e até mesmo a política Não vou lembrar a referência exata e como isto acontecerá uma ou duas vezes apenas neste texto, peço ao leitor que não leve em conta. Mas em algum número de anos atrás, o Jornal do Psicólogo, editado pelo Conselho Nacional de Psicologia, trazia uma nota oficial em que se anunciava a decisão de tornar interditada eticamente a associação do 4 nome “Psicologia” e seus derivados, a termos de teor esotérico, tais como: “tarólogo”, “astróloga”, “ocultista”, “mediúnico” e assim por diante. É curioso observar que nas publicações científicas ou de entidades consagradas de Psicologia, nunca aparecem anúncios com tais associações. Mas nos jornais e nas revistas de estilo “Nova Era” eles abundam com uma impressionante polissemia de nomes e de combinações. Desconheço resoluções idênticas no campo da Medicina, mas acredito que devam existir e, provavelmente, com maior rigor classificatório (quem é quem e o que é legítimo e o que não é) e punitivo (o que acontecerá a quem não respeitar as regras de separação de limites e fronteiras). De outra parte, é também oportuno lembrar que, ao mesmo tempo em que tais polêmicas de fronteiras são ampliadas hoje em dia (ainda que, afortunadamente, bruxas não sejam mais queimadas em fogueiras) , aumenta de maneira muito significativa o interesse científico pelos sistemas de conhecimentos e de práticas sociais da “margem de lá”. Nunca como agora as culturas primitivas, as culturas populares, as “outras culturas” – quando se olha o mundo desde o lugar da ciência ocidental e oficial – foram objeto de tantos estudos e de tantas pesquisas científicas. Em meu campo mais próximo, o da Antropologia, ao lado de um crescimento muito grande de pesquisas de tipo “etno” (etnoastronomia, etnobotânica, etnomusicologia, etnopedagogia (sic) dedicadas à investigação da lógica de sistemas primitivos de produção de conhecimento científico, artístico ou tecnológico (de acordo com os critérios deles), aumenta também o interesse pela pesquisa de sistemas de cura e outros, das tradições não-ocidentais e não-oficiais). Ao mesmo tempo em que divulgam as suas críticas aos “modelos cientificistas” de tradição bacon-cartésio-newtonianas, em nome e em busca de “novos paradigmas”, as néo- tradições de origem ou de vizinhança “Nova Era” têm sido objeto de um crescente interesse de pesquisa científica, pelo menos no campo das ciências sociais. Não esquecer que alguns primeiros artigos e livros a respeito de alternativas pedagógicas fundadas nos novos paradigmas têm sido publicadas em número crescente. Entre eles existem trabalhos da melhor qualidade. Trabalhos de tradição acadêmica que merecem ser considerados como pioneiros no trazerem para dentro das faculdades de educação, e de programas de formação de educadores, novos olhares e novas idéias cujo poder de fertilização Da teoria e das práticas da educação, ainda está longe de receber a atenção que merece3 . E eles suscitam a 3 Entre tais trabalhos recentes, merece um destaque especial o livro a professora Maria Cândida Moraes, o paradigma educacional emergente, Papirus, Campinas, 2000. 5 pergunta: se assim tem sido em outros domínios de práticas culturais, porque não no campo da pedagogia? Um efeito semelhante poderia explicar este movimento pendular entre silêncios e exageros de falas a respeito da educação popular. Ou poderia haver, pelo menos para os silêncios de agora, uma outra razão? Pois em algumas entrevistas, com bons motivos de acerto, três ou quatro educadores terão dito ao nosso investigador que as palavras e o assunto de seu interesse científico foram de fato bastante motivantes em algum tempo do passado próximo. Foram. Mas agora eram, talvez, mais importantes como pequena história regional realizada, do que como um corpus de imaginários pedagógicos ou práticas de efetivo valor no presente. Se ele for um historiador da educação a sua pesquisa teria futuro, desde que ele se dedique a um tempo entre 1960 e, aproximadamente, 1985. Se não, melhor mudar de assunto, ou voltar para casa. Outras pessoas poderão haver lembrado que o que acontece com a educação popular é a mesma coisa que tanto antes quanto agora acontece também com outras vocações e com outros qualificadores que ao longo de uma história ao mesmo tempo universal, nacional e local, adjetivam a educação. Afinal, também não existem no Brasil departamentos de educação ambiental, a não ser, também, em casos raros ainda. Não existem propriamente departamentos e cursos superiores regulares de educação para o trânsito ou de educação sexual. Há, sim, alguns cursos aqui e ali. Há algumas disciplinas em programas regulares ou, melhor ainda, em breves cursos de especialização, oferecidos quase sempre por universidades particulares. Existem em algumas faculdades de educação alguns núcleos ou grupos de estudos, algumas disciplinas semestrais em programas de formação de professores de educação infantil e de ensino fundamental. Ele terá tomado conhecimento de que aqui no Brasil, mais do que lá na Finlândia, o tratamento destas “vocações instrumentais ou ideológicas da educação” geram sempre fortes polêmicas. É provável que alguém tenha sugerido a ele ler a documentação a respeito das discussões recentes a respeito do “ensino religioso” nas escolas do País. Segundo o pensamento da provável maioria das pessoas entrevistadas, as idéias de valor, as propostas de qualificação religiosa, filosófica, ideológica u mesmo ética da Educação e as sugestões mais particulares a respeito de como regiões da educação podem se constituir (o “ambiental”, o “sexual”, o “do trânsito”, o “contra a violência e em favor da paz”, o “não-sexista”, o "não-homofóbico", o “indígena”, etc) devem estar ordenadamente 6 dispersas ou integradas no interior do corpo do que constitui uma faculdade, um departamento, uma grade curricular, um programa de estudos, uma disciplina, um núcleo de estudos ou seja lá o que for. Qualificadores sociais, científicos ou mesmo ideológicos não constituem um modo ou uma vocação autônoma de uma educação. Ao contrário, eles configuram dimensões do que é mais estruturalmente estável e constitutivo, do que é mais orgânico, de um ponto de vista estrutural e sistemático, enquanto parte de um todo lógico e pedagógico. Daquilo que é, no fim das contas, mais consagrado como uma idéia, ou como um campo de estudos, ou como a proposta laica ou religiosa, científica ou política, artística ou técnica, de fundamento psicológico ou propriamente pedagógico, como, ainda, uma área de práticas especializadas e bastante operativas na Educação, através do exercício cotidiano de uma pedagogia. Ou, como acontece com freqüência, como a integração (sempre difícil sempre efêmera) de tudo isto. Ao prosseguir a sua pesquisa, o nosso pesquisador poderia comprovar a segunda observação dita a ele em algumas entrevistas. Mas a mesma coisa não seria tão fácil no que toca a primeira observação. Pois do lado de fora, mas na vizinhança sempre próxima - e às vezes algo ameaçadora, convenhamos - das atividades acadêmicas semestrais e regulares, como as aulas dos cursos e os cursos dos programas de formação de educadores, ainda hoje não são raros os encontros, os simpósios, os congressos ou seminários de estudos dedicados à educação popular. Ou então, os grandes encontros e congressos mais abrangentes, mas onde vez ou outra há sessões, há mesas redondas ou simpósios dedicados à educação popular. Algum encontro anual da ANPED a terá deixado inteiramente de lado? Ao folhear a programação dos mais importantes “encontros nacionais” de educadores no Brasil, nas últimas duas décadas, ele não poderá deixar de observar que pelo menos uma vez e várias vezes no caso de alguns, os mais conhecidos educadores do País estiveram envolvidos em diálogos públicos a respeito da história realizada e do presente da educação popular. Há mais. Uma pesquisa da bibliografia passada e recente envolvendo artigos científicos, artigos de teor programático e político, livros (idem), assim como dissertações e teses, haverá de revelar que desde os anos 70 até hoje não foram e nem são poucos os trabalhos científicos dedicados ao exame de algum momento, de alguma idéia, de alguma 7 face ou de algum nome de identidade nome alguma prática designada como de: educação popular. E uma situação intrigante será visível na consulta à bibliografia publicada sobre a educação no Brasil. A educação popular mereceu até alguns anos antes um número e uma qualidade de artigos em revistas especializadas e também de livros nada desprezível. Hoje em dia há uma certa queda no interesse em ler e em escrever sobre ela. Entretanto, quando associada a nomes e a qualificadores da sociedade e da educação mais atuais e igualmente controvertidos, tais como: democracia, participação, cidadania, escola cidadã, educação para a cidadania, eis que a reencontramos outra vez, renascida. Ausente em absoluto de alguns livros e de artigos muito sérios e competentes sobre a educação e a história recente da educação no Brasil, ela merece capítulos inteiros em outros. De igual maneira, esquecida ou então lembrada em algum lugar de pequena importância em dicionários ou livros de textos normativos de edições mais recentes, o que explica que ela ocupe um lugar de destaque no tão oportuno livro-dicionário: teoria cultural e educação – um vocabulário crítico, de Tomaz Tadeu da Silva? Pois eis que na letra “E”, apenas três modos de educação aparecem, e os três interagem: educação bancária, educação libertadora e educação popular4 . Como se pode ver, de um lado ou de outro, estamos sempre diante de escolhas. E o que é a “educação” senão uma escolha? Senão uma aposta em um “sentido de”, um “destino de” e um “modo de”, entre tantos outros? Na verdade, uma das mais difíceis escolhas e uma das mais perigosas apostas de toda a aventura humana. Teria ele ido conversar com Demerval Saviani? Na recente edição revista de um dos conjuntos de textos mais importantes sobre a educação no Brasil, Saviani retoma algumas idéias essenciais de sua pedagogia histórico-crítica5 . Em passagens de pelo menos três artigos do livro, Saviani chama a atenção para os usos utópicos e hipervalorativos do papel da educação na cultura e na sociedade. E ele não está errado. É importante, ele lembra, não atribuir à escola funções e 4 Para a qual o autor oferece uma das mais claras definições que conheço. Transcrevo-a, por esta razão.Educação popular Refere-se a uma gama ampla de atividades educacionais cujo objetivo é estimular a participação política de grupos sociais subalternos na transformação das condições opress...