SÃO PAULO – Pessoas que sofrem de apneia – estima-se que elas sejam 30% da população – costumam ter a qualidade do sono comprometida pelas interrupções na oxigenação dos pulmões. Isso acarreta sonolência continuada ao longo do dia, o que prejudica a produtividade no trabalho. Mas o problema pode ser solucionado com alguns exercícios de fonoaudiologia. Show Uma equipe do Instituto do Coração (Incor) desenvolveu uma série de exercícios para fortalecer os músculos da garganta e tratar da apneia do sono. Todos os pacientes que foram submetidos à técnica apresentaram melhora do quadro, de acordo com o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho, chefe da equipe e coordenador do estudo. Na apneia, os músculos da língua e garganta (palato superior) relaxam além do devido, provocando um colapso. O objetivo dos exercícios é fortalecer esses músculos que, quando relaxados, estreitam a garganta, o que resulta em paradas transitórias na respiração. Um grupo de 31 pacientes participou do estudo, todos com apneia moderada e leve, sendo que 16 deles foram sorteados para praticar os exercícios diariamente, por 30 minutos. Ao final de três meses, os grupos foram comparados e aquele das pessoas que fizeram exercício teve melhora significativa. O número de interrupções na respiração por hora de sono passou de 22,4 para 13,7. Em 60% dos casos, a melhora foi tão significativa que os pacientes passaram de uma apneia moderada para a leve. “Os resultados sugerem que a nova técnica é bastante promissora para o tratamento desses casos e, o que é melhor, com baixíssimo custo”, disse Lorenzi. A qualidade do sono, tão importante para um dia de trabalho produtivo, também melhorou. “Além disso, houve diminuição na intensidade do ronco, que passou de muito alto para próximo da respiração normal”. RelacionadosAlgumas pessoas confundem apneia com um simples ronco e, pior, outras pessoas nem sabem se sofrem ou não da apneia. Você sofre de apneia do sono? E por que ela pode ser tão prejudicial a saúde? Neste artigo nós vamos sanar essas e outras dúvidas sobre essa doença. Como sei se sofro desse distúrbio? Quais os sintomas?A apneia do sono é caracterizada por pausas respiratórias durante o sono, causados pela falta de fluxo de ar para as vias aéreas. As interrupções na respiração se repetem ao menos cinco vezes no intervalo de uma hora e os sintomas mais comuns das pessoas que têm apneia, são:
Se você possui um desses sintomas é importante que o diagnóstico antecipado de um otorrinolaringologista seja feito para que o tratamento adequado seja encaminhado o quanto antes. Quais os riscos da apneia do sono e como posso prevenir?Além dos problemas de humor que uma noite mal dormida causa, a apneia aumenta o risco de AVC, infarto, pressão alta, arritmia, diabetes e outras doenças. Isso porque a dificuldade de respirar diminui o fluxo do oxigênio no corpo, sobrecarregando o sistema cardiovascular e metabólico. Para ajudar a fugir desse cenário, é importante que a pessoa desenvolva hábitos mais saudáveis, evite o sedentarismo, a obesidade e pratique atividades físicas. O hábito de fumar e ingerir bebida alcoólica também estão diretamente ligados às causas da apneia do sono e devem ser deixados de lado. Com o acompanhamento médico assertivo, a mudança de hábitos e o tratamento de acordo com o respectivo diagnóstico podemos garantir melhora na qualidade de vida da pessoa e tratar a apneia do sono.
Sintomas como fadiga, sonolência e cansaço indicam problemas no sono. Uma pesquisa realizada no laboratório da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia com uma mulher mostrou que, apesar de estar supostamente dormindo, ela despertou 18 vezes por hora. Ao longo da noite, parava de respirar por mais de 10 segundos em alguns momentos, respirando ofegante e roncando para recuperar o nível de oxigênio em seu sangue. O diagnóstico foi preciso: apneia obstrutiva do sono, condição bastante comum; porém, deixada diversas vezes de lado, o que afeta a qualidade de vida e causa risco do desenvolvimento de acidentes de trânsito, doenças cardíacas, diabetes e até mesmo câncer. A apneia afeta aproximadamente 9% das mulheres e 24% dos homens, a maioria de meia idade ou mais, ainda que 9 em 10 adultos tenham essa condição, mas continuam sem saber disso, de acordo com a “American Academy of Sleep Medicine”. A causa é frequentemente associada à obesidade, de modo que a apneia atinge mais de duas pessoas entre cinco que têm massa corporal maior que 30 e três entre cinco adultos com síndrome metabólica. Em pessoas com excesso de peso, há bloqueio do ar na garganta quando os músculos relaxam durante o sono. Emagrecer ajuda, mas nem sempre é a solução correta do problema. Para quem não dorme com alguém no mesmo quarto, descobrir a apneia pode ser mais difícil. Contudo, o cansaço contínuo e a sensação de que se ficou acordado durante toda a noite são sinais de que é preciso buscar ajuda profissional. Há outras pistas: se você sente necessidade de dormir ao longo do dia, se acaba dormindo enquanto vê um filme, acorda quatro vezes ou mais para urinar ou se desperta com a boca seca ou dor de cabeça. Dificuldade de concentração é outro indício. Diagnosticar a doença é, portanto, imprescindível. É possível fazer um teste em casa, que utiliza um dispositivo sem eletrodos que registra os esforços respiratórios, o fluxo de ar e os níveis de oxigênio no sangue durante o sono. A apneia pode ser efetivamente tratada com um aparelho noturno chamado CPAP, que pressiona de forma contínua as vias aéreas, fornecendo pressão positiva enquanto a pessoa dorme e respira. Engloba uma máscara que deve ser aplicada corretamente, vedando o redor do nariz e da boca. Além disso, há um estimulador do nervo hipoglosso como alternativa terapêutica, cirurgicamente colocado capaz de mover a língua para frente e manter as vias aéreas abertas durante o sono. Mesmo que não resolva por completo a apneia, traz melhoras significativas, mas o custo pode ser elevado a algumas pessoas. Demais opções incluem uma tala implantada na boca, que empurra a mandíbula à frente. De qualquer jeito, perder peso e adotar hábitos saudáveis é essencial, pois mais da metade dos indivíduos que sofrem de apneia se sentem melhor praticando atividades físicas e cortando bebidas alcoólicas. Fonte: The New York Times
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