Como os europeus contribuíram para a dizimação de povos indígenas na América do norte

A população indígena no Brasil representa um grande contingente de povos indígenas que, ao longo dos anos, sofreu um considerável decréscimo, seja por extermínio, seja por doenças trazidas pelos colonizadores. Esses povos já habitavam o território brasileiro muito antes da chegada dos portugueses e estão distribuídos nas cinco regiões do país. Muitos povos já entraram em contato com os costumes não indígenas, contudo, alguns grupos ainda vivem isolados.

Leia também: Portugueses e indígenas: encontro ou desencontro de culturas?

Povos indígenas no Brasil

A Constituição Federal do Brasil de 1824 não contemplava a existência dos povos indígenas, considerando, assim, que a sociedade brasileira era homogênea. Já a Constituição Federal de 1988 passou a considerar a pluralidade étnica como direito, evidenciando a questão da proteção às comunidades indígenas e estabelecendo prazo para que suas terras fossem demarcadas.

Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio, sendo, portanto, o órgão federal responsável pela política indigenista. Já em 1967, foi criado a Fundação Nacional do Índio (Funai), cuja função está relacionada à delimitação, à demarcação, à regularização e ao registro das terras indígenas. É também de responsabilidade do órgão coordenar e implementar as políticas de proteção aos povos indígenas.

A população indígena no país sofreu um enorme decréscimo, entre o século XVI e o século XX, passando de milhões para a casa dos milhares. Extermínios, epidemias e também escravidão foram os principais motivos dessa redução. Foi após a década de 80 que esse cenário mudou e a população indígena voltou a aumentar. De acordo com o Instituto Socioambiental, os povos indígenas têm crescido em média 3,5% ao ano.

Então, a partir disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística passou a incluir os povos indígenas no censo demográfico. Segundo a Funai, a população indígena cresceu cerca de 150% na década de 90 devido ao aumento de pessoas autodeclaradas indígenas. O censo demográfico levou em consideração o pertencimento étnico, as línguas faladas e a localização geográfica, considerando também a população indígena residente fora das terras indígenas.

Saiba mais: Povos indígenas no Brasil

Esses povos têm sofrido, de acordo com a Funai, diversas transformações sociais, necessitando buscar alternativas para sobreviverem física e culturalmente mediante às influências sofridas pelo restante da sociedade nacional. Seus territórios têm sofrido diversas invasões, muitos indígenas sofrem exploração sexual e exploração do trabalho, inclusive o infantil. Muitos indígenas que saem de suas terras passam a viver em situação de miséria e marginalizados nas grandes cidades.

Segundo relatório da ONU, os povos indígenas têm enfrentado discriminação e negação dos seus direitos especialmente associados às mudanças no cenário político. Em 2007, 92 indígenas foram assassinados, aumentando para 138 o número em 2014. O estado do Mato Grosso do Sul é o que apresenta o maior número de assassinatos.

Povos indígenas no Brasil em 1500

Como os europeus contribuíram para a dizimação de povos indígenas na América do norte

Os povos indígenas habitam o território brasileiro muito antes de sua descoberta.

Segundo dados publicados pela Funai, a população indígena em 1500 era de aproximadamente 3.000.000 habitantes divididos entre 1.000 povos diferentes, sendo que aproximadamente 2.000.000 estavam estabelecidos no litoral do país e 1.000.000 no interior.

Em 1650, esse número caiu para cerca de 700.000 indígenas, chegando a 70.000 em 1957. De acordo com Darcy Ribeiro, um antropólogo brasileiro conhecido por estudar os índios, cerca de 80 povos indígenas desapareceram no Brasil no século XX.

Saiba também: Dia internacional dos povos indígenas

Povos indígenas atualmente

O censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE constatou que atualmente há no Brasil cerca de 817.963 indígenas. Desse total, 502.783 encontram-se na zona rural e 315.180 habitam os centros urbanos. O censo também identificou, em parceria com a Funai, 505 terras indígenas, representando 12,5% do território brasileiro. Desse total de terras, em apenas dez apresentam uma população indígena maior que 10.000 habitantes.

Outras constatações do censo a respeito da população indígena foram:

  • Há mais mulheres nas áreas urbanas e mais homens na zona rural;

  • São altas as taxas de fecundidade e mortalidade nas comunidades indígenas;

  • Os indígenas que habitam fora de suas terras apresentam baixa taxa de fecundidade e mortalidade;

  • Apesar de ter melhorado a taxa de alfabetização, as comunidades ainda apresentam nível educacional baixo quando comparadas à população não indígena;

  • Na zona rural, aproximadamente 38,4% das crianças indígenas não possuíam certidão de nascimento;

  • 52,9% dos indígenas não possuíam nenhum tipo de renda.

O censo demográfico também permitiu averiguar as áreas de maior concentração indígena. A região Norte do país é a que possui maior contingente, com mais de 300.000 indígenas. A região Sul é a que apresenta menor número de povos indígenas no país, concentrando um pouco mais de 70.000. Veja no gráfico a seguir.

→ Gráfico da população indígena por região no Brasil

Na Região Norte, o estado de maior concentração indígena é o Amazonas; na região Nordeste, o estado da Bahia; na região Centro-Oeste, o estado do Mato Grosso do Sul; na região Sudeste, o estado de São Paulo e na região Sul, o estado do Rio Grande do Sul.

Etnias indígenas no Brasil

Como os europeus contribuíram para a dizimação de povos indígenas na América do norte

O Brasil possui 305 etnias espalhadas por todas as regiões do país.

O censo demográfico de 2010 divulgou a existência de 305 etnias diferentes no Brasil e 274 línguas indígenas (com exceção das línguas originárias de outros países). A etnia com o maior número de indígenas é a etnia Tikúna, com cerca de 46 mil índios.

Saiba mais: O canibalismo entre os índios tupinambás

Veja algumas etnias e suas populações, segundo o IBGE:

Nome da etnia

População

Tikúna

46045

Guarani Kaiowá

43401

Kaingang

37470

Macuxí

28912

Terena

28845

Tenetehara

24428

Yanomámi

21982

Potiguara

20554

Xavante

19259

Pataxó

13588

Ouça este artigo:

O termo genocídio indígena, quando associado aos EUA, diz respeito à diminuição da população nativa da América do Norte nos primeiros séculos da Era Moderna, provocada de maneira artificial pelos descendentes de europeus.

Conteúdo deste artigo

  • Mortes pelas armas e por doenças
  • Os Sioux
  • Consequências

O genocídio indígena no continente americano em geral começou pouco após a chegada dos europeus, ao final do século XV. Tratava-se de uma operação não sistemática e, em grande medida, não planejada, que diminuía – de forma intencional ou não – a capacidade de resistência indígena aos avanços territoriais dos europeus. Exemplos disso são o massacre de comunidades inteiras por meio da ação de exércitos ou por meio de doenças para as quais as populações nativas não tinham resistência, como a varíola, o sarampo ou mesmo uma simples gripe comum. Mais tarde, quando percebeu-se tal fraqueza, os europeus começaram a contaminar os indígenas de forma proposital, fornecendo-lhes objetos como cobertores já previamente infectados.

Como os europeus contribuíram para a dizimação de povos indígenas na América do norte

Grupo de índios Sioux, 1877.

Embora as mortes por meio militar ou viral tenham sido as primeiras, não seriam as únicas a serem utilizadas enquanto o território correspondente aos atuais EUA era ocupado. Com o passar do tempo, os descendentes de europeus desenvolviam técnicas mais sofisticadas para forçar o deslocamento dos povos nativos para longe das terras desejadas, tais como a destruição proposital do habitat natural e a matança aos animais que serviam como fonte de sustento alimentar, como o bisonte. Incêndios e confrontos entre diferentes tribos também eram provocados, além do incentivo do uso de álcool (o qual os indígenas muitas vezes não conseguem decompor em seu organismo) e esterilização forçada.

Os Sioux

Um caso específico que ilustra bem o processo de genocídio indígena está no ocorrido com o povo sioux. Um grupo que vivia nas terras do oeste americano e tinham a cultura baseada em uma comunhão com a natureza, em especial com os búfalos, os sioux puderam viver em relativa paz até o início do século XIX, quando os colonos iniciaram a expansão em direção à região. Na década de 1830, os nativos foram oficialmente empurrados pelo governo para viver a oeste do rio Mississippi. Pouco depois, entretanto, a guerra contra o México e a descoberta de ouro na região praticamente nulificou tal decisão, restringindo o território dos sioux à região das Montanhas Rochosas.

No início da década de 1860, porém, nova reserva de ouro foi localizada ali, iniciando hostilidades militares. Em 1864, um massacre ordenado pelo coronel Chivington iniciou um confronto de guerrilha tão significativa que, apenas dois anos depois, o governo estadunidense teve que tentar negociar. Após outras escaramuças, os sioux, sob a liderança de Nuvem Vermelha, conseguiram direito a um grande território no estado da Dakota do Sul.

Logo na década seguinte, porém, um boato que existiriam ouro no território sioux causou novas disputas. O novo líder sioux, Touro Sentado, resolveu se afastar do território visado para garimpagem e voltar ao nomadismo tradicional, que era, contudo, terminantemente proibido pelo governo. Assim, os sioux passaram a ser perseguidos, perdendo todas as suas terras e sofrendo com massacres pontuais que culminaram na matança em Wounded Knee, em 1890, que vitimou dezenas de mulheres e crianças.

Como os europeus contribuíram para a dizimação de povos indígenas na América do norte

Chefe Touro Sentado, líder dos Sioux. Foto de David F. Barry, 1883.

Até hoje, o governo dos EUA não considera que os indígenas foram vítimas de genocídio, muito embora sua população tenha diminuído de cerca de 2 milhões, no século XVI, até aproximadamente 250.000, nos dias atuais. Em alguns estados americanos, como no Novo México, não celebram mais o Dia de Cristóvão Colombo em 14 de outubro, substituindo-o por celebrações relacionadas aos indígenas.

Bibliografia

https://jornalggn.com.br/historia/o-assassinato-em-massa-dos-povos-indigenas-americanos/

https://jus.com.br/artigos/18366/trail-of-tears-a-evolucao-do-direito-indigena-a-luz-dos-precedentes-da-suprema-corte-dos-estados-unidos

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/sioux-vitimas-genocidio.phtml

http://www.zonacurva.com.br/sioux-os-irmaos-do-norte/

https://www.britannica.com/topic/Wounded-Knee-Massacre

https://br.sputniknews.com/opiniao/2018081311945330-governo-dos-eua-nega-genocidio-indigena/

https://www.hypeness.com.br/2019/04/estados-dos-eua-troca-dia-de-cristovao-colombo-por-dia-dos-indigenas/