Qual a importância dos estudos regionais na sociedade

  1. 1. Estudos Regionais Prof: Fernanda Mazon Portilho
  2. 2. Vamos Estudar?
  3. 3. Apresentação • Neste conteúdo, a disciplina de Estudos Regionais, cujo objetivo primordial é contextualizar o trabalhador nos espaços político, sociocultural e profissional. • Para tanto, iniciaremos discutindo o espaço geográfico brasileiro, e a relação das pessoas com a organização socioeconômica, desde o fim do Império até os dias atuais.
  4. 4. • Abordaremos as diversas lutas empreendidas pelos direitos de cidadania, bem como as conquistas delas decorrentes, destacando particularmente as da área de saúde. • Discutiremos, ainda, os significados de direitos e deveres do cidadão, ressaltando a utilização dos indicadores sociais como dados imprescindíveis à promoção da saúde.
  5. 5. • Conhecer essas conquistas não é só lembrar de fatos ocorridos mas, antes de tudo, entender como se processaram e deles extrair valiosas lições para o futuro de nossos próprios processos evolutivos e profissionais. • Observaremos, também, que cada região tem suas especificidades e que suas características quase sempre influenciam o processo saúdexdoença de determinado grupo social.
  6. 6. • Como resultado final, esperamos que os ensinamentos ora repassados permitam que você torne-se capaz de entender melhor como funciona a organização do sistema de saúde, sua legislação, limites e possibilidades.
  7. 7. 2- BRASIL! QUE PAÍS É ESSE? • Observe seu lugar de trabalho. • Por certo, você já deve ter feito isso inúmeras vezes. Mas procure observá-lo de maneira diferente da habitual. Ele localiza-se em um espaço geográfico determinado. E onde fica esse espaço? Em um bairro que possui ruas, praças, monumentos, comércio, indústrias e serviços de saúde. • Em uma cidade que faz parte de um município,situado em um estado.
  8. 8. Como um conjunto... • O conjunto de estados compõe o país, o qual é dividido em regiões que agrupam estados afins segundo suas características e organização econômica. • Assim, o Brasil, do ponto de vista político- administrativo, é constituído por 26 estados e um Distrito Federal (Brasília), agrupados em cinco regiões - Norte,Nordeste, Sudeste, Sul e Centro- Oeste - com quadros característicos de clima, vegetação e relevo.
  9. 9. E qual a importância dessa divisão? • Essa divisão tem por finalidade a descentralização do poder e o controle, pelas autoridades, de dados socioeconômicos e culturais que auxiliem no planejamento do desenvolvimento regional.
  10. 10. • O Brasil é um país continental com 8.511.965 km2, cuja extensão territorial o classifica como o quinto do mundo. • É natural, portanto,que disponha de muita terra para ser cultivada, muitas jazidas de • minérios a explorar.
  11. 11. País de Privilégios • Enfim, nosso país tem o privilégio de dispor de grande variedade e quantidade de recursos naturais, que podem ser aproveitados em benefício de seus habitantes.
  12. 12. As macrorregiões: • Seguindo-se a lógica do desenvolvimento econômico, divide-se em três macrorregiões: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul - que traçam uma linha imaginária e, ao mesmo tempo, real da concentração de riquezasdo país.
  13. 13. Em princípio... Em princípio, pode-se subentender que quanto maior a quantidade de indústrias, riquezas naturais e terras cultivadas, melhor a qualidade de vida das pessoas residentes na área. Entretanto, na maioria das vezes, o resultado do desenvolvimento tem sido o crescimento desordenado das cidades, pois a urbanização que vem sendo processada no país foi acompanhada de um processo de metropolização, isto é, de uma constante aglomeração demográfica nos principais municípios.
  14. 14. Estabelecendo o perfil • Essa divisão geográfica e econômica estabelece o perfil do país, • fazendo-nos perceber que, apesar das riquezas disponíveis, há muita gente vivendo em situação de pobreza e miséria. • Em todas as regiões, grandes parcelas de trabalhadores recebem um quarto do salário- mínimo, as condições de saneamento básico são deficientes e a esperança de vida ao nascer difere de acordo com cada local, sendo menor nas famílias de baixa renda, devido à gravidade dos problemas por elas enfrentados.
  15. 15. Mas se possuímos regiões ricas em recursos, o que impede que a população brasileira tenha melhores condições de vida? • Freqüentemente, ouvimos falar que somos a oitava economia do mundo e, por conseguinte, que despontamos no cenário mundial como uma potência econômica. • Contudo, cada vez que saímos à rua deparamo- nos • com o aumento da miséria e violência - características e conseqüências do contraste social - quadro que nos faz repensar se realmente • estamos tão desenvolvidos economicamente.
  16. 16. Esse conflito - potência econômica e miséria social Tem sua origem na nossa história e raízes no nosso desenvolvimento econômico,que vem de períodos anteriores à década de 30.
  17. 17. Um pouco da História • Durante a fase colonial o Brasil foi quase sempre explorado sem que houvesse qualquer preocupação quanto a seu desenvolvimento. • Ao nascermos como nação independente éramos um país essencialmente • agrícola e assim permanecemos durante todo o Império. • Com o advento da República não mudamos nosso sistema econômico • e continuamos com o modelo agrícola direcionado para a exportação. • Nas primeiras décadas da República, período conhecido como • “República Velha”, setores da oligarquia ligada ao café, nosso principal • produto de exportação à época, dirigiram a vida política, social e econômica do país.
  18. 18. Bens de consumo É tudo aquilo que o indivíduo necessita para viver, como habitação, saúde, educação, vestuário, lazer, alimentação, trabalho, etc.
  19. 19. A Industrialização • Iniciada a industrialização e, por conseqüência, a urbanização, o • Brasil, a partir da década de 50, passou por profundas mudanças no seu perfil socioeconômico e político com a entrada de indústrias, o aumento de empregos e a redemocratização, saindo da ditadura de Vargas. • Entretanto, mesmo assim o setor primário da economia (agricultura, pecuária, extrativismo mineral e vegetal, caça e pesca) continuou a ser o mais importante no período. • Cerca de 60% da população economicamente ativa (PEA) vivia no campo.
  20. 20. • Do restante, 13% eram empregados na indústria e 26% em diversos outros serviços nas cidades. • O grande impulso da industrialização ocorreu em 1956, no governo de Juscelino Kubitschek, que investiu na economia favorecendo o surgimento das indústrias multinacionais (eletrodomésticos e automobilísticas como ( Ford, Volkswagen, por exemplo) E, ao mesmo tempo, concedendo grandes empréstimos para impulsionar os setores nacionais (usinas siderúrgicas e metalúrgicas). Essas medidas facilitaram a produção e circulação de mercadorias em todo o território nacional, além de propiciar a modernização da agricultura com a compra de máquinas e adubos.
  21. 21. • Porém, se trouxe novas oportunidades o processo de industrialização gerou implicitamente a dispensa dos trabalhadores do campo, que eram substituídos por máquinas. • Sem oportunidades reais, grandes massas de lavradores e pequenos agricultores dirigiram-se para os principais centros urbanos à procura de melhores chances de trabalho - movimento chamado de êxodo rural. • Por sua vez, as cidades não conseguiram absorver esses trabalhadores que, não possuindo qualificação profissional, passaram ao subemprego.
  22. 22. Subemprego Emprego caracterizado como temporário e precário, por tempo determinado e sem direitos trabalhistas. Exemplos: “biscates”, estivadores, carregadores, etc.
  23. 23. • Sem condições financeiras para ocupar moradias adequadas, essa população aglutinou-se nas periferias, formando as favelas – que caracterizam, de forma exemplar e metafórica, a falta de um crescimento urbano planejado. • Além disso, a mecanização da produção no campo gerou outro problema. Para aqueles que não acompanharam o êxodo rural, a opção passou a ser o emprego temporário nas grandes fazendas em épocas de colheitas, transformando-se em “bóias-frias”, sem benefícios sociais como carteira assinada, assistência à saúde, etc., além de baixos salários.
  24. 24. • Os governos militares desenvolveram uma política que pretendia transformar o país em uma potência econômica. • Esse crescimento foi conseguido com a participação de capitais estrangeiros, em troca da permissão da exploração das riquezas minerais do subsolo brasileiro, e do próprio Estado, que oferecia subsídios para algumas indústrias nacionais, como leite, farinha de trigo, informática, entre outras. • Esse “milagre brasileiro” aprofundou as desigualdades sociais e econômicas, concentrando renda, propriedade e capital na mão de uma minoria ligada a esses diversos setores. • A entrada desse capital, que possibilitou o consumo de bens duráveis, foi acompanhada do aumento dos preços dos gêneros alimentícios, transportes e aluguéis.
  25. 25. Exilados Políticos O retorno dos exilados políticos, os Metalúrgicos do ABC,o movimento estudantil, a campanha pelas “Diretas Já´”, pela “Reforma Sanitária”, pela “Reforma grária” são alguns dos movimentos sociais da época – dos quais alguns ainda continuam.
  26. 26. Anos 80... • A partir dos anos de 80, os movimentos sociais começaram a fazer pressão, cobrando do Estado a adoção de políticas sociais que possibilitassem uma diminuição concreta das desigualdades sociais no país.
  27. 27. Definições • Subsídios – ajuda financeira do governo a empresas particulares para financiar parte da produção. • Políticas sociais – conjunto de objetivos que formam um programa de ação do governo • para promover o bem-estar da sociedade.
  28. 28. A concentração litorânea • A concentração litorânea data do período de colonização, em função da dependência econômica de Portugal e de outros centros mundiais do capitalismo. • Ao longo dos séculos, a preocupação foi muito mais com o mercado externo do que com o interno. Assim, o povoamento brasileiro caminhou de costas para o interior, sempre de olhos voltados para o litoral, pois como exportar era nossa principal meta precisávamos do mar.
  29. 29. Clima X crescimento urbano • Como se sabe, a forma de crescimento urbano e o clima têm influência na disseminação de determinadas doenças. • Quanto maior o número de pessoas a ocupar um determinado espaço, maior a probabilidade de escassez de alimentos, emprego, serviços de saúde e salário. Portanto, em centros urbanos industrializados a poluição atmosférica é mais forte, e as doenças respiratórias mais freqüentes.
  30. 30. Como se caracteriza a sua região em termos de hábitos culturais, sotaques, clima, solo, vegetação, relevo? De que vivem as pessoas?
  31. 31. Clima X Doenças • Como se sabe, a forma de crescimento urbano e o clima têm influência na disseminação de determinadas doenças. • Quanto maior o número de pessoas a ocupar um determinado espaço, maior a probabilidade de escassez de alimentos, emprego, serviços de saúde e salário. • Portanto, em centros urbanos industrializados a poluição atmosférica é mais forte, e as doenças respiratórias mais freqüentes.
  32. 32. Clima X relevo • O clima e relevo podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento econômico regional e determinar a proliferação de doenças endêmicas como, por exemplo, a bronquite, comum em regiões frias e com alto índice de poluição do ar.
  33. 33. Hábitos e costumes • Outro fator a considerar são os hábitos alimentares, que variam de região para região, em função da interação dinâmica de clima, relevo, solo, vegetação e industrialização. • Assim, deve-se levar em conta as características regionais: • fruto da posição geográfica • e da formação histórica , • também expressas nas diferenças culturais: sotaques próprios, • devoção religiosa, • culinária, etc.
  34. 34. “ Boa Cultura “ • Comumente, o termo cultura associa-se a uma idéia que não exprime seu verdadeiro Significado. • Ouve-se dizer que determinada pessoa é desprovida de cultura ou que há indivíduos com “boa cultura”. • Nessa visão, o termo refere-se ao maior ou menor grau de escolaridade.
  35. 35. Cultura: • Cultura é, no entanto, toda a soma de conhecimento apreendido ou adquirido por uma pessoa durante a vida, inclusive o escolar. Sua forma de aquisição ou aprendizado será tão variada quanto as experiências individuais. • Podemos deduzir que a cultura faz parte da essência de todos os indivíduos e que, na realidade, o que existe são culturas diferentes.
  36. 36. Por esse raciocínio, cada região brasileira apresenta características particulares em função do tipo de população que a colonizou. • Foram três os principais grupos étnicos que deram origem à população brasileira: - Indígena - Negro - branco
  37. 37. Indígena • indígena, natural do continente à época da descoberta;
  38. 38. Negro • Negro trazido como escravo para ser utilizado como mão-de-obra na lavoura;
  39. 39. • Nômade : indivíduo ou grupo de pessoas que não fixam moradia em um local.
  40. 40. Branco O Branco como colonizador. A grande miscigenação entre esses grupos originou uma diversidade de aglutinações culturais.
  41. 41. O colonizador • O colonizador, na quase totalidade de origem portuguesa, • tinha em grande parte uma visão de exploração do Brasil. • O interesse de Portugal consistia em explorar as riquezas que a colônia • possuía, ou poderia possuir. • Desse modo, nossa colonização foi iniciada como colônia de exploração, inexistindo preocupação com o desenvolvimento. • Os colonizadores tentaram adaptar o índio, morador no território, • a seu sistema socioeconômico. • A exploração de sua mão-de-obra no extrativismo do pau-brasil evoluiu para uma tentativa de utilização de sua força de trabalho como escravo nas lavouras. Todavia, o modo de vida nômade e a diferença cultural não qualificavam o indígena para esse tipo de trabalho – donde surgiu a lenda de que o índio não gostava de trabalhar.
  42. 42. Visão Distorcida • Essa visão distorcida e reduzida originou-se no desconhecimento, por parte dos colonizadores, da função da mulher e do homem na cultura indígena. • O plantio era de competência das mulheres; ao homem • competia a caça, pesca e a guerra. Não sendo possível utilizar a força de trabalho indígena na lavoura, o negro foi trazido da África para o Brasil, sem praticamente direito algum. • Seus nomes eram trocados por outros, de origem portuguesa; a religião de seus ancestrais foi proibida e seus corpos eram usados indiscriminadamente por seus donos.
  43. 43. Fim do regime escravista • Quando o modelo escravista teve fim, com o ato de abolição da escravidão, essa parcela da sociedade continuou excluída do sistema econômico pois não dispunha de qualificação para ocupar as funções e empregos de um novo país com a intenção de industrialização. • Foram, então, trocados pelos imigrantes - não recebendo qualquer compensação pelos anos de cativeiro a que foram submetidos - e passaram a aglutinar-se nas periferias das cidades, desamparados, jogados à própria sorte pelo poder público.
  44. 44. • Estes pontos demonstram que o Brasil se desenvolveu economicamente centrado na exploração da força de trabalho e concentração de riquezas. • Esse modelo, denominado capitalista, sofre atualmente um processo de releitura com algumas idéias modernizantes: a globalização.
  45. 45. Mas, afinal, o que vem a ser globalização? • Em rápidas palavras, é o advento de uma nova era que combinaria abundância econômica com estabilidade política. • Segundo essa idéia, o mundo se apresentaria como um grande mercado com estabilidade • política, social e econômica, sem fronteiras, a partir da implementaçãode tecnologia que cria um sistema de informação veloz. • Esse sistema divulga idéias relacionadas com o desenvolvimento construídas por aqueles que dominam o mercado econômico.
  46. 46. Globalização • Todos devem adquirir novos modelos de gestão e equipamentos para informatizar e agilizar a produção de mercadorias e serviços, com vistas ao atendimento de um mercado consumidor e competitivo, em nome do desenvolvimento global. • Entretanto, essa forma de pensar desconsidera as diferenças e dificuldades regionais e individuais. Provoca o fim de ocupações e empregos muito mais rapidamente do que o surgimento de novos – e estes, quando criados, direcionam-se a setores, ramos e espaços geográficos diferentes dos extintos, impactando econômica e socialmente nos modos de viver de cidades e regiões.
  47. 47. Você conhece alguém que já foi chamado de ultrapassado por não saber usar o computador ou não ter acesso à internet? Por não ter celular? Por não estar usando roupas e cortes de cabelo da moda?
  48. 48. Outro impacto ocorre nas relações de trabalho, com a criação de formas de contratação que não garantem direitos trabalhistas como assinatura de carteira de trabalho, férias, FGTS, assistência à saúde e outros.
  49. 49. A saúde • No setor saúde, esse sistema econômico reflete-se na criação de cooperativas transitórias nas unidades de saúde, em detrimento do concurso público, e no consumo exacerbado de tecnologia de ponta em detrimento do cuidar humanizado individual e coletivo.
  50. 50. Vamos refletir As causas das desigualdades sociais advêm de um processo desenrolado ao longo de décadas no Brasil. Tal conhecimento possibilita-nos uma valiosa experiência para que possamos, por meio da participação direta no exercício de nossa cidadania, reverter esse quadro histórico.
  51. 51. Organização política do Brasil Para que um Estado ou nação possa ser politicamente organizado, pressupõe-se que nele exista uma série de direitos e deveres. No Brasil, como na maioria dos países, esses direitos e deveres estão inscritos na Constituição Federal, lei fundamental de um Estado.
  52. 52. Política Em grego, pólis significa cidade; assim, a definição de que o homem é um animal político está relacionada à necessidade de viver em cidade, ou melhor, em sociedade
  53. 53. Diretas Já • Ao final dos anos 70 e início dos 80, os movimentos sociais pressionavam o governo para que o cidadão tivesse o direito de intervir na vida política do país • O que culminou com o movimento das “Diretas Já” e, posteriormente, com a eleição de uma Assembléia Constituinte formada por deputados federais e senadores, eleitos para esse fim. Assim, foi elaborada a Constituição de 1988, chamada • de “Constituição Cidadã”, atualmente em vigor.
  54. 54. “Constituição Cidadã” Resgate dos direitos de cidadania, incluindo a participação popular na construção de uma nação soberana; Dignidade da pessoa humana, respeitando a pluralidade política e garantindo os direitos de subsistência; Universalização dos direitos sociais, descentralizando a gestão da execução das políticas para estados e municípios; Responsabilidade do Estado na garantia dos direitos sociais, como saúde e educação.
  55. 55. A Saúde • Na área de saúde, esses fundamentos, contidos na Constituição, estão delineando o processo de construção de um Sistema Único de Saúde (SUS), universal, descentralizado e com intensa participação popular nos conselhos em nível federal, estadual, municipal e distrital.
  56. 56. PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E INDICADORES SOCIAIS • Mas o que exatamente significam as palavras cidadão e cidadania? • Considera-se cidadão todo aquele que está no amplo gozo de seus direitos; que não tem condenação e pode transitar em todos os espaços normalmente freqüentados pelos demais; que pode votar e ser votado; que tem garantido o acesso aos bens de consumo. Sem dúvida, a cidadania é o viver em sua plenitude, em sua essência e, por isso, precisa ser construída coletivamente.
  57. 57. Sabe-se que essa consciência coletiva não é tão fácil de ser construída numa sociedade em que o capitalismo globalizado cria e recria indivíduos voltados para suas necessidades, sempre prontos a resolver apenas seus problemas. Para esses, o meu supera o nosso, impedindo sua participação em lutas por direitos universais e coletivos. Então, a cidadania é um direito que para ser conquistado deve ser construído coletivamente, não só no sentido de atender a necessidades básicas mas de acesso a todos os níveis de existência do homem
  58. 58. • Com relação aos direitos civis, todos temos o direito de ir e vir, assegurado em nossa Constituição. • Segregar - separar com a finalidade de isolar e evitar contato entre pessoas.
  59. 59. • Hitler, durante a 2ª Guerra Mundial, para criar uma raça pura excluiu as demais que ameaçavam seu projeto. Naquele momento,os judeus esconderam-se para que sua etnia não fosse extinta. Eles tinham seus corpos, podiam ir e vir, mas havia um regime ditatorial que os segregava. • Outro exemplo foi o que nós, brasileiros, vivemos a partir de 1964, quando os cidadãos foram impedidos de expressar sua opinião,presos e eliminados por não ter a mesma convicção política do grupo dominante. • Nestes dois exemplos, as pessoas eram donas de seu corpo, mas não donas do direito.
  60. 60. Políticas públicas • Conjunto de objetivos que formam um programa de ação do governo para problemas relativos à coletividade.
  61. 61. Livre expressão É a forma de expressar o pensamento que caracteriza um indivíduo ou um grupo de pessoas baseada em uma visão de mundo; o que difere de opinião, definida como manifestação sobre um certo assunto.
  62. 62. O direito político O direito político está relacionado com a deliberação do homem sobre sua vida. Utilizando-o sabiamente, garantiremos os direitos de livre expressão de pensamento e de prática política e religiosa, de acesso de todos à escola e de salários dignos. Esse direito tem relação com a convivência entre os homens, por intermédio de organismos de representação. Essas representações podem ser exercidas diretamente, por meio dos sindicatos, partidos, movimentos sociais, escolas, conselhos e associações de bairro; ou indiretamente, pela eleição de presidente da República, governador, parlamentares, prefeitos e vereadores.
  63. 63. É de forma indireta que resistimos às imposições dos Poderes, com greves ou de movimentos de pressão como o dos “sem-terra e sem-teto”, dos indígenas pela demarcação das reservas, dos homossexuais pelo direito ao casamento e outros.
  64. 64. Muitos não passam de letra morta, não saem do papel. -Podemos citar grupos da população cujos direitos estão garantidos na legislação mas que no cotidiano são desrespeitados: caso dos idosos, crianças, adolescentes, negros e mulheres.
  65. 65. Quanto à situação dos meninos e meninas de rua no Brasil Temos que considerar que suas famílias estão inseridas num contexto histórico caracterizado por aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais. • Essas famílias têm o seu cotidiano marcado pelas profundas desigualdades existentes na sociedade, que as restringem e mesmo excluem do acesso aos principais meios para uma vida digna: emprego e renda, educação, alimentação, saúde, habitação, lazer, etc. • No entanto, em nossa Constituição todos esses direitos são garantidos no capítulo dos direitos sociais.
  66. 66. • Tendo em vista o estado de miséria, os pais colocam seus filhos precocemente no mercado informal de trabalho, o que representa possibilidade de aumento no orçamento doméstico. • Se pensarmos que a criança deve ser protegida até que alcance a maturidade necessária para começar a trabalhar e que o Estatuto da Criança e do Adolescente (lei complementar) não permite o trabalho antes dos 14 anos, constatamos que a atitude dos pais, conseqüência da privação, é de total desrespeito à cidadania de seus filhos. • O resultado é a constituição de uma população flutuante de meninas e meninos, que passam os dias nas ruas e voltam para casa, sendo por isso chamados de meninos(as) nas ruas; e aqueles que moram nas • ruas, conhecidos como meninos(as) de rua.
  67. 67. Ao contrário do que pensa a maioria da população, os meninos(as) que perambulam pelas ruas das grandes cidades do país não são crianças abandonadas pelas famílias. Grande parte delas tem vínculo familiar, estando nas ruas por vários motivos, dentre eles para fazer algo que possa contribuir para o sustento da família. A rua torna-se um espaço de moradia permanente ou eventual, de brincadeira e de luta pela sobrevivência, e por meio do trabalho (como no caso dos vendedores ambulantes, limpadores de pára-brisas de carros, guardadores de automóvel, carregadores das feiras e de supermercados, dentre outros) ou mesmo dos pequenos “delitos” eles acabam adaptando-se a essa forma de viver.
  68. 68. • Outro grupo que vem sofrendo pela falta de infra-estrutura para atender a suas necessidades é o da terceira idade. • Nosso país está despreparado para dar-lhe o apoio necessário. • Os poucos recursos que restaram dos sucessivos desvios da Previdência não garantem sua aposentadoria.
  69. 69. Terceira idade • É importante ressaltar que existem dois tipos de envelhecimento: o essencialmente biológico e o social. • Biologicamente, o organismo entra em decadência, em declínio, porque se reduzem suas possibilidades de subsistir. • A morte, embora possa advir a qualquer momento da vida, freqüentemente chega na velhice. • Socialmente, nossa população está mais velha por duas razões: o declínio da mortalidade e a queda da natalidade. • As vacinas e antibióticos, os avanços tecnológicos, tornaram- se acessíveis à população e os métodos contraceptivos, antes restritos às pessoas de bom nível sociocultural, são hoje disponíveis às mulheres de baixa renda.
  70. 70. Na sociedade brasileira, o idoso dispõe da Lei n.º 8.842, cujo objetivo é assegurar seus direitos, criando condições de promoção de sua autonomia, de integração e de participação efetiva na sociedade. Na área de saúde, suas ações são: • Garantir ao idoso a assistência à saúde, através do SUS; • Prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso; • Adotar, aplicar e fiscalizar normas de funcionamento para instituições que cuidem do idoso; • Elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares; • Treinar equipes interprofissionais; • Realizar estudos epidemiológicos de determinadas doenças senis com vistas à prevenção, tratamento e reabilitação; Criar serviços alternativos de saúde para o idoso.
  71. 71. • Demanda – procura, busca. No caso específico, a população de idosos em busca de, ou à procura de, serviços de assistência social e de saúde. • Doenças senis – doenças que resultam do processo de envelhecimento, como artrose, artrite, arterioesclerose, entre outras.
  72. 72. • Diante desse contexto, restanos perguntar: “Você é um cidadão pleno? • Está construindo a cidadania de nossa nação? • Participa de sindicatos, conselhos, associação de moradores ou outras organizações que lutam pelo direito de cidadania?”
  73. 73. Indicadores socioeconômicos: a busca de ambientes saudáveis • Qual o significado de estar doente ou saudável? • A condição de estar doente ou sadio, de acordo com o contexto social, vem sendo determinada pelo modo de viver de cada indivíduo, principalmente em uma sociedade na qual o resultado do trabalho é transformado obrigatoriamente em bens de subsistência.
  74. 74. • Aos poucos, esse modo de pensar o processo saúde-doença vem sendo substituído pela idéia de que estar doente ou saudável é reflexo do modo de viver do homem, de forma individual e ou coletiva. • As condições de saúde estão relacionadas ao modo como o homem se estrutura para produzir meios de vida com o trabalho e satisfazer suas necessidades pelo consumo de alguns bens, como moradia, alimentação, educação e serviços de saúde – o que podemos chamar de padrão de vida.
  75. 75. • Pensando-se no caso do povo • brasileiro, em particular na região em que vivemos, como • ocorre a distribuição das riquezas? • A oferta de vagas no mercado de trabalho local • está compatível com o número de pessoas que precisam ser empregadas? • E como está a qualidade do sistema de • habitação, transporte, educação e serviços de saúde?
  76. 76. O poder de compra • O poder de compra é um dos determinantes de maior influência na escolha do espaço em que o indivíduo ou grupo familiar pretende residir. • É nossa renda que determina se o ambiente será saudável ou insalubre, se as ruas serão pavimentadas ou não, se o ar será puro ou poluído, se o clima e as características territoriais serão adequadas à vida. Pg 30