O que e filosofia e o que ela estuda

Filosofia trata da arte de pensar, refletir, buscar soluções para as grandes questões que se apresentam à humanidade.

É uma das ciências mais antigas de que se tem notícia. Começou com Tales de Mileto, na Grécia, há mais de 2.500 anos.

Desde então, os estudos filosóficos se expandiram sem esquecer suas origens. Hoje a Filosofia atravessa quase todas das áreas de conhecimento, das conhecidas ciências humanas à matemática, computação e até medicina.

Por isso, se você está pensando em fazer Filosofia, prepare-se: há muito o que aprender!

Quer saber mais? Descubra a seguir o que se estuda em Filosofia e onde encontrar boas faculdades para fazer seu curso!

Os diferentes cursos de Filosofia

Antes de saber o que se estuda em Filosofia é importante entender como funciona o curso.

Filosofia tem dois tipos de formação: o bacharelado e a licenciatura, ambos com quatro anos de duração.

Há diferenças no que se estuda em cada um deles.

O bacharelado traz mais disciplinas voltadas ao exercício da Filosofia clássica e contemporânea. É uma formação voltada para quem quer trabalhar, por exemplo, com pesquisa científica, produção editorial, museus, centros culturais, etc.

A licenciatura mescla conhecimentos da Filosofia e da Pedagogia porque o grande objetivo é formar professores que irão atuar em escolas de ensino fundamental e médio da rede de ensino pública e privada.

Apesar das diferenças, o bacharelado e a licenciatura têm muitas e muitas disciplinas em comum. Veja quais são no próximo tópico!

O que se estuda em Filosofia

O curso de Filosofia procura desenvolver nos estudantes um estilo diferente de pensar e articular consciência crítica a respeito dos principais temas da área: razão, realidades sociais, cultura, história, conhecimento, política.

Trata-se de uma graduação bastante analítica, teórica, que demanda do aluno um ritmo intenso de leituras, discussões e produção de textos, algumas vezes em língua estrangeira.

Os grandes temas vistos no curso de Filosofia são:

  • História da Filosofia
  • Teoria do Conhecimento
  • Ética
  • Lógica
  • Problemas Metafísicos
  • Filosofia Política
  • Filosofia da Ciência (Epistemologia)
  • Estética
  • Filosofia da Linguagem
  • Filosofia da Mente
  • Filosofia da Religião
  • Antropologia Filosófica
  • Filosofia Antiga
  • Filosofia Medieval
  • Filosofia Moderna
  • Filosofia Contemporânea
  • Cultura Brasileira
  • História do Pensamento
  • Produção Temática em Filosofia
  • Filosofia da Arte
  • Cidadania e Democracia
  • Direitos Civis, Humanos, Políticos e Sociais
  • Relação do ser humano com o ambiente
  • Racionalismo moderno
  • Natureza do conhecimento
  • Existencialismo
  • Teoria do Estado e Natureza

Além de quase tudo isso, nos cursos de licenciatura ainda temos:

  • Metodologia de Pesquisa
  • Didática
  • Legislação da Educação Básica
  • Políticas Educacionais
  • Psicologia da Educação
  • Docência em Filosofia
  • Prática de Ensino em Filosofia
  • Avaliação Educacional
  • Metodologia de Ensino em Filosofia

Esse é o núcleo comum de disciplinas que a maioria das faculdades usa como referência. Mas, dependendo da instituição, elas podem variar e se expandir bastante. Vale a pena dar uma conferida na grade curricular do local onde você gostaria de fazer seu curso de Filosofia.

O que se estuda no curso de Filosofia a distância

Os cursos de Filosofia a distância têm uma grade curricular muito parecida com a dos cursos presenciais.

Nesse sentido, não muda quase nada.

O que muda é a forma de estudar. Nos cursos a distância os alunos podem acompanhar quase tudo remotamente, pela internet, em casa ou em qualquer outro lugar conectado à internet.

O aluno EAD precisa estudar tanto quanto na graduação presencial. A diferença é que isso é feito por intermédio de tecnologias como aulas em vídeo, livros digitais e ferramentas de troca de ideias entre alunos e professores.

Esse modelo é reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), tem diploma válido e é uma boa para quem tem um dia a dia puxado e precisa estudar com mais flexibilidade ? sem falar na economia de tempo e dinheiro!

Onde estudar Filosofia

No Brasil, temos mais de 230 faculdades de Filosofia.

A maioria delas ? cerca de 150 ? oferece o curso de licenciatura. Os bacharelados estão presentes em 83 instituições.

Os números de alunos matriculados são bem diferentes. Enquanto os bacharelados contam com pouco mais de 7 mil alunos, as licenciaturas já ultrapassam os 20 mil.

Filosofia é um curso imprescindível para ajudar a entender o momento atual no Brasil e no mundo: como podemos destrinchar a ascensão das forças conservadoras, a propagação de notícias falsas (fake news), as tecnologias, as redes sociais, as tendências para o futuro próximo, o capitalismo e muito mais?

Para se dar bem numa área tão intelectualizada e tão concorrida é preciso dominar as bases filosóficas, concatenar fatos e saber apresentar ideias.

Por isso, uma boa faculdade é essencial para quem quer fazer bonito no mundo da Filosofia.

E uma boa faculdade nem sempre é a mais cara.

Há algumas alternativas bem interessantes de cursos de Filosofia a distância que custam cerca de R$ 250 por mês. Para quem prefere estudar presencialmente, há opções a partir de R$ 650 mensais.

Cara ou barata, o importante é que a faculdade escolhida seja reconhecida e bem avaliada pelo MEC ? isso sim vai fazer a diferença na hora de conquistar seu espaço no mercado de trabalho.

Abaixo, a gente separou algumas boas faculdades onde você pode estudar Filosofia com a tranquilidade de quem sabe que terá um diploma valorizado pelo mercado de trabalho depois que terminar o curso. Conheça:

Veja também:

Descubra quanto ganha um filósofo

O que achou das matérias do curso de Filosofia? Está dentro do que você esperava? Conte para a gente nos comentários!

Podemos dizer que a filosofia tem, aproximadamente, 2600 anos de existência se considerarmos apenas a tradição filosófica ocidental, de origem grega. Se considerarmos a filosofia oriental, que é um pouco diferente da ocidental, temos um saber ainda mais antigo, que pode atingir mais de 5 mil anos de existência, levando-se em conta a filosofia zen budista ou a filosofia hinduísta.

O que importa é que a filosofia representa um tipo de conhecimento ordenado que visa a superar o senso comum e chegar a um resultado cognitivo mais ordenado e confiável. É por essa característica elementar da filosofia que podemos nomeá-la como ancestral da ciência.

Leia também: Como estudar Filosofia para o Enem  

Etimologia da palavra filosofia

A palavra filosofia foi criada no idioma grego antigo, sendo escrita φιλοσοφία, de onde φιλο (filo ou philos) significa “amigo” e σοφία (sofia ou sophia) significa (sabedoria). O filósofo é, portanto, um “amigo da sabedoria”. O termo, segundo Aristóteles, foi utilizado pela primeira vez pelo filósofo e matemático antigo Pitágoras de Samos para referir-se ao que ele e os seus sectários pitagóricos faziam.

O que e filosofia e o que ela estuda
A filosofia é um conhecimento milenar que se manifestou de diversas maneiras ao longo da história, tendo sua origem na Grécia Antiga.

Conceito de filosofia

A filosofia pode ser construída com base em problemas (problemas filosóficos). Dentro dessa visão, as perguntas expressam os problemas filosóficos. Perguntas que buscam a essência (o que é?) e a causa (por que é?) são as bases da filosofia. Sendo assim, a própria pergunta “o que é a filosofia?” é um problema filosófico.

O livro Filosofando: introdução à filosofia, de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, alega que não existe filosofia, mas filosofias. Não podemos reduzir a filosofia a um único conceito, mas devemos atentar-nos para a diversidade de significados que a filosofia pode apresentar. Se pegarmos, por exemplo, a divisão entre filosofia ocidental (tradição surgida na Grécia) e filosofia oriental (na verdade não é uma vertente filosófica, mas um conjunto de ideias antigas) já podemos entender como a filosofia é diversa e ampla.

O que se chama de filosofia oriental é um conjunto de doutrinas de vida, de modos de viver, sendo algumas delas espiritualistas. O que se chama filosofia no Ocidente começou com o esforço dos gregos antigos por superar a visão mitológica como forma de explicar o mundo. Eles buscavam uma visão racional, baseada em uma boa argumentação e que buscava um sentido lógico no que se afirmava.

O que e filosofia e o que ela estuda
A cidade de Mileto foi o berço da filosofia ocidental.

Após o início da tradição grega, a filosofia perdurou e passou por inúmeras transformações e adaptações ao longo do tempo. Com a queda do Império Macedônico e a ascensão do Império Romano, as tradições filosóficas gregas foram adaptando-se a um novo estilo de vida.

No século II d.C., novas interpretações sobre a filosofia grega de Platão apareceram, e isso resultou nas bases para o início da filosofia cristã. Os primeiros pensadores cristãos do chamado período patrístico da filosofia, como Santo Agostinho, trouxeram para o exercício filosófico a questão da iluminação divina.

É possível perceber que a filosofia mantém uma plasticidade que a permite adaptar-se aos problemas de cada período histórico. Além disso, a filosofia divide-se em temas específicos, como ética, política, lógica, metafísica etc. Isso provoca uma maior diversificação do que pode ser entendido como filosofia.

Para além das possíveis diferenças e tentando chegar a um consenso sobre o que a filosofia é, podemos dizer que ela é uma fundamentação teórica, racional, que busca pautar-se, pela lógica, na construção de um pensamento embasado. Também pode ser um conjunto de pensamentos e estruturas que fundamentem uma ciência, com é o caso da filosofia do direito, da filosofia da educação, da filosofia da matemática ou da filosofia da ciência.

É consenso quase unânime entre os filósofos, no entanto, que a filosofia não é, em si, uma ciência. Enquanto conjunto de pensamentos organizados, a filosofia foi a primeira estrutura que abriu as portas para preparar o ser humano para o conhecimento científico que se estabeleceu de vez após o século XVI.

Veja também: Jean-Paul Sartre – importante filósofo existencialista do século XX

Para que serve a filosofia?

O filósofo francês contemporâneo Gilles Deleuze afirmou que a pergunta “para que serve a filosofia?” pretende-se, muitas vezes, uma pergunta irônica e que deve ser respondida à altura. Para Deleuze, a filosofia não apresenta uma utilidade visível em um mundo capitalista produtivista. Essa mesma visão está presente no livro introdutório Convite à filosofia, da filósofa brasileira Marilena Chaui.

Para a professora emérita da USP, a filosofia não tem utilidade em um mundo que se curva inteiramente ao capital e apenas dá valor àquilo que se apresenta com efeito prático e imediato no mundo. Desse modo, em nosso mundo, só tem valor o objeto, o que é visto, o que existe na prática. A filosofia, que lida com conceitos, com pensamentos e com a problematização, não tem utilidade nesse mundo, e, segundo Chaui, a filosofia orgulha-se disso.

Apesar das acusações de a filosofia ser inútil (e realmente ser sob o ponto de vista apresentado), encontramos a utilidade do pensamento filosófico:

  • na potencialidade que ele traz para o conhecimento;
  • na possibilidade de conhecer-se o mundo e de estabelecer-se padrões para levar à prova o conhecimento obtido;
  • na possibilidade de fazer-se avançar a ciência;
  • na possibilidade de estabelecer-se fundamentos racionais e objetivos para entender-se a ética e a política;
  • na possibilidade da superação do senso comum e da mediocridade do pensamento comum.

A filosofia possibilita o salto para além do óbvio e que permite também entender o óbvio de maneira mais profunda. Ela é feita de problemas, de perguntas, e serve de estímulo ao pensamento.

Origem da filosofia

O que e filosofia e o que ela estuda
Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo. [1]

A tradição filosófica ocidental teve sua origem na Grécia Antiga. Supõe-se que foi Tales de Mileto o primeiro filósofo. O pensador, que viveu entre 625 a.C. e 545 a.C., foi um viajante, comerciante, matemático e astrônomo. Em suas viagens, ele teve contato com a engenharia egípcia, com a matemática egípcia e arábica, e com a astronomia persa.

Conta-se que o filósofo teria formulado o teorema de Tales com base em uma viagem ao Egito e em muita observação das pirâmides. Conta-se também que ele teria explicado as enchentes periódicas do rio Nilo, antes explicadas de maneira religiosa e mitológica. Também diz-se que Tales teria previsto um eclipse solar por volta do ano de 585 a.C. utilizando apenas seus conhecimentos astronômicos e matemáticos. Os historiadores especulam que esse período seria o de maturidade intelectual do filósofo e o provável momento de nascimento da filosofia. 

Tales era habitante da cidade de Mileto, na região então compreendida como Jônia, composição da chamada Ásia Menor. A filosofia nasceu e floresceu no local, sendo que os primeiros herdeiros do pensamento de Tales foram Anaximandro e Anaxímenes, também habitantes de Mileto.

A partir de então, a filosofia foi sendo construída e modificada por todo pensador que se dedicou a conhecer o mundo e sua origem de maneira mais ordenada e racional. Apesar das diferenças dentro dele, esse primeiro movimento filosófico tinha um assunto em comum: a cosmologia.

A cosmologia dos primeiros filósofos foi o esforço de compreender-se a verdadeira origem do Universo. A palavra cosmologia significa, em tradução direta, estudo do Universo, e ela veio concorrer com a cosmogonia da mitologia dos antigos gregos. Cosmogonia significa, também em tradução direta, gênese (ou criação) do Universo.

Cosmogonias são visões míticas que apresentam uma narrativa de origem do Universo atrelada a algum ou alguns seres ou entidades sobrenaturais. No caso da mitologia grega, o surgimento do Universo estava ligado aos titãs e deuses gregos. A visão dos primeiros filósofos era contraposta à visão mitológica, pois ela enxergava que a origem não estava nos deuses e deusas, nem em qualquer entidade sobrenatural, mas na própria natureza.

Muito se especula sobre o porquê da origem da filosofia ser na Grécia, e, de fato, muitos foram os fatores que possibilitaram o florescimento de um pensamento tão original. Os orientais já faziam uma sistematização de conhecimentos que podemos chamar de filosofia, e isso foi passado para os gregos pelo contato com os persas. No entanto, o que os gregos fizeram com o conhecimento filosófico foi além do que os orientais faziam.

Isso evidencia que foi fator marcante o cosmopolitismo das colônias gregas possibilitado por serem um lugar privilegiado na região do mar Mediterrâneo, lugar de encontro de vários povos e várias culturas. Dois outros motivos de tal cosmopolitismo eram o comércio e a utilização de moeda, o que aumentava o fluxo de pessoas nas cidades. Também podemos eleger como fator central a democracia que surgia em Atenas e ecoava em outras cidades gregas, pois a democracia estimulava o livre debate de ideias, algo essencial para a existência da filosofia.

Acesse também: Positivismo – teoria filosófica que defendia o progresso baseado nos avanços científicos       

Filosofia de vida

A expressão “filosofia de vida” não necessariamente compreende uma área de estudo da filosofia. O significado da expressão é bem comum e corriqueiro: chama-se filosofia de vida, basicamente, o modo como se vive e as aspirações que uma pessoa leva para sua vida.

Crédito da imagem

[1] Naci Yavuz / Shutterstock