Tem como a mulher engravida em um minuto de sexo

Não adianta negar: quem não usa nenhum método anticoncepcional e faz sexo sem camisinha (fique sempre atenta às doenças sexualmente transmissíveis, ok?) tem chances, sim, de engravidar – e em qualquer período do ciclo menstrual.

Porém, segundo a ginecologista Fernanda Nassar, a probabilidade disso acontecer é quase zero. “A menstruação é um sinal de que a mulher não conseguiu engravidar, portanto não existe a possibilidade da paciente ficar grávida se estiver menstruando”, explica em entrevista à Glamour.

Segundo ela, o que causa dúvidas sobre o assunto é que muitas mulheres engravidam e, logo após o período da fecundação, têm o Sangramento de Nidação (característico da implementação do embrião dentro do endométrio do útero). “Elas já estão grávidas, mas ainda não descobriram e acham que o sangramento foi uma menstruação”, explica.

Mas, atenta: essa regra não se aplica às mulheres com ciclos menstruais irregulares, que sangram mais de uma vez ao mês, ou que menstruam mais ou menos que o período de 28 dias: “Muitas possuem ciclos de 20 dias, outras de até 40 dias – o que também é ok. Por isso é importante se consultar com o seu ginecologista para entender o funcionamento do seu corpo e assim, conseguir determinar melhor qual é o seu período fértil e dia de ovulação”.

1 de 1 Sexo durante a menstruação engravida? Médica explica! (Foto: Reprodução/Instatgram (@kosogkaos)) — Foto: Glamour Sexo durante a menstruação engravida? Médica explica! (Foto: Reprodução/Instatgram (@kosogkaos)) — Foto: Glamour

Como saber o meu período fértil?

“Toda mulher que menstrua entre 28 e 30 dias (média de um ciclo menstrual) vai ter o dia de ovulação no meio desse ciclo. Ou seja, se uma mulher fica menstruada a cada 28 dias, o 14º dia é o dia da ovulação”, explica Fernanda.

Anote aí: o período fértil, portanto, inclui três dias antes e três dias depois do dia da ovulação. “Basicamente, é nesse período de seis dias que ela possui maior chance de fertilizar o óvulo e engravidar”, complementa Fernanda.

O corpo dá sinais de fertilidade?

Sim. A ginecologista explica: “O primeiro deles é a liberação de um muco, sem cor e sem cheiro, com aspecto gelatinoso. Outro sinal de fertilidade é o aumento da temperatura corporal. Uma dica para as mulheres que querem engravidar é medir a temperatura do corpo todos os dias, ainda na cama, assim que acordar. No dia em que estiver ovulando, ela vai apresentar uma variação, em média, de meio grau a mais”, explica Fernanda. Ainda há um terceiro sintoma, este mais incomum: “Algumas mulheres sentem uma espécie de fisgada do lado esquerdo, ou direito, na região do baixo ventre. Isso é a liberação do óvulo”.

Há inúmeros mitos em torno do assunto sexo e gravidez: um deles é a suposta existência de posições que favorecem ou reduzem as possibilidades de fecundação.

Existe algo de verdadeiro nisso?

A BBC Mundo, site em espanhol da BBC, consultou dois especialistas e a resposta foi que não há dados científicos sobre a influência da postura sexual nas chances de gravidez.

"Mais do que as posições, o mais eficaz é o homem manter quatro a cinco dias de abstinência para que a concentração de espermatozoides seja maior e que a relação ocorra nos dias de maior fertilidade da mulher", explica Mariano Rosselló Gayá, especialista em saúde do homem do Instituto de Medicina Sexual, de Madri.

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No entanto, alguns especialistas aconselham mulheres que desejam engravidar a permanecer deitadas de barriga para cima por 10 a 15 minutos após o ato sexual.

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Não há provas de aumento das chances de gravidez se a mulher permanecer deitada após o ato sexual.

O objetivo desse repouso seria permitir que a gravidade ajudasse os espermatozoides no caminho até as trompas de Falópio, onde devem se encontrar com o óvulo para que a concepção aconteça.

Mas Marian Chávez Guardado, diretora médica da clínica de reprodução assistida Amnios, de Madri, discorda.

"Até o momento, não há nenhum estudo científico que comprove que mulheres que ficam deitadas ou com as pernas para cima após o sexo tenham maior probabilidade de ficar grávidas do que as que não fazem isso", afirma.

Já Rosselló Gayá diz considerar que "apesar de não haver comprovação científica do benefício dessas medidas, estar deitada propicia repouso e calma após o ato", sem esclarecer o impacto disso nas chances de gravidez.

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Alguns especialistas recomendam que mulheres fiquem deitadas de barriga para cima por até 15 minutos depois da relação sexual.

Se seguirmos a mesma lógica de raciocínio, manter relações de pé e depois continuar nessa posição reduziria as possibilidades de que os espermatozoides alcancem a região das trompas, e daí as chances de gravidez seriam menores.

Chávez Guardado nega essa possibilidade com veemência: "Os espermatozoides possuem mobilidade própria, independentemente da gravidade".

"O que importa de fato é a concentração de espermatozoides com mobilidade progressiva no esperma, não a força da gravidade."

Os espermatozoides devem percorrer um caminho difícil de cerca de 20 centímetros até chegar ao final do trajeto pela trompa de Falópio.

Dentre os 39 a 300 milhões de espermatozoides que integram uma ejaculação normal, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), menos de 10 mil chegam ao entorno do óvulo, para que um deles possa fecundá-lo.

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A idade da mulher e a qualidade dos espermatozoides são chave na hora da concepção.

Segundo estudiosos do assunto, existem outros hábitos e fatores que influenciam muito mais a capacidade reprodutiva de um casal, como sobrepeso, uso simultâneo de remédios e certas doenças, afirma Guardado.

"Mas hoje o fator que mais dificulta uma gravidez é a idade da mulher, porque a quantidade e a qualidade dos óvulos vai diminuindo ao longo do tempo."

Para Rosselló Gayá, o importante é levar em conta a qualidade dos espermatozoides do homem.

"Sua morfologia e mobilidade também são importantes. Aconselha-se fazer um estudo andrológico para descartar problemas nesse sentido se houver dificuldades para produzir a gravidez."

Provavelmente todas nós fizemos essa pergunta quase um milhão de vezes durante nossa pré-adolescência ou adolescência.

Só lembrando um pouquinho sobre como funciona a gravidez: a maneira mais comum para uma pessoa engravidar é por meio de relações vaginais sem proteção, quando o pênis ejacula sêmen na vagina.

O sêmen contém espermatozoides, que viajam pelo canal vaginal, passando pelo colo do útero e indo até o útero. Se houver um óvulo no útero, o espermatozoide poderá fecundá-lo. Quando o óvulo fecundado se implanta no revestimento do útero, voilà — você está grávida.

Mas a pergunta continua: o espermatozoide poderia entrar na vagina e causar uma gravidez sem sexo com penetração? E não estamos falando de inseminação ou fertilização in vitro (FIV) — mas, sim, de acidentes e percalços que teoricamente poderiam levar à gravidez.

"Infelizmente, existem muitos mitos malucos por aí apenas para assustar as pessoas, por isso é importante compreender os cenários reais onde é possível engravidar sem fazer sexo e o por quê", diz Mary Jane Minkin, professora clínica de obstetrícia, ginecologia e ciências reprodutivas na Faculdade de Medicina de Yale (EUA).

"É importante falar sobre o espermatozoide primeiro, porque as pessoas podem não saber que pode haver milhares ou até mesmo milhões desses carinhas em apenas uma gota de sêmen", diz Minkin.

Apenas para ilustrar, segundo Minkin, uma "baixa contagem de espermatozoides" é qualquer coisa abaixo de 20 milhões de espermatozoides em 1 ml de sêmen — e 10 ou 15 milhões em 1 ml ainda são muitos espermatozoides. "Então até mesmo um pouquinho de ejaculação pode causar uma gravidez se entrar na vagina", diz Minkin.

Mas e a pré-ejaculação? "Pesquisas mostram que há muito pouco, se é que há algum esperma, na pré-ejaculação, mas há tão pouco tempo entre a pré-ejaculação e a ejaculação que elas muitas vezes se misturam e não dá para ter 100% de certeza de que é apenas pré-ejaculação sem espermatozoides", diz Minkin. Então, é melhor prevenir do que remediar e presumir que sempre pode haver espermatozoides lá.

"Não se esqueça que os espermatozoides podem se movimentar — eles são basicamente concebidos como pequenos nadadores olímpicos cuja única função é nadar pela vagina e encontrar o óvulo", diz Minkin.

Então, sim, eles são ativos o suficiente para viajar da região ao redor da vulva para dentro da vagina se estiverem perto o suficiente da abertura vaginal. "Se houver muitas secreções vaginais ao redor da vulva, isso também pode facilitar a entrada dos espermatozoides na vagina."

Não se sabe exatamente quanto tempo os espermatozoides podem sobreviver fora do corpo, segundo Minkin, mas os cientistas sabem que são mais do que alguns minutos. Na verdade, depende de onde o sêmen estiver, porque quanto mais quente e úmido o local estiver — ou quanto mais parecido for com uma vagina —, mais tempo ele sobreviverá.

Então, se o sêmen estiver em um local seco e frio ou em um assento de vaso sanitário, os espermatozoides provavelmente morrerão muito rapidamente. Mas, se o sêmen estiver na barriga ou em em uma dobra de pele como na virilha ou no bumbum, os espermatozoides podem sobreviver por muito mais tempo. "Não se esqueça de que o espermatozoide pode viver dentro do canal vaginal por até cinco dias", diz Minkin.

Observação rápida: em todas as situações que iremos mencionar, consideramos que a mulher não está usando nenhum método anticoncepcional que evitaria uma gravidez e que ela está ovulando. Assim, poderia haver um óvulo na útero para o espermatozoide fecundar.

"Se a ejaculação chegar perto o suficiente da vulva, é possível que o espermatozoide entre na vagina", diz Minkin. Ele poderia entrar lá por conta própria ou poderia ser acidentalmente empurrado para a abertura vaginal.

E se você estiver vestida? Bem, os espermatozoides podem atravessar o tecido e pode ser tecnicamente possível engravidar dessa forma. Apesar disso, Minkin diz que é altamente improvável, mesmo que a calcinha encostando na vulva esteja cheia de sêmen. A roupa geralmente é uma barreira muito eficaz, já que geralmente o espermatozoide não é forte o bastante para atravessar o tecido, especialmente se os dois parceiros estiverem cobertos e houver duas camadas de tecido para atravessar.

Se alguém ejacula, pode ser fácil para o sêmen chegar nos próprios dedos ou nos de sua parceira. Se os espermatozoides ainda estiverem vivos quando esses dedos acabarem na vagina, eles podem entrar no canal vaginal e nadar até o útero, onde podem causar uma gravidez. O mesmo vale para qualquer brinquedo sexual, como vibradores, ou outros objetos que possam ser inseridos na vagina e tenham esperma sobre eles.

"Se seu parceiro ejacula dentro do seu reto, é muito fácil para o esperma e o muco retal vazarem ou saírem, aí eles podem se espalhar para a vulva, já que ela fica muito próxima do ânus", diz Minkin. É altamente improvável engravidar com sexo anal, diz ela, mas é tecnicamente possível se o sêmen se espalhar depois.

"Se o sêmen estiver no seu tornozelo ou no seu pé, você provavelmente não vai engravidar", diz Minkin.

Mas, se você não estiver usando nenhum método anticoncepcional e não quiser engravidar, deve evitar a ejaculação em qualquer lugar perto de sua vulva. Além disso, sempre lave as mãos corretamente após tocar o sêmen e mantenha os brinquedos limpos antes de os colocar na vagina.

O contexto é importante. Sim, algumas pessoas engravidaram com essas atividades, mas estatisticamente ainda é altamente improvável. Só porque pode acontecer não significa que você deva ficar paranoica de que vai acontecer, principalmente quando existem um monte de maneiras para se proteger.

"Se você estiver se tornando sexualmente ativa ou estiver pensando nisso, pode se preparar usando um método anticoncepcional confiável que prevenirá a gravidez", diz Minkin. Os métodos anticoncepcionais podem evitar a ovulação ou impedir que o espermatozoide chegue ao óvulo, o que pode reduzir significativamente suas chances de engravidar fazendo sexo em qualquer uma das atividades mencionadas.

Existem muitas formas diferentes de anticoncepcionais hormonais e não hormonais, então cabe a você e ao seu médico decidir o que é adequado para você.

As DSTs podem ser transmitidas por meio do sexo oral e anal — e às vezes por meio do contato genital pele a pele (que é o caso do HPV e da herpes) ou compartilhando brinquedos sexuais.

Então, se você participar de qualquer uma dessas atividades, pode ser interessante usar um preservativo. Você pode usá-lo para uma masturbação mais segura, colocá-lo em brinquedos e, claro, usá-lo durante o sexo anal e oral.

A menos, é claro, que você esteja tentando fazer um bebê. Aí tudo bem.

Este post foi traduzido do inglês.

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