Upf assinale a alternativa na qual a relação verbo

Fala aos inconfidentes mortos

[1] Treva da noite, lanosa capa nos ombros curvos [4] dos altos montes aglomerados... Agora, tudo [7] jaz em silêncio: amor, inveja, ódio, inocência, [10] no imenso tempo

se estão lavando...

Grosso cascalho [13] da humana vida... Negros orgulhos, ingênua audácia, [16] e fingimentos e covardias (e covardias!) [19] vão dando voltas no imenso tempo, — à água implacável [22] do tempo imenso, rodando soltos, com sua rude

[25] miséria exposta...

Parada noite, suspensa em bruma: [28] não, não se avistam os fundos leitos... Mas, no horizonte [31] do que é memória da eternidade, referve o embate [34] de antigas horas, de antigos fatos,

de homens antigos.

[37] E aqui ficamos todos contritos, a ouvir na névoa [40] o desconforme, submerso curso dessa torrente [43] do purgatório... Quais os que tombam, em crime exaustos, [46] quais os que sobem,

purificados?

Cecília Meireles In: Romanceiro da Inconfidência Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p 278-9

O poema Fala aos inconfidentes mortos encerra a obra Romanceiro da Inconfidência, na qual Cecília Meireles aborda o importante episódio histórico acontecido em Minas Gerais. Acerca desse poema e de aspectos a ele relacionados, julgue o item seguinte.

Na construção “se estão lavando” (v.11), verifica-se um padrão de colocação pronominal que não é comum no português brasileiro atual.


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Leia o texto a seguir para responder a questão.

Texto

Nem aqui, nem lá: os efeitos da transnacionalidade sobre os migrantes*

    Ao se mudar para um novo país, um imigrante enfrenta as dificuldades da distância de amigos e de familiares e, a curto prazo, sofre adversidades no processo de integração. Por mais que uma rede de contatos se forme aos poucos, com a distância, os obstáculos são enfrentados sozinhos, e enquanto o migrante estiver fora de seu país de origem, vai passar por uma situação comumente conhecida como “nem aqui, nem lá.”

    Nem aqui, pois dificilmente o imigrante ficará 100% integrado, sempre levando consigo a cultura e os costumes do país de origem. E nem lá, pois, enquanto estiver afastado, estará distante de seu país de residência habitual, perdendo acontecimentos importantes e querendo estar próximo dos entes queridos. Assim é a vida de todos que escolhem ou que precisam continuar suas vidas longe de seus países de origem.

    Quer seja um imigrante, quer seja um refugiado, os momentos difíceis são os mesmos no que diz respeito à cultura, aos entes queridos e aos momentos para se dividir. Estar com alguém do mesmo país ameniza as dificuldades, e com a tecnologia fica relativamente possível estar mais próximo, mas ainda assim, estar em outro país, longe dos costumes e da vida habitual, mexe com todos aqueles que emigram.

    Como nação, as pessoas geralmente dividem um sentimento de identidade e de pertencimento, envolvendo uma consciência nacional. O Brasil, tendo sempre sido um país que acolheu e acolhe diversas nacionalidades, fez da heterogeneidade algo natural.

    No entanto, para que essa identidade coletiva seja formada, geralmente há um conjunto de dialetos, de línguas, de religião nacional, de cidadania, de serviço militar, de sistema educacional, hinos e bandeiras que precisam ser usados como ferramentas para criar algo mais homogêneo. É preciso olhar para a sociedade que está recebendo e perceber suas características. Mas como os imigrantes podem perceber as mudanças que estão ocorrendo no processo migratório? É uma dinâmica que muitas vezes leva ao “nem aqui, nem lá”. Através da assimilação, os imigrantes aos poucos deixariam de lado sua cultura do país de origem e se tornariam parte do país que os recebeu. Com a integração, no entanto, ambas as culturas se acomodam: os recém-chegados se adaptam gradualmente, mas há também transformações no país que decide hospedar.

    Desse modo, o “nem aqui, nem lá”, um efeito da transnacionalidade, é um processo simultâneo que mexe com os imigrantes nos países de destino e seu envolvimento com a sociedade local. O que pode minimizar esse choque são comunidades que promovam a incorporação desses imigrantes, para que haja esforços mútuos das nacionalidades envolvidas e essas saiam ganhando com um ambiente mais diverso e plural.

    Ao mesmo tempo, a transnacionalidade permite que esses indivíduos mantenham identidades múltiplas, contatos e afiliações. Esse fenômeno tem efeitos positivos e negativos, tanto para aqueles que se mudam para outro país, como para os que ficam. Como impactos negativos, pode ser mencionado que geralmente pessoas transnacionais têm que lidar com um sentimento de não pertencimento, quando inicialmente é difícil se estabelecer em um lugar onde eles tentam fazer parecer como um lar. Além disso, alguns expatriados podem viver numa “bolha nacional” fora de seu país de origem, não dispostos a integrar, nem de aprender a língua ou fazer alguns esforços para se adaptar à nova cultura. Como pontos positivos, os transnacionais têm a possibilidade de enviar remessas e de dividir conhecimentos e experiências culturais com os que ficaram para trás.

    Migrantes transnacionais têm que lidar com desafios diferentes quando se movem. Embora pudesse ser dito que seja mais fácil migrar agora por conta da tecnologia e lugares mais heterogêneos, ainda é difícil passar por um processo de integração, algo que depende dos esforços dos imigrantes, pois a integração é uma via de mão dupla, que pode ser amenizada quando a população local é mais aberta ao diverso e ao acolhimento.

*Migrante: o que muda de lugar, de região ou de país. (DICIONÁRIO ON LINE). Disponível em: www.dicio.com.br/migrante/. Acesso em: 30 jan. 2020 (adaptado).


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Para responder a questão, leia o trecho do drama , de Álvares de Azevedo.

MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa!

UMA VOZ (de fora): Senhor!
MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui...

A VOZ: O burro? MACÁRIO: A mala, burro!

A VOZ: A mala com o burro?

MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na cerca.

A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro? MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro. A VOZ: Um moço que parece estudante?

MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala

A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé?

MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura como tua mãe!

A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar.

OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço o burro...

MACÁRIO: E minha mala?
A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!...

MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (atira com uma cadeira no chão)

O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro?
MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu...

O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis...

MACÁRIO: Porém a raiva...

[...]

O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Senti alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa de vinho?

MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda imensa, irreparável... era o meu cachimbo...

O DESCONHECIDO: Fumais?

MACÁRIO: Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me pergunteis se fumo!

O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo primoroso.

[...]

MACÁRIO: E vós? O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (tira outro cachimbo e fuma)

MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso nome?

O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?

MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois eu sou um estudante. Vadio ou estudioso, talentoso ou estúpido, pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito Romano. Amo as mulheres e odeio o romantismo.

O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão)

MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas, acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma cantiga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a fazer morrer de sono.

O DESCONHECIDO: E a poesia?

MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se em moeda de cobre; não há mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém azinhavrado¹. Entendeis-me?

O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou-se vulgar e comum. Antigamente faziam-na para o povo; hoje o povo fá-la... para ninguém...

(Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.)

1azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se forma na superfície dos objetos de cobre ou latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido).

Observa-se expressão empregada em sentido figurado na seguinte fala:

Upf assinale a alternativa na qual a relação verbo

de que o sucesso das Olimpíadas no Brasil deu ao país visibilidade e credibilidade, com a quebra da expectativa negativa que muitos tinham com relação ao evento. b) Ao afirmar que o colunista do NYT “se disse cansado de toda a aposta contra a realização a tempo das tarefas para os Jogos” (linhas 37-38), o autor dá visibilidade à incredulidade que muitos tinham sobre a conclusão das obras e das estruturas necessárias para os Jogos em tempo de seu início. c) Segundo o autor, o Rio se mostrou um “modelo de cidadania e organização durante os 15 dias de 2016” (linhas 5-6), no entanto, isso mudará após a “Força Nacional e os esquemas especiais” (linha 5) deixarem a cidade. d) Quando afirma que “a experiência mágica da Olimpíada transcorreu sem acidentes especialmente graves” e faz menção a “desmoronamentos”, “vexames organizacionais”, “mosquitos”, “assaltos ou violência” e a “atentados terroristas” (linhas 13-15), o autor faz crer que havia a expectativa de que os Jogos seriam prejudicados por problemas de tal natureza. e) Ao falar de uma “gangue mijona de nadadores americanos liderada por Ryan Lochte, o mané modelo dos Jogos” (linhas 26-27), o autor atribui a Lochte a condição de principal nadador da equipe americana de natação. Questão 3 - Assinale a alternativa na qual se estabelece uma relação incorreta entre um elemento do texto e o segmento ao qual ele se refere: a) “o assunto” (linhas 29-30) – “assalto a atletas” (linha 29). b) “Jogos” (linha 21) – “evento” (linha 22). c) “experiência mágica” (linhas 13-14) – “24 horas finais da despedida” (linha 13). d) “esse gosto” (linha 10) – “ser a cidade que gostaria de ser” (linha 10). e) “A cidade” (linha 6) – “Rio” (linha 5). Questão 4 - Considerando as relações semântico-sintáticas estabelecidas no texto, analise as afirmações a seguir e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas. ( ) Mantendo-se a correção gramatical do texto, o segmento “Há, contudo, um legado imaterial que, paradoxalmente, é mais fácil de ser constatado” (linha 9) poderia ser reescrito da seguinte forma: “Há, desse modo, um legado imaterial que, paradoxalmente, é mais fácil de ser constatado”. ( ) Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido do texto, o fragmento “O ‘eu acredito’ gritado nas competições flutuou também” (linha 16) poderia ser substituído por “As manifestações de apoio bradadas nas competições flutuaram também”. ( ) As relações semântico-sintáticas no período “Numa cidade de um país em que as propinas vêm sendo regra em empreitadas que podem ruir ou se transformar em elefantes brancos” (linhas 2-3) sustentam a inferência de que a prática da propina vem sendo regra tão somente nas obras que podem ter resultado negativo, não se aplicando àquelas executadas sem o risco de ruir ou de se transformar em “elefantes brancos”. ( ) Sem prejuízo da informação veiculada no artigo e da correção gramatical do texto, a vírgula empregada logo após “tumultos” (linha 25) poderia ser substituída pelo conector “e”. ( ) No sintagma “o único assalto a atletas foi uma farsa de estrangeiros” (linhas 28-29), o vocábulo “atletas” é o núcleo do sujeito. A sequência correta do preenchimento dos parênteses, de cima para baixo é: F – V –V – V – F. F – F – V – F – F. F – V – V – V – V. V – F – V – V – F. F – V – F – F – V. Vestibular de Verão 2017 – UPF Prova tipo C – p. 4 Questão 5 - Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto, é incorreto afirmar que: a) A inserção de uma vírgula logo após “eventos” (linha 1) obrigaria à interpretação de que todo evento realizado alavanca o uso de dinheiro público em sua infraestrutura. b) No segmento “Ele se disse cansado de toda a aposta contra a realização a tempo das tarefas para os Jogos, da ladainha idealizada sobre a selva-Brasil, e, com fina ironia, reclamou de se culpar o Rio por não ter resolvido ‘todos os seus problemas sociais antes da Rio-2016’:” (linhas 37-39), o sinal de dois pontos poderia ser substituído por um travessão, sem que o sentido do texto e sua correção gramatical fossem prejudicados. c) O trecho “com alto poder marquetológico” (linha 28) poderia ser corretamente substituído por “com forte impacto na mídia”, preservando-se o sentido original do texto. d) Se a construção “ao Brasil” (linha 30) fosse substituída por “a América do Sul” haveria obrigatoriedade do uso do sinal indicativo de crase. e) Seriam mantidos o sentido original e a correção gramatical do trecho “ainda que os seguranças do posto tenham agido de maneira não exatamente exemplar” (linha 29) caso a expressão “ainda” e a forma verbal “agido” fossem substituídas, respectivamente, pelo termo “mesmo” e pela forma verbal “atuado”. Questão 6 - Observe os enunciados: As expressões em destaque estabelecem, respectivamente, relações de a) tempo, consequência, adição, adição. b) ressalva, condição, adição, oposição. c) ênfase, concessão, adição, alternância. d) tempo, concessão, adição, alternância. e) tempo, condição, adição, adição. Questão 7 - Assinale a alternativa na qual a relação verbo (em negrito) e sujeito (sublinhado) está incorreta: a) “Paralelamente, outro atleta americano, Michael Phelps, em postagem no seu Twitter, disse já estar com saudades do Brasil, de seu povo, de sua beleza” (linhas 31-32). b) “Totalmente abrasileirado, Usain Bolt, na final do futebol, em que o Brasil conquistou o ouro contra a Alemanha, filmou o gol de falta de Neymar” (linhas 32-33). c) “A cidade, partida por algo monstruoso, subterrâneo, renascerá: UPPs na lona, milícias, violência policial, Estado falido e acéfalo, calamidade na saúde, a baía poluída” (linhas 7-8). d) “A não ser que algo ainda aconteça nessa segunda-feira que já amanheceu e segue o giro das 24 horas finais da despedida, a experiência mágica da Olimpíada transcorreu sem acidentes especialmente graves” (linhas 13-14). e) “O ‘eu acredito’ gritado nas competições flutuou também na esfera do acreditar na cidade, no país, um ‘Yes, we can’ lastreado em histórias como a da judoca Rafaela: apesar do descaso do poder público, alguém pode sair da Cidade de Deus e ir morar no Olimpo por algumas temporadas” (linhas 16-18). Questão 8 - A partir da leitura do segmento “A não ser que algo ainda aconteça nessa segunda-feira que já amanheceu e segue o giro das 24 horas finais da despedida, a experiência mágica da Olimpíada transcorreu sem acidentes especialmente graves, sem desmoronamentos, sem vexames organizacionais, sem mortes de atletas atacados por mosquitos, sem ondas descontroladas de assaltos ou violência e sem atentados terroristas” (linhas 13-15), é correto afirmar que: a) A repetição de estruturas sintáticas prejudica a consistência da argumentação, uma vez que banaliza a informação do texto. b) A figura de linguagem da repetição empregada no trecho em análise é inadequada, pois enfraquece a argumentação. c) A sucessão de metonímias é um recurso próprio da crônica e, por isso, neste texto, reforça a argumentação. d) A repetição e a gradação de informações no contexto do texto em questão reforçam a defesa do ponto de vista, enriquecendo o processo argumentativo. e) A gradação de ideias tem natureza literária e é imprópria para o texto dissertativo-argumentativo. - o Rio, quando recursos são alocados para onde devem, pode ser a cidade que gostaria de

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