O que foi o caudilhismo brainly

  • América Independente (1) - Simón Bolívar foi personagem principal

Em 1822, em Guayaquil (no atual Equador), Bolívar reúne-se com o argentino José de San Martín, que havia liderado os movimentos de independência na Argentina (1816) e no Chile (1819). Ambos estavam lá para discutir a estratégia para tornar o então Vice-Reino do Peru independente da Espanha, o que acabou se concretizando em 1824.

Embora concordassem que as colônias deveriam se tornar independentes da Espanha, os dois "libertadores" tinham planos diferentes para os países da América Espanhola. San Martín acreditava que o melhor era que as ex-colônias se tornassem monarquias, cujos chefes de Estado seriam príncipes europeus convidados para governá-las.

Na visão de San Martín, essa seria uma forma de evitar guerras civis e facilitar o reconhecimento da independência das ex-colônias por parte das potências estrangeiras, especialmente as da Europa. Para Bolívar, as ex-colônias deveriam se organizar numa única grande república federativa, unidas sob um mesmo governo, mais ou menos nos moldes dos Estados Unidos.

Fim do domínio espanhol

Como não chegaram a um acordo, os dois "libertadores" seguiram caminhos diferentes: San Martín voltou para a Argentina, enquanto Bolívar se preparava para lutar pela independência peruana.

Em 1823, Bolívar, acompanhado de um grande exército, ocupou a cidade de Lima, que ainda era um forte reduto espanhol. Em Lima, Bolívar e o militar venezuelano Antonio José de Sucre planejaram os ataques contra as forças espanholas. No dia 6 de agosto de 1824, Bolívar e Sucre derrotaram juntos o exército espanhol, na Batalha de Junín.

No dia 9 de dezembro daquele mesmo ano, Sucre, com a ajuda de tropas enviadas por Bolívar em Lima, derrotou os espanhóis na Batalha de Ayacucho. Era o último reduto espanhol na América do Sul.

Sucre proclamou, no dia 6 de agosto de 1825, a criação da República da Bolívia, cujo território até então fazia parte do Peru. O nome do novo país era uma homenagem a Bolívar. A primeira constituição boliviana ficou pronta em 1826 e, ainda que jamais tenha sido usada, foi elaborada pelo próprio Bolívar. Essa constituição refletia as influências do Iluminismo e de autores da Antiguidade Clássica (Roma e Grécia) no pensamento político do Libertador.

O fim do sonho de Bolívar

Bolívar encontrou dificuldades para manter o controle sobre o vasto território da Grã-Colômbia. A unidade do novo país estava sendo ameaçada por divisões internas e movimentos separatistas.

Assim, o sonho de Bolívar de uma nova república federalista, nos moldes dos Estados Unidos, foi gradualmente sucumbindo aos interesses particulares de grupos que tinham pouco ou nenhum respeito pelos princípios liberais defendidos pelo principal líder da independência dos países hispano-americanos.

Para evitar a dissolução da Grã-Colômbia, Bolívar implantou um modelo de governo mais centralista, isto é, em que o governo central exerce um poder maior sobre as demais áreas, tirando parte da autonomia das administrações regionais (exemplo: um país onde Estados e municípios tenham muito pouca autonomia em relação ao governo federal, que exerce um controle muito maior).

Com o intuito de garantir que a Grã-Colômbia permanecesse unida, no dia 27 de agosto de 1828 Bolívar se autoproclamou presidente vitalício (ditador) e aboliu a vice-presidência. Quase um mês depois, no dia 25 de setembro, escapou de um atentado, uma tentativa de assassinato, que se tornou conhecida pelo nome de "conspiração setembrina".

O atentado fracassou graças, em parte, à ajuda de sua amante, Manuela Sáenz. Inicialmente, Bolívar pretendeu perdoar os autores, mas acabou decidindo por submetê-los ao julgamento de uma corte marcial, que os condenou a morrerem fuzilados.

Os últimos dias

Apesar de sobreviver ao atentado, Bolívar foi fortemente afetado pela experiência. Os problemas políticos persistiram e sua saúde piorou em decorrência de uma tuberculose. Esses fatores contribuíram para ele renunciar à presidência, o que ocorreu no dia 27 de abril de 1830.

Após a renúncia, Bolívar pretendia deixar o país e partir para um exílio, provavelmente na França. Chegou a enviar vários de seus pertences (inclusive alguns de seus escritos) para a Europa. No entanto, acabou morrendo no dia 17 de dezembro de 1830, antes mesmo de embarcar, vitimado pela tuberculose, em Santa Marta, na Colômbia.

No seu leito de morte, Bolívar pediu a seu ajudante de campo, o general Daniel Florêncio O'Leary que queimasse todas as suas cartas, discursos e demais escritos. O' Leary não obedeceu à ordem e os escritos de Bolívar sobreviveram.

Obra escrita de Simón Bolívar

Esses escritos acabaram se tornando uma valiosa fonte de informações para os historiadores, que puderam conhecer mais a respeito das ideias e opiniões de Bolívar, muitas das quais, bastante avançadas para a época. Neles, ficamos sabendo que Bolívar se considerava um liberal, defendia o livre comércio, a liberdade de crença religiosa, o direito de propriedade e o Estado de Direito ou Estado constitucional, ou seja, que o Estado seja regido pelas leis e não pela arbitrariedade dos governantes.

Embora o sonho de Bolívar de uma América espanhola unida sob um mesmo governo não tenha ser realizado e novas divisões tenham surgido (a Grã-Colômbia acabou se dividindo e dando origem a três países: Colômbia, Venezuela e Equador), várias de suas ideias, especialmente aquelas mais ligadas aos princípios democráticos, permanecem atuais. Os governantes dos países da América do Sul ainda têm muitas coisas a aprender com Bolívar.

Após quase quatro séculos de colonização espanhola na América, vários fatores externos e internos levaram à Independência da América Espanhola.

O processo da independência ocorreu ao longo do século XIX e deu origem a jovens países republicanos.

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Desde o Século XVI, várias regiões do continente americano foram colonizadas pelos espanhóis. Essa colonização não foi um processo pacífico. Povos como os maias, astecas e incas foram dominados violentamente nesse processo.

A estrutura social da América Espanhola colonial estava dividida em chapetones (espanhóis) no topo; criollos (filhos de espanhóis que nasceram na América e não detinham os mesmos privilégios que os chapetones) no centro; e índios, mestiços e afrodescendentes na base da pirâmide.

A Independência da América Espanhola foi motivada pela insatisfação colonial com a metrópole, a desestabilização política pós-Período Napoleônico, pelas ideias iluministas, entre outras razões. Os criollos foram os principais agitadores das lutas por emancipação.

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Em 1813, no começo do século XIX, ocorre a Independência dos Estados Unidos, a primeira emancipação ocorrida no continente americano.

As treze colônias, antes pertencentes a Inglaterra e agora libertas, contagiaram e influenciaram o processo de Independência da América Espanhola.

Nesse período, a Europa vivia o Período Napoleônico, onde vários territórios do continente estavam sob o domínio de Napoleão Bonaparte.

Em meio a crise do trono vivenciada na Espanha, Napoleão acaba por destituir o governante espanhol Fernando VII e destina o trono para seu irmão, José Bonaparte. A legitimidade do irmão de Napoleão como governante foi questionada tanto pelos espanhóis, quanto pelos colonos, gerando forte clima de insatisfação.

Outra influência importante foi o Iluminismo e suas ideias liberais, contrárias ao Antigo Regime e, sendo assim, contrárias à dominação absoluta do Rei.

No século XIX, já existiam universidades na América Espanhola, o que possibilitou o acesso dos criollos aos ideais iluministas, utilizadas para desestabilizar os argumentos em torno do pacto colonial. A Revolução Francesa veio fortalecer esses ideais.

O apoio financeiro da Inglaterra também foi fundamental para Independência da América Espanhola.

A potência britânica tinha profundos interesses comerciais e financeiros que ficavam impedidos de serem concretizados com o pacto colonial. Por isso, apoiam as lutas de emancipação na colônia. Outro apoio importante foi o do Haiti, que já havia se emancipado e forneceu força militar.

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A relação da colônia com a metrópole começou a ficar extremamente tensa a partir do século XVIII, principalmente por conta de algumas medidas adotadas pela Espanha na busca por enriquecer apenas a metrópole.

Durante os governos de Carlos III e Carlos VI, a Espanha aumentou o monopólio dos produtos comerciais nas colônias. Além disso, em busca de acúmulo de capital, também centralizou a administração dos impostos e aumentou o rigor da cobrança.

É nesse momento também que a Espanha acaba com o sistema de porto único, inaugurando outros 20 portos na América, que comercializavam produtos entre a metrópole e a colônia, aumentando também a quantidade de impostos cobrados.

Essa política desagradou aos criollos (que queriam o livre comércio, ou seja, comercializar com outros países) e aos comerciantes espanhóis (que queriam a exclusividade no sistema de porto único de Sevilha).

A estratificação social que colocava os criollos em situação de desvantagem com os chapetones criou muitos conflitos na América Espanhola.

Muitos dos criollos eram comerciantes e desejavam o livre comércio para o aumento dos lucros. Mesmo o que não estavam envolvidos com o comércio, lutaram pela emancipação em busca de maior poder político.

A situação social de índios, escravos e mestiços, com péssimas condições de trabalho e submetidos àmiséria, também foi fator importante. Rebeliões como a de Tupac Amaru (Peru, 1780) e o Movimento Comunero (Nova Granada, 1781), ocorridas ainda no século XVIII, ajudaram a desestabilizar a relação metrópole-colônia.

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Entre 1810 e 1833, aproveitando a fragilidade política da Espanha, dá-se início as Guerras de Independência da América Espanhola.

Os movimentos de emancipação são divididos pelos historiadores em três momentos:

  • os Movimentos Precursores (1780-1810);
  • as Rebeliões Fracassadas (1810-1816);
  • as Rebeliões Vitoriosas (1817-1824).

Entre 1810 e 1816, quando Napoleão destrona o Rei espanhol para dar o poder a seu irmão José Bonaparte, os criollos da América Espanhola negam a legitimidade do Rei francês e criam as Juntas Governativas, que promovem maior autonomia e independência no governo da colônia.

Esse movimento, que em princípio era de lealdade ao Rei espanhol, acaba por ganhar contornos emancipatórios. Entretanto, as rebeliões nesse período não têm sucesso.

Em 1815, após a derrocada de Napoleão Bonaparte, acontece o Congresso de Viena e o trono da Espanha volta para o poder de Fernando VII.

Com isso, a autonomia das Juntas Governamentais coloniais diminui e a Espanha passa a adotar medidas que visavam restituir a autoridade colonial. Esse movimento foi o estopim para as revoltas que se seguiram na América.

Além disso, a Inglaterra - que antes estava ocupada na guerra contra Napoleão - passa a apoiar a Independência da América Espanhola.

Entre 1817 e 1824 acontecem as Rebeliões Vitoriosas. Simon Bolívar e José de San Martins foram dois dos maiores líderes criollos e organizaram exércitos que proclamaram a independência de muitas países latino-americanos.

O que foi o caudilhismo brainly
Mapa da América Espanhola no final do Século XVII, antes das lutas de emancipação

Após a emancipação, os caudilhos, influenciadores locais políticos e militares, acabam tomando conta do poder na América Espanhola.

Bolívar ajudou na libertação da Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador; e propunha a unificação e integração político-econômica entre os novos países. Por isso, em 1826, acontece o Congresso do Panamá.

Entretanto, os caudilhos foram contra esse projeto, uma vez que buscavam garantir cada um a manutenção da sua influência.

San Martins, que ajudou na independência de Argentina, Chile e Peru, era um republicano. Diferente do Brasil, que passou muitos anos pós-independência como uma monarquia, a América Espanhola dividiu-se em vários países republicanos.

Mas, porque a América Espanhola, diferente do Brasil e dos Estados Unidos, não se tornou um país só, mas vários?

  • questão geográfica: a presença dos Andes no território dificulta a unidade como país;
  • influências externas: Estados Unidos e Inglaterra temiam que a América Espanhola se tornasse uma nação rica e unida, uma potência que poderia vir a os ameaçar;
  • influências internas: os caudilhos queriam manter seu poderio local, o que não aconteceria no caso de uma unificação;
  • histórica fragmentação: desde os princípios da colonização, a Espanha já havia dividido o território em vice-reinos e capitanias, o que tornou o território já extremamente fragmentado, bem antes da independência.

É importante pontuar que a Independência da América Espanhola não significou a emancipação econômica dos países, uma vez que continuaram extremamente dependentes do comércio com os países europeus. Além disso, internamente, as estruturas sociais e as oligarquias permaneceram inalteradas.

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Exercício de fixação

UNESP/2013

Leia:

É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o Novo Mundo uma única nação com um único vínculo que ligue as partes entre si e com o todo. Já que tem uma só origem, uma só língua, mesmos costumes e uma só religião, deveria, por conseguinte, ter um só governo que confederasse os diferentes Estados que haverão de se formar; mas tal não é possível, porque climas remotos, situações diversas, interesses opostos e caracteres dessemelhantes dividem a América.

(Simón Bolívar. Carta da Jamaica [06.09.1815]. In: Simón Bolívar: política, 1983)

O texto foi escrito durante as lutas de independência na América Hispânica. Podemos dizer que:

A ao contrário do que afirma na carta, Bolívar não aceitou a diversidade americana e, em sua ação política e militar, reagiu à iniciativa autonomista do Brasil.

B ao contrário do que afirma na carta, Bolívar combateu as propostas de independência e unidade da América e se empenhou na manutenção de sua condição de colônia espanhola.

C conforme afirma na carta, Bolívar defendeu a unidade americana e se esforçou para que a América Hispânica se associasse ao Brasil na luta contra a hegemonia norte-americana no continente.

D conforme afirma na carta, Bolívar aceitou a diversidade geográfica e política do continente, mas tentou submeter o Brasil à força militar hispano-americana.

E conforme afirma na carta, Bolívar declarou diversas vezes seu sonho de unidade americana, mas, em sua ação política e militar, reconheceu que as diferenças internas eram insuperáveis.