O que é comparação objetiva

O texto descritivo é aquele que apresenta uma enumeração de características de algum objeto ou fenômeno observado. Essa enumeração pode se basear numa análise objetiva, em que se  prioriza aspectos externos e visuais, ou numa análise subjetiva, que enumera sensações e emoções que tais características provocam. A linguagem descritiva prioriza os qualificadores, como adjetivos e advérbios, e pouco utiliza os verbos de ação, preferindo os que significam estados.

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O que é um texto descritivo?

A descrição é uma categoria da tipologia textual. O texto descritivo é aquele que faz uma apresentação geral de um objeto ou fenômeno por meio da enumeração de características mais evidentes, capazes de fornecer uma imagem mental para o leitor.

Quando vamos comprar um produto, durante a análise das opções, é comum analisarmos as funções e habilidades, em geral apresentadas em fichas de descrição. Esses textos são essenciais para o cliente comparar os modelos e fazer a escolha mais adequada à sua necessidade. Se o cliente está buscando um celular, por exemplo, as informações da ficha podem indicar: cor, tamanho, peso, memória interna, memória ram, quantidade e qualidade das câmeras, aplicativos disponíveis etc.

A descrição também pode ser encontrada em textos narrativos, quando o narrador deseja apresentar uma cena, um personagem ou um acontecimento, por meio da enumeração de características presentes no elemento observado.

Nesses casos, pode haver uma descrição objetiva ou subjetiva. Se o narrador descreve uma cena, apresentando características visuais (cor, textura, tamanho etc.), a descrição é objetiva. Exemplo: O céu era laranja e vermelho.

Nos casos em que se prioriza as sensações, a descrição é subjetiva. Exemplo: Pensava naquele momento e em como queria sair dele, ao mesmo tempo outra parte da sua cabeça angustiava-se em descobrir as horas.

Nas duas possibilidades, o ponto comum é a enumeração de características de um determinado objeto em análise. Portanto, pode-se concluir que a descrição é o ato de apresentar características de algo, com intuito de fornecer uma visão geral sobre ele, por meio da enumeração de algum dos seus aspectos.

Tipos de descrição 

Os textos autobiográficos costumam usar a descrição para apresentar os cenários da vida do autor.

Como mencionado, a descrição pode dividir-se em: objetiva e subjetiva. A descrição objetiva prioriza os aspectos externos ou visuais do elemento observado. Assim, nessa tipologia, é comum que características visuais estejam em evidência, como a cor, o tamanho, a forma etc.
Exemplo:

O celular pesa 235 gramas, distribuídas entre os 5 cm de altura, 3 cm de largura e 0,5 mm de profundidade, que garantem praticidade, leveza e glamour ao aparelho.
Outra possibilidade é a da descrição subjetiva, nela as características não são necessariamente visuais, pois podem expressar sensações, emoções ou até impressões a respeito de algo. Nesses casos, os aspectos enumerados variam com o conteúdo subjetivo.

Exemplo:

Quando cheguei ao local, fiquei perplexo com a cena, meu corpo ficou gelado, meus membros pareciam pesar toneladas, meus olhos, estalados e fixos em descrença, tudo parecia ter desaparecido e perdido o sentido, era só eu e aquele horror.

Características e estrutura do texto descritivo

O texto descritivo se carateriza por uma ausência de verbos e excesso de adjetivos e advérbios. Ao contrário da narração, a descrição prioriza a cena estática e ignora as ações. Sendo assim, os verbos deixam de ter importância e são utilizados somente quando realmente necessário, priorizando-se os verbos de estado.

Além disso, por sua função de representação de uma imagem ou de uma sensação subjetiva, utiliza-se muitos adjetivos, advérbios e outros qualificadores, responsáveis por caracterizar e reproduzir o objeto ou fenômeno observado.

Outro aspecto presente nos textos descritivos é a comparação. Em alguns casos, ela é utilizada como mais uma ferramenta de adjetivação do objeto descrito, servindo para melhorar a construção da imagem, na medida em que fornece exemplos já existentes como formas semelhantes do que está sendo tratado.

Semanticamente, o texto descritivo se divide em dois grandes blocos principais: o que se descreve e como se descreve. Sendo assim, essas produções precisam contemplar os dois objetivos para que a descrição seja satisfatória.

Veja também: Resenha – gênero textual com caráter descritivo

Como se escreve um texto descritivo?

Segue uma lista de aspectos importantes de serem considerados na construção de um texto descritivo:

  • Analise o gênero: a descrição nunca será utilizada fora de um gênero textual, e o gênero fornece outras informações relevantes, como a função do texto e o público-alvo. Considerando tais aspectos, será mais produtivo escolher quais características serão apresentadas e de qual forma, a fim de contemplar o objetivo do texto.
  • Observe com atenção: toda descrição pressupõe um trabalho de contemplação, de observação do objeto ou fenômeno que será descrito. Nesse sentido, antes mesmo de produzir o texto, é necessário listar quais características observadas são pertinentes a ele.
  • Construa um texto: considerando todos os aspectos anteriores, pode-se partir para a produção do texto. A depender do objetivo e do efeito desejado, o autor pode optar por primeiro informar “o que se descreve” e depois inserir as caraterísticas, ou pode começar com as descrições e revelar, depois, o objeto analisado.

Exemplos de texto descritivo

Ao longo deste texto, identificou-se que o texto descritivo se adapta a diferentes situações, funções e estruturas. A seguir, alguns exemplos com diferentes modos de aplicar a descrição.

Descrição literária:

“Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão têm uma velha ferrugem e o trinco se oculta num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas palmas, tinhorões e samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.”

(Vinicius de Morais)

Descrição não literária objetiva:

Alugo casa nova no bairro X. O imóvel recém-reformado contém 6 cômodos, sendo 2 quartos, 1 com suíte, 1 cozinha, 1 sala de jantar, 1 sala de televisão e mais 1 banheiro. Além disso, possui quintal e garagem coberta.

A descrição é a tipologia textual cuja função é caracterizar seres e objetos. Ela é fundamental para a comunicação humana, pois é por meio das descrições que se definem ou se especificam os diversos elementos do mundo. Diversos gêneros textuais, tais quais o romance, a novela, a notícia, entre outros, têm trechos descritivos como fundamentais em suas estruturas. De certa forma, é possível dizer que existem dois tipos de descrição: a objetiva e a subjetiva.

Características da descrição objetiva

  • Pode ser definida como aquela que representa a realidade tal qual ela é, ou seja, sem a influência dos sentimentos ou pensamentos daquele que escreve.

  • O movimento literário Realismo é famoso por ter como uma de suas bandeiras a exaltação das descrições objetivas.

  • Em diversos textos do cotidiano — tais como as “especificações técnicas de um produto” ou ainda o “memorial descritivo do contrato de locação de imóvel” —, é necessário o uso de descrições objetivas.

  • Normalmente, uma descrição que se pretende objetiva costuma evitar o uso da primeira pessoa do discurso.

Características da descrição subjetiva

  • Pode ser definida como aquela em que as opiniões, perspectivas e sentimentos do autor interferem explicitamente no processo descritivo.

  • Um movimento literário que exaltava as descrições subjetivas foi o Romantismo.

  • No dia a dia, produzimos diversas descrições subjetivas, quando, por exemplo, explicamos o gosto de uma comida de que gostamos muito: “Esse sanduíche é um aconchego para minha barriga!”

  • O uso da primeira pessoa do singular, representado pelo pronome “eu”, é comum em textos cujas descrições tendem a ser subjetivas.

Leia também: Como escrever um texto narrativo?

Exemplos

Veja, a seguir, exemplos de trechos descritivos objetivos e subjetivos:

O Instituto Inhotim começou a ser idealizado pelo empresário mineiro Bernardo de Mello Paz a partir de meados da década de 1980. A propriedade privada se transformou com o tempo, tornando-se um lugar singular, com um dos mais relevantes acervos de arte contemporânea do mundo e uma coleção botânica que reúne espécies raras e de todos os continentes. Os acervos são mobilizados para o desenvolvimento de atividades educativas e sociais para públicos de faixas etárias distintas. O Inhotim, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), tem construído ainda diversas áreas de interlocução com a comunidade de seu entorno. Com atuação multidisciplinar, o Inhotim se consolida, a cada dia, como um agente propulsor do desenvolvimento humano sustentável.

(Instituto Inhotim)

Nesse texto, é possível identificar uma função principal: descrever o que é o Instituto Inhotim. Para isso, o autor não redigiu suas impressões sobre o lugar, mas sim apresentou fatos concretos sobre o espaço. Isso é perceptível em trechos como “[um lugar] com um dos mais relevantes acervos de arte contemporânea do mundo e uma coleção botânica que reúne espécies raras e de todos os continentes”.

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Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.

Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a ideia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta.

In: GUIMARÃES, R. A terceira margem do rio.

No início do conto de Guimarães Rosa, é possível encontrar a descrição do pai do narrador, assim como da atitude que esse havia tomado: construir um barco. A visão que o filho tem do pai é marcada pela memória afetiva pessoal e da comunidade que vivia — “Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação.”

Aproveite para conferir nossa videoaula relacionada ao assunto:

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