Como Nossos Pais Não quero lhe falar, meu grande amor Viver é melhor que sonhar Por isso, cuidado, meu bem Para abraçar meu irmão Você me pergunta pela minha paixão Já faz tempo, eu vi você na rua Minha dor é perceber Nossos ídolos ainda são os mesmos Você pode até dizer que eu estou por fora E hoje eu sei que quem me deu a ideia Minha dor é perceber Como nuestros padres No quiero hablar contigo mi gran amor Vivir es mejor que soñar Así que ten cuidado, querida abrazar a mi hermano me preguntas por mi pasión Ha pasado un tiempo, te vi por la calle mi dolor se está dando cuenta Nuestros ídolos siguen siendo los mismos Incluso puedes decir que estoy fuera del circuito Y hoy se que quien me dio la idea mi dolor se está dando cuenta
Belchior Um dos mais destacados integrantes de um grupo de artistas cearenses que, como foi dito, veio tentar a sorte no eixo Rio-São Paulo no início dos anos setenta é o cantor/compositor Belchior (Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenele Fernandes). Ex-universitário, que abandonou o curso de medicina para se dedicar à música, Belchior estrearia no Rio em 1971, ganhando o IV Festival Universitário de Música Popular Brasileira com a composição “Na hora do almoço”. Então, depois de um segundo êxito no ano seguinte (a canção “Mucuripe”, com Fagner), esperaria um bom tempo para chegar, com o elepê “Alucinação”, novamente às paradas de sucesso. Considerado por ele como “um disco de um nordestino na cidade grande”, este elepê lançou além do sucesso “Como nossos pais” (ouça adiante!), também gravado por Elis Regina (confira em ‘O tempo não apagou’), pelo menos mais duas composições fortes — “Apenas um rapaz latino americano” e “A palo seco” —, o que resultou numa vendagem de trinta mil cópias em um mês. Uma canção irônica e discursiva, “Como nossos pais” critica a acomodação dos jovens diante dos problemas da vida, que Belchior canta de forma agressiva com sua voz veemente: “Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo o que fizemos / ainda somos os mesmos e vivemos / (…) / ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais…”. Esta canção passou incólume, mas o autor teve que modificar outras músicas do disco para obter a aprovação da censura (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34). Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br/ Belchior(1976)X.X.X.X.X Como Nossos Pais Isaac Gabriel “Como nossos pais” foi composta por Belchior em 1976. Foi escrita em meio ao cenário conturbado da ditadura e faz uma crítica a censura das coisas mais banais, como reuniões, clubes, eventos públicos e namoros em público… A ditadura fez aniversário mês passado, seguido de “descomemorização” e remorso. Essa música mostra o estrago feito pela ditadura, e como ela impregnou a estagnação e a hipocrisia na mente das pessoas. Belchior expõe a posição dos jovens durante e depois do ocorrido, o perigo que corriam ao sair à noite pelas ruas afim de se divertirem, ou de pensarem de forma oposta ao governo. E como a juventude se perdeu e agora anda tão conservadora quanto os pais. Com relação a isso, a letra ainda é atual, pois os jovens de hoje ainda estão fardados a seguirem os passos dos pais. Nascem, crescem, estudam. Tornam-se adolescentes, estudando, e se formam. Agora adultos, vão para a faculdade, formam-se de novo. Arrumam um emprego e trabalham. Casamento, filhos, aposentadoria. E em toda a vida de muitas pessoas, nenhuma ideia nova foi posta em prática. Nenhum conceito novo. Nenhum projeto pessoal iniciado. Nenhum hábito antigo deixado pra trás. Nenhuma revolução feita. “Apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Mas ainda havia a esperança e o cultivo de ideias novas durante a ditadura, ainda havia um grito contido, pedindo por democracia. Prefiro a versão feita pela Elis Regina, acho mais legal (confira em ‘O tempo não apagou’). Extraído de http://www.tipoessa.com X.X.X.X.X PELO REPERTÓRIO: COMO NOSSOS PAIS Em 29/06/2012 Elis Regina foi uma reveladora de talentos. Um deles: Belchior, autor de “Como nossos pais”. Não foi a primeira música que ela gravou de Belchior, mas, com certeza, a mais cantada de todas. “Elis é absolutamente essencial na música popular brasileira. Faz parte da fundação da música brasileira contemporânea. Sempre teve uma intuição muito especial na escolha dos autores e das canções que ela própria faria, depois, pertencer em definitivo à história da música popular. Elis descobriu minha música e a reinventou”, disse o compositor. Belchior nasceu em Sobral, no Ceará. E em Fortaleza, conheceu Raimundo Fagner, que tinha vindo de Orós. Logo viraram parceiros. Como outros músicos, eram de turma conhecida como o “Pessoal do Ceará”. Depois, cada um tomou seu rumo. Belchior foi estudar medicina no Rio e Fagner, arquitetura em Brasília. Mas continuavam tentando a vida como músicos. Depois que a parceria “Mucuripe” venceu um festival de música em Brasília, Fagner juntou-se a Belchior no Rio. “Ele, Belchior e Cirino moravam num apartamento de quarto-e-sala. Um dia Fagner foi me procurar no Teatro da Praia” contou Ronaldo Bôscoli. “Estávamos fazendo um show da Elis. ’ Preciso conversar com você‘, foi logo me dizendo. Disse que tinha uma porção de músicas e que gostaria de incluir uma delas no show da Elis.” “Mucuripe” acabou entrando no roteiro e, no ano seguinte, foi gravada, por Elis. A música projetou os dois artistas. Ao longo de sua carreira, ela registraria outras músicas de Belchior e Fagner. “Eu estava numa gravação com Toquinho e Vinícius, Elis já me conhecia de nome e pediu que eu fosse à sua casa. Naturalmente eu insisti que aquela ida deveria ser na hora do jantar (risos) e ela generosamente me acolheu”, contou Belchior. Naquela noite, gravei todo o repertório que eu tinha composto até àquela altura – umas vinte canções. Ela pediu licença, subiu para seu estúdio particular, disse que ia ouvir sozinha as músicas e escolher as canções que ia gravar”, lembrou Belchior. E, na fita, estava “Como nossos pais”, uma canção com um tom de amargura e desilusão dos tempos da ditadura, que entraria no álbum “Falso Brilhante”, de 1976 (confira em ‘O tempo não apagou’). Extraído de http://www.maria-rita.com X.X.X.X.X Esta canção foi destaque em “Alucinação”, disco de 1976 de Belchior, mas versão mais conhecida foi registrada por Elis Regina em “Falso Brilhante” (1976) (confira em ‘O tempo não apagou’). A letra critica o comportamento dos jovens diante dos desafios enfrentados em busca de liberdade, amor e autonomia, demonstrando que as agruras da adolescência e a chegada da maturidade levam o idealismo para bem longe. Extraído de http://rollingstone.uol.com.br X.X.X.X.X Em 28 de outubro de 2016 Como nossos pais Trago ainda na memória a forte impressão provocada em mim pela primeira vez que prestei atenção à letra de “Como nossos pais”, de Belchior. Ouvi a canção em uma loja de discos na Praça da Sé, em São Paulo, no final dos anos 70. Por José Carlos Ruy Elis Regina imortalizou as canções como “Velha roupa colorida” e “Como nossos Pais”. Já a ouvira antes, em circunstância, digamos, incidental… Ali, na Praça da Sé, tantos anos passados, ouvi-a na voz de Elis Regina, que a gravou do LP “Alucinação” (1976) (confira em ‘O tempo não apagou’). Ainda não era jornalista – trabalhava aplicando questionários de pesquisa de opinião. E estava nos primeiros anos de minha militância partidária, ligado ao movimento negro pela atuação no Instituto Brasileiro de Estudos Africanistas dirigido pelo historiador Clóvis Moura. No momento em que ouvi a canção não sei para onde ia, o que estava fazendo por ali. Não tem importância. O que importa é a sensação profunda em mim que os versos “Que apesar de termos / Feito tudo, tudo, tudo / Tudo o que fizemos / Ainda somos os mesmos / E vivemos / Como os nossos pais” provocaram. Foi uma impressão vívida: a canção referia-se a nós que sendo jovens, pensávamos ter feito muito, tínhamos lutado para mudar hábitos e o jeito de viver e encarar a vida. Eram ainda repercussões da revolução do final dos anos 60 e a grande transformação que veio com ela. Mas não era uma mudança completa, como a canção obrigava a pensar e nós repetíamos, ainda, velhos hábitos que se pensava ter superado. Foi um forte vislumbre, em meu pensamento, desta verdade dialética: tudo muda mas a mudança nem sempre é completa e assim, muito do passado permanece sob novas formas. Ainda somos os mesmos / E vivemos / Como os nossos pais. Há um tom pessimista na canção. “Há perigo na esquina / Eles venceram e o sinal / Está fechado pra nós / Que somos jovens”. Mas o registro é fortemente otimista e a favor da vida e do progresso. Fala em “abraçar meu irmão / E beijar minha menina na rua / É que se fez o meu lábio / O meu braço e a minha voz”. “Vejo vir vindo no vento / O cheiro da nova estação / E eu sinto tudo na ferida viva / Do meu coração”. E termina com uma exortação: “Mas é você / Que ama o passado / E que não vê / Que o novo sempre vem”. Não é uma canção revolucionária no sentido convencional, e sua letra é um comentário sobre a vida que se vivia. Tudo era dominado pela ditadura militar, o sufoco era geral, e aquele canto apontava uma brecha de esperança. Com o registro esperto de que a mudança viria (o novo sempre vem!). Poderia não ser aquele novo desejado por todos mas, certamente, seria novo! Extraído de http://vermelho.org.br X.X.X.X.X “Os livros não são sinceros” e “é mais inteligente o livro ou a sabedoria?” são versos (de Carlinhos Brown e Marisa Monte, respectivamente) que evoluem dentro da perspectiva que questiona o poder grafocêntrico (da escrita) para a conservação e transmissão de conhecimento. Ou seja, o que a vida (empírica/real) ensina seria mais radicalmente promotor de modificações (para melhor viver) no sujeito, do que aquilo que se aprende com os livros: a atividade empírica versus a atividade intelectual. Por hora, importa pensar o sujeito de “Como nossos pais”, de Belchior, como alguém que reitera a relação simplicidade/sabedoria/verdade, ao negar a fala sobre o que aprendeu nos discos e valorizar o que viveu e aconteceu com ele (o sujeito). Ele fecha o livro (tapa os ouvidos) e vai para rua viver. Ele recusa a ficção e investe na verdade (na vida). Começa com uma negação – não aos discos e sim aos fatos empíricos – para afirmar seu canto. Afinal, para ele, a voz foi feita para abraçar e beijar. Há um desejo explícito de roçar a vida pela corporeidade/fisicalidade: a ferida viva é mais sincera. A voz de Elis Regina (na antológica gravação para o disco ‘Falso brilhante’, 1976) (confira em ‘O tempo não apagou’) entra antes do acompanhamento melódico. Quase no susto, o sujeito arrebata o ouvinte apontando que será a fala o foco da mensagem a ser transmitida. A simplicidade (iconizada pela viola que acompanhará a voz de Elis), representante do sertão (do interior, portanto), de onde o sujeito parece ter vindo, questiona a erudição (a cidade). A viola (algo) caipira do início dá espaço à guitarra: mas as duas precisam viver juntas. O sujeito vai ficar na cidade, mas deseja manter traços trazidos do outro lugar. Migrante, ele fica porque sente (vindo no vento) a chegada de boas novas: o novo sempre vem, embora o passado (sempre presente) impeça (ou tente impedir) o futuro. A acomodação naquilo que já se tem como certo é melhor do que as incertezas da novidade. O livro e o disco (tentativas de registros dos acontecimentos e de organização do pensamento) não dão conta de mostrar a verdade do sujeito. Daí a negação inicial. Ao cantar (e registrar isso, através da escuta do outro) ele reúne significantes que se perderiam com o tempo. Ele se encanta (se apaixona) por uma nova invenção: contar como viveu e o que aconteceu consigo. Ficção (sonho) e real (viver) se justapõem. Com o canto sendo menor do que a vida de qualquer pessoa, e o sujeito querendo contar a sua vida, ele cria um mega canto, com poucas repetições, sem dar conta da vida (ferida viva). Ele finda por aceitar o seu “engajamento fracassado”. Ele se dá conta de que “somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Os gestos de ruptura fracassam. Mas no canto a voz é o abraço que acolhe e protege, pois eterniza os irmãos. O real é incapturável. Os livros e os discos pinçam fragmentos: registram o que, se ficasse apenas no vocal, seria perdido. Extraído de http://365cancoes.blogspot.com.br X.X.X.X.X Como os nossos pais – Elis Regina Álbum ‘Falso Brilhante’ “Viver é melhor que sonhar” A discussão sempre presente na relação entre pais e filhos é a alma dessa canção. Quando somos jovens sempre achamos que nossos pais estão errados, que a educação que recebemos poderia ter sido melhor, porém quando crescemos e temos filhos repetimos o mesmo que nossos pais faziam conosco. É isso que Belchior quer mostrar na letra dessa bela música. Os versos “ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais” deixam tudo bem claro. Nós até mudamos, mas ainda vivemos do mesmo modo como os nossos pais viviam. Alem de tudo isso, Belchior também quer mostrar que o mundo pouco mudou. Por mais que as tentativas de mudanças fossem aplicadas, o modo como vemos o mundo é o mesmo. A opinião do professor Eliude A. Santos sobre a canção coloca uma análise ainda mais clara sobre a importância de sua letra. Segundo o professor, “Como os nossos pais é um hino à juventude que amadurece percebendo que o mundo é uma constante, porque é feito de homens que se acomodam e de outros que lutam por mudança”. Como nossos pais torna-se ainda mais bela com a interpretação de uma das melhores vozes que esse país já ouviu, ou seja, com Elis Regina interpretando a canção como uma verdadeira atriz que vive aquele momento, o entendimento da música se dá por completo (confira em ‘O tempo não apagou’). A canção lançada em 1976 entra como uma bela letra, uma excelente interpretação e um tema bastante interessante de se pensar. Extraído de https://musicasbrasileiras.wordpress.com Confira no "O Tempo não Apagou" Ver todas |